Internet e a deturpação do ser: como a vida virtual interfere na realidade?

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Imagem: Reprodução/Pixabay (Becomepopular)

internet vem ocupando a vida das pessoas cada dia mais. Ela se tornou fundamental no trabalho, no auxílio para a educação, importante para os meios de comunicação e de interação entre pessoas de todo o mundo e, mais recentemente, tornou-se decisiva na formação e no comportamento sociais.

Mas, para além do entretenimento online, quais são os impactos que a vida moldada pelos padrões virtuais trazem para a vida real?

“Vivemos na era em que os personagens que assumimos nas redes sociais têm mais destaque do que nossas verdadeiras personalidades. Estamos nos tornando uma geração moldada pela internet, em que o parecer é mais importante que o ser”, afirmou o pesquisador Fabiano de Abreu, doutor em Neurociências e Psicologia. “Venho estudando há algum tempo como a internet pode afetar a sociedade e a nossa forma de conduzir nossas vidas por meio dela. Acredito que hoje vivemos em uma sociedade que se revela em dois lados: o que somos de verdade e aquilo na tela”, ele detalhou.

Para o especialista, o problema nessa dialética surge quando paramos de dissociar o nosso verdadeiro ser do personagem criado. “Nesse momento em que nos distanciamos de quem somos de fato, há uma perda da razão e deixamos de ter controle sobre o nosso próprio 'eu', comportamento muito comum no transtorno de personalidade narcisista (TPN)”, ele alertou.

Abreu ainda explica que o narcisismo, por já estar “instalado na mente humana”, tem pleno espaço para proliferar na sociedade, tornando-a cada vez mais superficial.

“Estamos desperdiçando nossa própria existência ao não darmos a devida importância à passagem do tempo. Estamos deixando de produzir algo para nós mesmos, para a sociedade, e gastando tempo exibindo uma imagem irreal do que não somos e, provavelmente, nunca seremos”, o especialista completou.

Por fim, o pesquisador afirma que esse comportamento se tornou uma espécie de “ciclo vicioso” que, a longo prazo, pode ser extremamente prejudicial.

“Uma competição quase inconsistente, em um mundo irreal, onde os personagens deixam se fazer juízo de si próprios para criar uma imagem que, para eles, é mais relevante do que a de si mesmos. Por conta disso, eles acreditam ser necessário transmitir um personagem, ou seja, uma 'farsa' aos outros”, finalizou Abreu.

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Fabiano de Abreu Rodrigues, colunista do TecMundo, é doutor e mestre em Ciências da Saúde nas áreas de Neurociências e Psicologia, com especialização em Propriedades Elétricas dos Neurônios em Harvard. Registro Intel Reseller Tecnology — especialista em tecnologia; IP:10381444, especialista em Neurociência e Inteligência Artificial e de hardware. Membro da Mensa, associação de pessoas mais inteligentes do mundo. Formações nas áreas de Filosofia, Neuropsicologia, Jornalismo, Psicologia e  mestre em Psicanálise. Membro da Sociedade Brasileira e Portuguesa de Neurociência e da Federação Europeia de Neurociência — registro PT30079. Diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito (CPAH), principal cientista nacional para estudos de inteligência e alto QI.

 

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