Paleontólogos brasileiros descobrem o mais antigo mamífero da Terra

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Imagem: UFRGS/Twitter

Um estudo com participação de pesquisadores brasileiros da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e publicado neste mês na tradicional revista científica Journal of Anatomy esclareceu que pequenos fósseis encontrados no Sul do Brasil podem ser na verdade os primeiros mamíferos a surgir no planeta Terra, há mais de 200 milhões de anos.

A conclusão se baseou em análises de microscopia das mandíbulas e dos dentes desses vestígios de organismos animais encontrados no interior do Rio Grande do Sul no início dos anos 2000. Descobertos inicialmente em rochas fossilíferas do Triássico/Noriano, com aproximadamente 225 milhões de anos, os fósseis foram chamados de Brasilodon, não só pelo local da descoberta, mas também por serem dentes ("odon" em grego).

Com 20 cm de comprimento total e 15 gramas de peso, o Brasilodon quadrangularis  era parecido com os roedores atuais, mas foi descrito na literatura científica como réptil. O paleontólogo Sergio Furtado Cabreira da UFRGS, que assina o trabalho ao lado de pesquisadores brasileiros e britânicos, explica que, quando descobertos na segunda metade do século XIX, esses cinodontes eram classificadas como ovíparos de sangue frio.

Como os cientistas descobriram que os fósseis eram de mamíferos?

Foto microscópica da dentição do Brasilodon, mais baixo e escuro à esquerda e um dente permanente alto e translúcido à direita. (Fonte: Cabreira et al./Divulgação.)Foto microscópica da dentição do Brasilodon, mais baixo e escuro à esquerda e um dente permanente alto e translúcido à direita. (Fonte: Cabreira et al./Divulgação.)Fonte:  Cabreira et al. 

As investigações, que tiveram início em março de 2004, usaram algumas mandíbulas de Brasilodon de apenas 2 cm de comprimento para preparar e confeccionar lâminas histológicas para serem estudadas em microscópios dos dois países. Dessa forma, explica Cabreira em nota, as descobertas foram feitas comparando o esmalte e outros tecidos dentários mineralizados.

A equipe confirmou, então, que, ao nascer, os pequenos roedores tinham uma dentição de leite, rapidamente substituída por outra permanente, assim como ocorre com todos os mamíferos placentários atuais, inclusive com os seres humanos. De acordo com Cabreira, eram animais noturnos que caçavam insetos e pequenos répteis, habitando pequenas tocas.

A importância do estudo, dizem os pesquisadores, é mostrar que mamíferos placentários são tão antigos quanto os primeiros dinossauros. Além disso, os resultados revelam que certos mecanismos gênicos – como lactação e cuidados maternos – vêm se mantendo estáveis através de milhões de anos de evolução.

ARTIGO - Journal of Anatomy - DOI: 10.1111/joa.13756

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