O retorno da versão Black para a gama do Ford Ranger tem um significado muito importante para a marca, o que fica evidente ao olharmos o preço tabelado em R$219.990, bastante agressivo para o segmento. Mas será que, por essa quantia, a picape convence?
Para responder a pergunta, o TecMundo foi até a cidade de Salvador (BA) para ter o primeiro contato presencial com a novidade da Ford e atestar suas qualidades e seus defeitos. Vale lembrar que, no valor atual, a versão Black se posiciona como a mais barata de toda a gama da picape, abaixo até da XL com câmbio manual e tração 4x4.
O nicho atrás da roda traseira é um degrau que auxilia o acesso até a caçamba.Fonte: Yuri Ravitz
Salvador/BA - nosso teste com o novo Ranger Black cobriu um trajeto de pouco mais de 120km entre a capital Salvador e a cidade de Camaçari, onde a Ford possui um de seus centros de desenvolvimento de tecnologias. É um percurso majoritariamente rodoviário, mas com alguns poucos trechos urbanos para nos dar uma noção do comportamento da picape.
A versão Black traz o motor 2.0 "Panther", da família EcoBlue de blocos a diesel que sucede a linha Duratorq, capaz de gerar até 170cv e 41,2kgfm. Embora pareça pouca potência ao analisarmos os números friamente, é bom mencionar que todo esse torque aparece desde os 1.750rpm, o que faz com que a picape se comporte sem letargia mesmo em âmbito urbano.
Cockpit com painel 100% digital de instrumentos agrada bastante.Fonte: Yuri Ravitz
De cara, a picape agrada pelo estilo composto por elementos externos em cinza fosco, lembrando a abrutalhada Raptor e diferenciando-se da Black da geração passada que trazia os detalhes em preto brilhante. Outra boa surpresa é o aumento na gama de cores: o modelo antigo vinha somente em Preto Gales enquanto o novo traz cinco opções de cores.
Por dentro, as boas impressões continuam através do painel digital de instrumentos com boa resolução e fluidez, trabalhando em conjunto com a central multimídia vertical que traz os mesmos predicados. O acabamento geral abusa de plástico rígido, mas não aparenta baixa qualidade e não notamos defeitos de montagem; ponto para a Ford.
Bancos com padrão exclusivo mesclam tecido e couro.Fonte: Yuri Ravitz
Após nos acomodarmos ao volante do Ranger Black, seguimos por algumas ruas agitadas da capital baiana até chegar na estrada. No ambiente urbano, observamos o bom isolamento acústico da picape tanto para os ruídos das ruas quanto do bloco turbodiesel. O trabalho dos pedais e a conversa entre o motor e a transmissão também agradaram bastante.
Mas o Ranger Black não nos deixa esquecer que estamos em uma legítima picape média. O utilitário mantém a construção de carroceria sobre chassi, utilizando a mesma arquitetura da atual geração do Bronco, portanto, seu comportamento geral é bem mais "solto" do que em picapes monobloco tão comuns hoje em dia quanto o Ram Rampage e o Fiat Toro.
Atrás há saídas de ar condicionado dedicadas e bom espaço para três ocupantes.Fonte: Yuri Ravitz
A citação a esses modelos não foi à toa, pois o Ranger Black custa pouca coisa a mais que um Toro Ranch e consideravelmente menos que um Rampage Rebel, ambos com o mesmo motor turbodiesel, o que pode deixar muitos consumidores em dúvida, mas uma dúvida que pode ser facilmente sanada: se você busca a experiência pura de uma picape, o Ranger se sobressai.
Mesmo com todo o torque aparecendo em baixas rotações, as reações do Ranger Black ainda são bastante comedidas. O bom é que, apesar dos feixes de molas na traseira, a traseira do utilitário não ficou "quicando" em momento algum, mesmo com a caçamba leve e no uso rodoviário. Isso mostra como as picapes médias seguem evoluindo ano após ano.
Nossa chegada ao centro de desenvolvimento da Ford em Camaçari após 66km de estrada.Fonte: Yuri Ravitz
É na estrada onde o Ranger Black se sente à vontade e mostra seus predicados com mais vontade. Não falta disposição para a picape em ultrapassagens e o câmbio mostra um acerto bastante correto, funcionando de maneira imperceptível: a queixa fica para os botões de trocas manuais na alavanca, uma solução arcaica que destoa da ideia de modernidade desejada.
Não é muito útil falar de consumo em testes tão curtos, porém, nossa média ficou em 12,8km/l, um pouco acima dos 12,4km/l anunciados pela Ford. É possível obter médias melhores caso o acelerador seja melhor dosado e a condução, por consequência, mais comedida, mas não foi uma média ruim para as circunstâncias de uso: em outras palavras, com o pé mais pesado.
Faróis principais são por LEDs e os de neblina são por lâmpadas halógenas.Fonte: Yuri Ravitz
No final das contas, o contato inicial com o novo Ranger Black agradou bastante. O preço está bastante competitivo para o segmento e a lista de equipamentos ficou condizente, bem como a motorização. Não é uma opção pensada para entregar o melhor conjunto pelo menor preço, mas sim para quem sonha em entrar no segmento das picapes médias.
Se você busca desempenho, o Maverick Lariat FX4 custa pouca coisa a mais e entrega muito mais performance. Por outro lado, se está de olho em tecnologia embarcada, o Ram Rampage Rebel passa dos 250 mil e traz um recheio apropriado pelo valor. Mas se, no final disso tudo, fizer questão de uma média a um valor "acessível", o Ranger Black é uma ótima pedida.
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