Ciência

Nova megaconstelação pode causar 'colisões catastróficas', afirma NASA

Lançamento de grandes satélites por empresa norte-americana exigiria procedimentos 'desgastantes' para evitar choques, de acordo com a agência

06/11/2020, às 11:30

Nova megaconstelação pode causar 'colisões catastróficas', afirma NASA

Fonte:  Reprodução 

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Em resposta a uma solicitação de uma empresa dos Estados Unidos, a AST, de construir uma megaconstelação de satélites e colocá-los em uma altitude de 720 quilômetros acima da superfície da Terra, a NASA, pela primeira vez, se posicionou publicamente a respeito desse tipo de iniciativa mercadológica e apontou preocupações com colisões espaciais "catastróficas". Em nota, a agência afirma que o objetivo da ação é, além de esclarecer o porquê de tanto receio, garantir benefícios a todos os envolvidos.

O pedido, que está sob análise da Comissão Federal de Comunicações norte-americana, envolve o lançamento de mais de 240 satélites robustos a serem utilizados para o oferecimento de conexões 4G e 5G, e a companhia já levantou cerca de US$ 120 milhões para colocar seus planos em prática. 

Entretanto, segundo a NASA, a altitude proposta para funcionamento da SpaceMobile (nome da constelação) fica próxima à de outros 10 equipamentos operados tanto por ela quanto pelo US Geological Survey e por parceiros da França e do Japão, que compõem a A-Train.

"A experiência histórica com a A-Train mostrou que esta região particular do espaço tende a produzir um elevado número de conjunções entre objetos espaciais", indica a agência, complementando que, no planejamento de possíveis conjunções com outros satélites e detritos nesta órbita, seria necessária a definição de "um 'raio de corpo rígido' de 30 metros, ou até 10 vezes maior do que o de outros satélites."

Quanto mais equipamentos, mais chances de colisões.Quanto mais equipamentos, mais chances de colisões.

Processo desgastante

Devido ao tamanho avantajado dos equipamentos propostos (900 metros quadrados), seria preciso coordenar, para a A-Train, ao menos 1,5 mil ações de mitigação por ano e 15 mil atividades de planejamento, um processo definido como "desgastante" pela NASA. Além disso, objetos dessa proporção não foram, até hoje, testados pela AST, e a falta de experiência pode tornar ao menos 10% deles suscetíveis a falhas, o que impediria seus controles.

A AST, por sua vez, afirmou que trabalhará com a agência espacial para amenizar dúvidas: "Revisamos a carta da NASA e estamos confiantes de que podemos trabalhar com eles para resolver suas preocupações, incluindo o esclarecimento do projeto da constelação da AST que gerencia de forma robusta os detritos orbitais, mantendo a NASA e outros ativos orbitais seguros", declarou Raymond Sedwick, cientista-chefe da companhia.