“Reino espacial” Asgardia quer enviar primeiro satélite em setembro

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Imagem: Robert McCall/MGM/Public Domain

Já ouviu falar de Asgardia? Pois é, parece coisa da mitologia nórdica mas trata-se de uma investida que vem sendo levada a sério por um grupo não-governamental sediado em Viena, na Áustria, com adesão de nada menos que 200 mil pessoas ao redor do globo. O objetivo: criar um “reino espacial” independente, a primeira nação a orbitar a atmosfera da Terra. E o satélite inaugural já estaria a caminho, com previsão de lançamento para o dia 12 de setembro deste ano.

Carga vai levar informações sobre os "cidadãos asgardianos" para orbitar a atmosfera terrestre

Ainda que hajam vários trâmites legais a serem cumpridos até que a comunidade realmente seja reconhecida como um país, os membros fundadores estão confiantes na iniciativa e nesta semana confirmaram o envio de uma pequena estrutura de comunicação, que vai carregar as informações dos “cidadãos asgardianos”.

Ilustração da Asgardia sobre o projeto de construção de uma nação espacial

“A primeira presença da nação asgardiana será sentida ainda este ano. O nano satélite deve representar a importante ideia de que estamos realmente trabalhando nisso (na construção da nação)”, comenta Jeffrey Manber, CEO da companhia NanoRacks.

O nano satélite

O equipamento batizado de Asgardia-1 será enviado ao espaço na missão da Orbital ATK até a Estação Espacial Internacional (ou International Space Station — ISS), no interior de um caixa de suprimentos. Depois disso, ele será ejetado para a órbita, onde não fará muito mais que transitar com 512 GB de dados dos primeiros 1,5 milhão de cidadãos asgardianos.

O dispositivo não deve durar muito tempo, possivelmente cinco anos até queimar na atmosfera. Mesmo assim, os organizadores da empreitada afirmam que o ato simbólico representa o registro do povo de Asgardia para os tempos que virão — e que todo o conteúdo continuará sendo armazenado para futuras expedições.

Cápsula que vai levar o nano satélite

Todo esse procedimento inicial será patrocinado pelo membro fundador Igor Ashurbeyli, um engenheiro e bilionário russo, e supervisionado por Ram Jakhu, o diretor da McGill Universtity of Air and Space Law. “Asgardia será a primeira nação espacial trans-ética, transnacional, transreligiosa e pacífica a tentar estabelecer a humanidade no espaço”, disse Jakhu, na apresentação em Hong Kong.

Processo seletivo e o Brasil na espera

Para “estar” na órbita terrestre — com sua foto, a do gato, a de sua mãe ou outras infos — como asgardiano é preciso passar por uma verificação em quatro estágios. Os 100 mil primeiros terão espaço de 300 KB (o tamanho de uma foto razoável ou de um frame de vídeo). Os 400 mil seguintes ganham 200 KB e os 1 milhão restantes ficam com 100 KB.

O Brasil está em quarto lugar entre os países com mais "cidadãos asgardianos" no planeta

Só para ter uma ideia, até o momento o site oficial de Asgardia conta com um total de mais de 205 mil associados. Por incrível que pareça, o Brasil está na quarta posição, com mais de 9,5 mil registros. Em primeiro está a China, com 29 mil, seguido de Turquia, com 28 mil, e Estados Unidos, com 27 mil.

Entre os passos para o cadastro no programa estão o voto da nova Constituição preliminar, que realiza um pleito até domingo (18). “Sem uma (Constituição) somos apenas uma nação fake — ou um sofisticado jogo de computador — e não é o que queremos. O que desejamos é construir a primeira, legítima e independente nação espacial, reconhecida pelos Estados da Terra e pelas Nações Unidas, voltada para o desenvolvimento no espaço”, disse Ashurbeyli, designado como o primeiro Chefe de Estado até que haja a estreia das eleições oficiais.

Mas Asgardia será reconhecida como “nação espacial”?

Bem, ao que parece, a Organização das Nações Unidas (ONU) deve recusar o reconhecimento da Asgardia. Frans von der Dunk, especialista em leis espaciais da Universidade do Nebraska, disse ao Popular Science que “ao passo que ninguém ainda vá para o espaço, você pode ter quantas assinaturas quiser, ainda assim não será considerado um Estado”.

Constituição preliminar de Asgardia pode entrar em choque com documento assinado pelos países participantes do Tratado do Espaço Exterior

A própria presença de dados de milhares de cidadãos de vários países em uma espaçonave estadunidense na órbita da Terra pode gerar vários questionamentos éticos e legais. A constituição de Asgardia prevê “imunidade de segredos comerciais”, o que pode abrir brechas para a criação de leis próprias. Consequentemente, isso pode entrar em choque com o documento assinado pelos governos participantes do Tratado do Espaço Exterior junto à ONU.

Pois é, como dá para notar, o assunto ainda deve render muita história. E você, teria interesse em se candidatar para fazer parte desse “reino espacial”? Estaríamos nos aproximando de “Star Trek” e “Aliens”? Deixe seus comentários e compartilhe!

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