Busca por recompensa nas redes sociais e ansiedade geram ciclo vicioso

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Imagem: sondem/Shutterstock

O fato de que o excesso de uso de redes sociais gera prejuízos emocionais já é reconhecido. Mas como isso acontece? A realidade é que receber um like no Instagram, aumentar o número de seguidores e ter um perfil bem engajado no geral, pode parecer bobo, mas, se analisarmos mais a fundo, é possível explicar a relevância disso para algumas pessoas por meio da ciência.

A dopamina é um neurotransmissor, responsável pela sensação de bem-estar e recompensa, ela é liberada quando você realiza uma atividade agradável, consome alimentos que gosta ou ainda, faz o uso das redes sociais. Os mecanismos de aprovação desta última estão intimamente relacionados à exploração dessa sensação de bem-estar. É válido ressaltar que a dopamina não é liberada só quando você tem a recompensa, mas também quando você imagina que a terá.

A precursora de toda essa cadeia de comportamentos é a ansiedade, pois ela é uma pendência e faz parte do instinto. Se você está ansioso por circunstâncias diversas, automaticamente seu corpo busca na amídala cerebral alguma memória de acontecimentos semânticos ao problema que causou a ansiedade. Portanto, você mergulha em uma atmosfera negativa. Então, achar que você vai conquistar algo, já faz liberar dopamina.

redes sociaisUso de redes sociais aumentou durante a pandemia de covid-19 (créditos: 13_Phunkod/Shutterstock)

O organismo está sempre buscando manter um equilíbrio chamado de homeostase e, por isso, quando uma pessoa está ansiosa há a necessidade de liberação de dopamina. Porém, se a sua conquista for algo que já foi memorizado, não tem a mesma repercussão. Por isso, sempre há uma busca por intensidade maior. Logo, cria-se um ciclo vicioso, porque quando você não consegue alcançar essa intensidade, a ansiedade também aumenta.

Esse looping de usar a internet para aliviar a ansiedade e acabar gerando mais ansiedade pela falta de intensidade das atividades dentro das redes sociais, gera prejuízos, pois o hormônio do estresse, o cortisol, começa a ser produzido.

O cortisol está vinculado ao sistema imunológico. Então, as pessoas começam a apresentar outros problemas. Além disso, esse ciclo de ansiedade acaba afetando o sistema emocional e a região responsável pela tomada de decisões no cérebro. Já existe uma cultura de não absorção de conhecimento por conta das redes sociais e isso causa a atrofia no córtex cerebral. Desse modo, a capacidade de dominação de emoções é reduzida e transtornos como a depressão podem surgir.

Para melhorar esse cenário, a neuroplasticidade cerebral é essencial. Ela vai desde a alimentação, o exercício físico e sono regular, até processos de ginásticas cerebrais para estimular a região responsável pela tomada de decisões e domínio das emoções a se desenvolver melhor.

Fabiano de Abreu Rodrigues é PhD, neurocientista com formações também em neuropsicologia, biologia, história, antropologia, neurolinguística, neuroplasticidade, inteligência artificial, neurociência aplicada à aprendizagem, filosofia, jornalismo e formação profissional em nutrição clínica. Atualmente, é diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito; Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International e membro da Federação Europeia de Neurociências e da Sociedade Brasileira e Portuguesa de Neurociências.

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