Mortes por tuberculose aumentam globalmente devido à pandemia, alerta OMS

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A tuberculose, uma doença evitável e curável, teve um aumento significativo no número de mortes dos acometidos durante a pandemia de covid-19. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), durante o combate ao coronavírus SARS-CoV-2, anos de progresso global no combate à tuberculose foram revertidos. Os dados são do relatório global sobre tuberculose da OMS, o Global TB 2021, que analisou 197 países e áreas.

Segundo o relatório, em 2020 mais pessoas morreram de tuberculose, com muito menos diagnósticos e tratamentos. Em comparação com 2019, os gastos com a doença também diminuíram. De acordo com a OMS, muitos países dedicaram recursos humanos e financeiros para o combate à covid-19, limitando a disponibilidade de serviços essenciais de controle da tuberculose.

Ilustração mostra as bactérias Mycobacterium tuberculosis, principais causadoras da tuberculose; a doença é transmitida pelas vias respiratóriasIlustração mostra as bactérias Mycobacterium tuberculosis, principais causadoras da tuberculose; a doença é transmitida pelas vias respiratóriasFonte:  Kateryna Kon/Shutterstock 

“Este relatório confirma nossos temores de que a interrupção dos serviços essenciais de saúde devido à pandemia possa começar a desfazer anos de progresso contra a tuberculose”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, Diretor-Geral da OMS, em comunicado da instituição. Segundo ele, os números devem servir de alerta global para a necessidade urgente de investimentos em diagnóstico, tratamento e cuidados para os milhões de pessoas afetados pela doença.

Tuberculose em números

Aproximadamente 1,5 milhão de pessoas morreram de tuberculose em 2020 (incluindo 214.000 pessoas HIV positivas), segundo a OMS. O aumento no número de mortes ocorreu principalmente nos 30 países com a maior carga de tuberculose. As projeções da OMS sugerem que o número de pessoas desenvolvendo tuberculose e morrendo devido à doença pode ser muito maior em 2021 e 2022.

O número de diagnósticos relatados aos governos mundiais caiu de 7,1 milhões em 2019 para 5,8 milhões em 2020, o que pode significar que menos pessoas procuraram ajuda durante a pandemia. A OMS estima que, atualmente, cerca de 4,1 milhões de pessoas sofrem de tuberculose sem diagnóstico. Em 2019, eram cerca de 2,9 milhões.

Os países que mais contribuíram para a redução global das notificações de tuberculose entre 2019 e 2020 foram Índia (41%), Indonésia (14%), Filipinas (12%) e China (8%). Junto de outros 12 países, eles responderam por 93% da queda global total de notificações.

A oferta de tratamento preventivo para tuberculose também foi reduzida: cerca de 2,8 milhões de pessoas tiveram acesso em 2020, 21% a menos do que em 2019. Já o número de tratamento de pessoas com tuberculose resistente a medicamentos caiu em 15%: de 177.000 em 2019 para 150.000 em 2020 — o que abrange apenas um terço dos necessitados.

Cerca de 85% das pessoas que desenvolvem tuberculose podem ser tratadas com sucesso com um regime de medicamentos de 6 meses; o tratamento tem o benefício adicional de reduzir a transmissão da infecção.

Menos dinheiro no combate à tuberculose

Os recursos disponíveis para o tratamento da doença em 2020 vieram de países do BRICS (Brasil, Federação Russa, Índia, China e África do Sul) e do governo dos Estados Unidos. O maior doador internacional é o Fundo Global de Luta contra a AIDS, Tuberculose e Malária.

Médica analisa exame de raio-x de tórax de pacienteMédica analisa exame de raio-x de tórax de pacienteFonte:  Studio4dich 

Segundo o relatório da ONU, houve uma queda nos gastos globais com serviços de diagnóstico, tratamento e prevenção de tuberculose de US$ 5,8 bilhões para US$ 5,3 bilhões de dólares — menos da metade da meta global de resposta à tuberculose, que deveria ser de US$ 13 bilhões de dólares anuais em 2022. Segundo a OMS, as regressões no combate à doença significam que as metas globais para a tuberculose estão cada vez mais fora de alcance.

Globalmente, a redução no número de mortes por tuberculose entre 2015 e 2020 foi de apenas 9,2%, um quarto da meta para 2020, que era de 35%, mas o número de pessoas acometidas pela doença a cada ano (em relação à população) caiu em 11% entre 2015 e 2020.

Há alguns casos de sucesso que trazem esperança: a Região Europeia da OMS superou a marca de 2020, com uma redução de 25% nos casos de tuberculose, impulsionada pela Rússia, onde a incidência caiu 6% ao ano entre 2010 e 2020. A Região Africana da OMS teve uma redução de 19%.

“O relatório fornece informações importantes e um forte lembrete aos países para acelerar suas respostas à tuberculose e salvar vidas com urgência”, disse a Dra. Tereza Kasaeva, diretora do Programa Global de Tuberculose da OMS.

A Estratégia para Acabar com a Tuberculose da OMS busca reduzir 90% das mortes pela doença e 80% da taxa de incidência de tuberculose até 2030 — em comparação com a base de 2015. Os marcos para 2020 incluíam redução de 20% na taxa de incidência de tuberculose e de 35% nas mortes ocasionadas pela doença.

Fontes

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