Estudo conclui que o fim do homem virá antes do fim das florestas

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"Não é realista imaginar que a sociedade humana só seria afetada pelo desmatamento quando a última árvore fosse cortada.” Essa declaração fatalista resume a situação da civilização humana, segundo um estudo que modelou as taxas atuais de crescimento populacional e desmatamento em relação ao consumo de recursos. O resultado da chance de a raça humana entrar em colapso nas próximas décadas é de 90%.

“Do ponto de vista estatístico, a probabilidade de nossa civilização sobreviver a si mesma é inferior a 10%, no cenário mais otimista. Mantidas as taxas reais de crescimento populacional e de consumo de recursos, teremos apenas algumas décadas antes de um colapso irreversível de nossa civilização”, disseram, no estudo publicado pela revista Nature Scientific Reports, os físicos Gerardo Aquino, do Alan Turing Institute, e Mauro Bologna, da Universidad de Tarapacá.

Antes que a última árvore caia, sofreremos com o fim dos sistemas planetários que suportam a vida, a menor produção de oxigênio, o esgotamento do solo, a quebra do ciclo da água e, principalmente, a extinção de animais essenciais à produção de comida (como as abelhas) – levando não apenas o homem, mas todas as cadeias alimentares abaixo dele à fome. Esse é o chamado “ponto de não retorno”, que é quando o processo não poderá mais ser revertido.

Energia diretamente do Sol

Segundo os pesquisadores, sem alterar os níveis de crescimento e consumo populacional, só evitaríamos a decadência da civilização com a elevação da produção de energia a limites hoje inalcançáveis, através de um grau sem precedentes de desenvolvimento tecnológico – como a construção de uma esfera de Dyson, hipotética megaestrutura ao redor do Sol que absorveria e enviaria à Terra a energia produzida pela estrela.

“O consumo dos recursos naturais, em particular as florestas, está em concorrência com o nosso nível tecnológico. A esfera de Dyson representa um valor energético a ser produzido, por exemplo, via fusão nuclear”, disse Aquinos.

A equação que une progresso com aumento populacional e o uso da natureza é, segundo os pesquisadores, delicada. “Um nível tecnológico mais alto leva ao aumento da população e ao maior consumo florestal, mas também ao emprego mais eficaz de energia. Se fôssemos mais avançados, poderíamos desenvolver soluções técnicas para evitar o colapso ecológico do nosso planeta ou mesmo reconstruir a civilização no espaço extraterrestre”.

Como abandonar o planeta não é uma solução viável, os dois pesquisadores usaram seu modelo de interações entre o ser humano e as florestas, aplicando as taxas de crescimento populacional e de avanço tecnológico, para medir as chances de a humanidade conseguir atravessar a crise ecológica via progresso. Assim eles chegaram aos 10% mencionado.

O modelo foi baseado em números de hoje, sem avaliar probabilidades de mudanças e mostrando o que o futuro nos reserva se nada for feito: ele registra as tendências atuais e as extrapola no tempo.

Tarde demais

Enquanto estudos apontam que a população mundial deve encolher até 2100, um relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) mostrou que as taxas globais de desmatamento vêm diminuindo nas últimas décadas.

Não há motivos para comemorar, porém, segundo o projeto Global Forest Watch, a perda de floresta primária foi 2,8% maior em 2019 do que em 2018 (abaixo, Porto Velho e Rondônia entre 1975 e 2014. Imagens: Reuters/Nacho Doce).

Para os pesquisadores, é preciso “redefinir a nossa sociedade para privilegiar o ecossistema acima do interesse individual do ser humano e, eventualmente, de acordo com as necessidades da comunidade.”

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