Review: Testamos a APU AMD Athlon 5350

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A AMD está apresentando uma nova linha de processadores, ou melhor, unidades de processamento acelerado ou simplesmente APUs. A empresa está apostando nesse tipo de produto para preencher quase todas as lacunas de mercado, e com os modelos de entrada não poderia ser diferente.

As APUs da AMD estão no mercado há algum tempo e mostraram que vieram para ficar, oferecendo um desempenho excelente em diversos tipos de aplicações. Segundo dados da própria AMD, a maioria dos aplicativos atuais possui algum tipo de aceleração 3D e é aí que as APUs fazem a diferença, pois um chip pode processar praticamente qualquer informação com pouco esforço. Isso resulta em máquinas mais baratas e eficientes.

E é no mercado de baixo custo que a AMD está investindo agora. A companhia acaba de lançar uma série de novos processadores para esse nicho que, segundo a empresa, é grande em países em desenvolvimento como a América Latina, inclusive o Brasil.

A AMD garante certa superioridade perante a sua rival Intel no que se refere aos gráficos embarcados, e deve aproveitar essa oportunidade para abocanhar a maior parte do mercado de máquinas de entrada, antes que sua concorrente a alcance — coisa que não deve demorar muito a acontecer.

Para esse mercado de entrada, a empresa está trazendo quatro novas APUs: Sempron 2650, Sempron 3850, Athlon 5150 e Athlon 5350. Este último, o mais poderoso da nova família de aceleradores, é o que vamos analisar hoje.

Especificações

Plataforma AM1

Para acomodar os novos processadores, a AMD desenvolveu uma nova plataforma, que foi batizada de AM1. Esse sistema é baseado na mesma arquitetura Kabini que trazia processadores integrados. A diferença, aqui, é que as CPUs serão conectadas através de soquetes e poderão ser atualizáveis, ou seja, não serão soldadas nas placas.

Outra característica é a ausência completa de um chipset nas placas-mãe Kabini, o que faz sentido, já que os novos processadores são SoCs (System on a Chip – Sistema em um Chip).

Isso significa que os processadores serão responsáveis por gerenciar (quase) todos os recursos do computador, incluindo processamento, gráficos, conexões, entradas e saídas de dados. A AMD optou por essa alternativa para baratear o custo das placas-mãe AM1 e tornar os sistemas ainda mais atraentes para o público.

Esse é o primeiro “sistema em soquete” da AMD. A principal diferença dos SoCs tradicionais é que esses chips podem ser substituídos por novas versões, enquanto os SoCs são soldados nas placas-mãe.

Outra característica dos processadores AM1 é o consumo energético. O Athlon 5350, por exemplo, consome apenas 25 W. Se considerarmos todo o sistema, incluindo todos os componentes do computador (armazenamento, memória etc.) podemos dizer que um sistema AM1 padrão consome cerca de 100 W para funcionar.

Um detalhe interessante sobre essa plataforma é o tipo de cooler utilizado. Pela primeira vez em muitos anos a AMD abriu mão do modelo tradicional que utiliza em suas placas e criou um novo.

O cooler AM1 não possui base na placa-mãe como os modelos tradicionais da AMD. Em vez disso ele possui dois pinos de pressão que são presos a dois furos que ficam em torno do soquete — uma solução semelhante ao que a Intel faz em suas placas.

Conhecendo o Athlon 5350

O Athlon 5350 é uma APU completa, até mais que as linhas tradicionais da empresa. Isso porque o modelo é baseado na arquitetura Kabini, que foi desenvolvida para ser um SoC, ou seja, System on a Chip.

O que esses dispositivos têm de diferente em relação aos modelos tradicionais de APU é que o processador é responsável por controlar praticamente tudo no computador, ou seja, a placa-mãe tem um papel bem mais de coadjuvante já que não possui chipset ou controladores mais complexos.

A diferença é que os chips da arquitetura Kabini originais eram integrados, ou seja, soldados na placa-mãe, o que impedia a sua substituição. Apesar de prático para alguns sistemas, essa abordagem impedia futuros upgrades nas plataformas e foi justamente aí que a AMD resolver interferir.

A empresa moveu o Kabini para um novo formato, a plataforma AM1. Com isso, os chips passam a utilizar o tradicional soquete e podem ser substituídos caso seja necessário.

Fora isso, o sistema segue a tradição de seus antecessores. Com isso, a AMD mata outro problema que poderia encarecer os computadores: o custo da placa-mãe. Já que o processador possui diversos controladores integrados, não existe mais a necessidade de se ter um chipset na placa.

Já temos modelos disponíveis no mercado brasileiro por cerca de 100 reais. Com isso podemos ter computadores completos prontos para atividades mais corriqueiras por um custo bastante acessível.

Apesar de ser um processador simples, o Athlon 5350 possui uma arquitetura bastante completa: são quatro núcleos x86 “Jaguar” rodando a 2,05 GHz destinados ao processamento de dados mais “tradicional”, digamos assim. Junto com eles, a APU também carrega 128 núcleos GCN rodando a 600 MHz para o processamento dos gráficos.

Segundo a AMD, é preciso direcionar os produtos certos para mercados específicos, e é por isso que a empresa possui soluções diferentes para cada um dos modelos. No caso do Athlon 5350 a empresa cita como exemplo os núcleos Jaguar incorporados na APU: quatro núcleos Jaguar podem ocupar o mesmo espaço físico que uma única unidade Steamroller dual-core.

A APU também possui um controlador de memória DDR3 de até 1.600 MHz e aceita a conexão de duas portas USB 3.0, 8 2.0 e duas portas SATA III.

Na parte da memória vemos um dos locais em que a AMD economizou: esse processador é capaz de trabalhar apenas com memórias no modo single-channel, ou seja, 64 bits. Isso deve afetar um pouco o desempenho do sistema.

Controlador gráfico

A “placa de vídeo” do Athlon 5350 possui praticamente a mesma arquitetura de qualquer GPU Radeon discreta mais potente. É claro, salvas as devidas proporções. O chip possui duas unidades de computação GCN, o que totaliza 128 núcleos para o processamento dos gráficos, Isso garante uma série de recursos poderosos ao pequeno processador da AMD.

Para começar, ele é capaz de renderizar imagens em 4K e suporta até duas telas ligadas ao mesmo tempo com o Eyefinity. O chip também possui um poderoso decodificador de vídeos capaz de processar filmes em Full HD a 60 quadros por segundo sem fazer muita força. O decodificador pode trabalhar com codecs H.264, VC-1, MPEG-2, MVC, DivX e WMV.

Um dos objetivos dessa APU é ter o menor consumo energético possível. Para garantir isso, sensores inteligentes regulam a todo o momento o fornecimento de energia para os componentes do chip, a fim de espremer até o último desempenho por watt disponível.

O Athlon 5350 possui um consumo energético relativamente baixo devido à sua construção, e isso é um ponto que foi bem trabalhado pelos engenheiros da AMD. A temperatura se mantém estável por causa disso e por causa da construção dos componentes internos do chip.

Isso foi feito com um sistema de dissipação de calor inteligente que funciona da seguinte maneira: tanto os núcleos Jaguar quanto a GPU ficam localizados na parte central do chip, lado a lado. Como nem sempre esses dois dispositivos são totalmente utilizados, um ajuda o outro a ter o seu calor dissipado. Ou seja, se a GPU está consumindo pouco, ela esquenta menos.

A construção do chip faz com que a GPU absorva parte do calor dos núcleos Jaguar e ajude a dissipá-lo de forma mais eficiente. O inverso também pode acontecer, ou seja, quando os núcleos da CPU estão sendo menos utilizados que a GPU, eles absorvem o calor e ajudam o chip gráfico a se manter mais frio.

Testes de desempenho

Os testes realizados com o Athlon 5350 têm por objetivo medir o desempenho do processador em um ambiente real de uso, levando o equipamento até os seus limites máximos. Em alguns dos testes foram plotados dados referentes a outros processadores, inclusive mais poderosos. O objetivo disso não é comparar os modelos diretamente, uma vez que eles pertencem a mercados completamente distintos. Esses dados foram colocados ali apenas como uma base de referência.

Jogos

Testamos diversos games com o Athlon 5350. Sabemos que o seu forte não é esse tipo de processamento, portanto testamos todos os títulos com os gráficos em resolução 720p (1280x720) e com os detalhes configurados para um nível baixo de detalhes.

3DMark

O 3D Mark é, talvez, o mais conhecido software de benchmark do mercado. No mundo todo, pessoas utilizam esse software para medir o desempenho de suas máquinas. A versão que utilizamos é dividida em três categorias, e cada uma delas apresenta um nível de complexidade diferente.

Luxmark 2.0

O Luxmark pertence à suíte gráfica LuxRender. O que esse teste faz é simular uma série de efeitos de Ray tracing através da linguagem OpenCL.

x264 HD Benchmark

O que esse aplicativo faz é testar a capacidade do computador em converter filmes em 1080p. No final, ele gera um relatório mostrando o desempenho do processador testado.

TrueCrypt

TrueCrypt é um aplicativo de criptografia de código aberto. A velocidade com que ele processa os dados é diretamente proporcional ao poder da CPU. Em nossos testes, utilizamos um buffer de 50 e encriptação AES.

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Os testes mostraram que o Athlon 5350 é um processador simples, mas é justamente aí que está o seu maior diferencial. O poder de processamento é limitado para algumas atividades, como games mais pesados. Por outro lado, para tarefas mais corriqueiras do dia a dia, ele não só é suficiente como não decepciona em nenhum momento.

Navegação, planilhas, edição de documentos, jogos simples e acesso às redes sociais são tarefas que podem ser executadas com facilidade nesse sistema. Isso significa que você não precisa mais gastar uma fortuna para ter um computador básico.

Outra vantagem é a reprodução de filmes com qualidade Full HD. Como o sistema gasta pouca energia, não aquece e não faz barulho, ele é um candidato perfeito a estações de mídia personalizadas.

A grande maioria dos aplicativos já utiliza a aceleração 3D para tornar as experiências mais ricas — um exemplo disso são os navegadores que renderizam as páginas de internet com a ajuda dos aceleradores 3D e até mesmo suítes de escritório, como o LibreOffice que trabalha com o OpenCL para acelerar o processamento de cálculos matemáticos.

Vale a pena?

Sem dúvida alguma esse processador é um belo trabalho da AMD. Se ele deixa a desejar em relação ao desempenho bruto, pelo menos se mostra extremamente interessante em termos de custo x benefício para atividades mais genéricas e que não necessitam de tanto processamento específico.

A AMD trabalhou muito para garantir o valor competitivo do Athlon 5350 e talvez uma das maiores manobras da companhia tenha sido transformar uma solução SoC em processador. Isso faz com que o custo da placa-mãe tenha um valor incrivelmente menor, diminuindo o custo geral do computador.

E o preço realmente é competitivo. O Athlon 5350 está chegando ao mercado por US$ 59 (cerca de R$ 130, sem impostos). Se contabilizarmos o preço da placa-mãe para o modelo, que custa em média R$ 100, podemos facilmente montar uma máquina completa por cerca de R$ 500 e isso, sem sombra de dúvidas,  é atraente.

Essa CPU é indicada para quem quer construir uma máquina para atividades mais simples, já que não faria sentido gastar uma fortuna em em um equipamento incrivelmente poderoso apenas para realizar esse tipo de tarefa. Se esse for o seu caso, o Athlon 5350 é uma excelente escolha.

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