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Ciência

Cientistas detectam luz atrás de um buraco negro pela primeira vez

Comportamento de campo magnético perto de um buraco negro foi previsto pela teoria geral da relatividade de Einstein, mas ainda não havia sido provado

schedule30/07/2021, às 14:45

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Cientistas da Universidade de Stanford, na Califórnia, em parceria com pesquisadores canadenses e holandeses, conseguiram observar a teoria da relatividade geral de Einstein em ação: ao analisar a corona de um buraco negro supermassivo, eles encontraram luz vindo de trás da estrutura. A descoberta foi detalhada em um artigo publicado no dia 28 de julho na revista científica Nature.

As novas observações confirmam uma previsão-chave da relatividade geral: a detecção de fótons curvados ao redor do buraco negro na parte de trás do disco. Na galáxia observada, I Zwicky 1, localizada a 800 milhões de anos-luz de distância, uma série de clarões de raios-X foi vista partindo da corona de um buraco negro. Mas os telescópios registraram algo inesperado: flashes adicionais de raios-X que eram menores e possuíam "cores" diferentes dos clarões e que vinham de trás da estrutura.

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buraco negroIlustração mostra um buraco negro

As imagens concordam com a teoria que vem sendo desenvolvida por Dan Wilkins, astrofísico e autor principal do estudo. Wilkins tem construído previsões teóricas de como os ecos dos buracos negros aparecem para nós. Quando ele viu os clarões menores nas observações de telescópio, descobriu a conexão das imagens com sua teoria.

"A análise das explosões de raios-X revela flashes curtos de fótons consistentes com o ressurgimento da emissão por trás do buraco negro. As mudanças de energia desses fótons identificam suas origens em diferentes partes do disco", explicou o pesquisador no artigo com os resultados da observação.

Buracos negros e a teoria da relatividade geral

Segundo o astrofísico, a razão pela qual podemos ver os clarões menores saindo de trás do buraco negro é porque ele está deformando o espaço, dobrando a luz e torcendo os campos magnéticos em torno de si mesmo. Então Einstein estava certo de novo.

Caracterizar e compreender as coronas de buracos negros ainda exigirá mais observação, o que deve ficar mais fácil com a construção do observatório de raios-X da Agência Espacial Europeia (ESA), o Telescópio Avançado para Astrofísica de Alta Energia (Athena).

Wilkins está ajudando a desenvolver parte do Athena. O equipamento possui o maior espelho em telescópio de raios-X, o que permitirá obter imagens com maior resolução em menos tempo. A evolução deve entender melhor as coronas dos buracos negros e como essas regiões se comportam.

Artigo Nature: doi.org/10.1038/s41586-021-03667-0