Cientistas identificam 1º supercondutor não convencional achado na natureza

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Em busca de materiais supercondutores capazes de conduzir eletricidade sem perda de energia, cientistas do Laboratório Nacional Ames, nos EUA, identificaram o primeiro supercondutor não convencional cuja composição química também pode ser encontrada na natureza. Com isso, a miassita se junta a outros três minerais encontrados na natureza com propriedade supercondutoras, porém quando cultivados em laboratório.

Supercondutores não convencionais são assim chamados, pois, mesmo conduzindo eletricidade sem resistência, não se encaixam na tradicional teoria de Bardeen, Cooper e Schrieffer (BCS), de 1957, que explica a supercondutividade em metais à base de níquel, chumbo e mercúrio.

A condutibilidade elétrica sem perda de energia ocorre nos supercondutores, segundo a BCS, porque seus elétrons conseguem ocupar o mesmo estado quântico e se mover em conjunto, permitindo que eles passem por uma confusão de átomos com maior facilidade.

A descoberta da miassita na natureza

O nome miassita deriva do rio Miass, nos montes Urais da Rússia.O nome miassita deriva do rio Miass, nos montes Urais da Rússia.Fonte:  Getty Images 

Em comunicado, o coautor Ruslan Prozorov, físico da Universidade Estadual de Iowa, explicou que a grande dificuldade em encontrar supercondutores na natureza é que a maioria desses elementos é composta e metais, que tendem a reagir com o oxigênio, e oxidam (perdem elétrons).

Com sua fórmula complexa (Rh17 S15), a miassita surpreendeu os pesquisadores. "Intuitivamente, você pensa que isso é algo produzido deliberadamente durante uma pesquisa focada e que não poderia existir na natureza", explica Prozorov, "só que existe". E o fato de poder ser sintetizada em laboratório, torna a miassita ainda mais rara.

Embora seja ingênuo supor que um pedaço de miassita achado na natureza tenha a pureza necessária para funcionar como um supercondutor não convencional, os seus compostos combinam exatamente elementos de ponto de fusão muito alto (ródio) e elementos voláteis (enxofre).

Foram introduzidos defeitos para testar a sensibilidade da miassita.Foram introduzidos defeitos para testar a sensibilidade da miassita.Fonte: Hyunsoo Kim et al.

Para testar a natureza da supercondutividade da miassita, foram feitos três testes diferentes, sendo o principal a chamada “profundidade de penetração de Londres”, que mostra até que ponto um campo magnético fraco pode penetrar na superfície do supercondutor. Esse comprimento é constante a baixas temperaturas em supercondutores convencionais, mas varia nos não convencionais. E foi o que ocorreu com a miassita.

Em outro teste, a equipe introduziu defeitos na estrutura cristalina do material, pois os supercondutores não convencionais têm alta sensibilidade a defeitos, que alteram e até suprimem sua temperatura crítica. Também aqui a miassita passou no teste, e se comportou conforme previsto para os supercondutores não convencionais.

Ao explicar a supercondutividade em materiais convencionais, a teoria tradicional BCS tem claras limitações para alcançar altas temperaturas de transição (aquela na qual o material se torna supercondutor). Por isso, afirma Prozorov, investigar os supercondutores não convencionais pode ser "a chave para aplicações economicamente sólidas de supercondutores".

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