Ferrando a concorrência: como a Amazon pode dominar o e-commerce brasileiro

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O comércio eletrônico brasileiro atravessa uma incrível fase de plenitude. Antes visto por olhares desconfiados, principalmente no que diz respeito à segurança de todo o processo, o e-commerce conseguiu se consolidar a passos lentos por aqui, mas, hoje, é um modelo de negócios estabelecido, seja pela expansão da internet, pelas formas de pagamento, pela comodidade de comprar em casa ou pelas ofertas tentadoras.

Nesse contexto, temos alguns players cruciais no mercado. Lojas como Submarino, Americanas, Magazine Luiza, Saraiva e Walmart, entre tantas outras, têm uma força-tarefa especial para transformar desejos de consumo em experiências de compra – tanto que, atualmente, a maioria dessas lojas possui um aplicativo disponível a iOS e Android.

A concorrência, portanto, é mais do que sadia. É uma ferramenta valiosa ao consumidor e àqueles que disputam o bolso dele. Ciente disso, a Amazon se instalou no Brasil em 2012, após quase duas décadas de existência lá fora, com um simples propósito: manter a lei de oferta e procura em alta e, naturalmente, se destacar no setor, seja por meio de um imenso catálogo de promoções ou através de um serviço também importado do Primeiro Mundo.

Popularidade recente

Apesar de estar aqui há quatro anos, a Amazon começou a ganhar a notoriedade há pouco tempo, de dois anos para cá, quando sua oferta em livros, quadrinhos e afins, físicos e digitais, nacionais e importados, começou a crescer exponencialmente, em descontos que são pulgas atrás da orelha de concorrentes.

As liquidações são acachapantes: um livro que custa R$ 40 na concorrência chega a custar metade do preço – ou menos – na Amazon, principalmente quando há ofertas relâmpago. Agora mesmo, durante a Black Friday, o site oferece destaques com até 90% de desconto. O foco no consumidor, de acordo com a empresa, é a premissa para manter a filosofia funcionando.

Descontos da Black Friday na Amazon brasileira

“Como uma empresa que foca no consumidor, a Amazon trabalha para aumentar cada vez mais o catálogo de livros, tanto físicos como digitais, oferecendo uma grande oferta, conveniência e atendimento de qualidade, trabalhando para proporcionar uma experiência de compra diferente. (...) Continuamos sempre tentando inovar em função do cliente, por isso, nossa oferta é voltada para atender diversos públicos com indicações e páginas para cada um”, afirmou a Amazon ao contato feito pelo TecMundo.

Esse pensamento também foi importado da versão internacional. Lá fora, o abatimento de preços é igualmente impressionante, só que o catálogo se expande para outras categorias: games, consoles, acessórios, celulares e toda a sorte de eletrônicos, sem falar nos demais produtos de praticamente todas as linhas.

Conseguir atingir as duas camadas de clientes ao mesmo tempo, antigos e novos, é crucial

O posicionamento de outros gigantes da internet perante essa estratégia tão crucial é interessante. O Peixe Urbano, por exemplo, opina sobre a importância de conseguir atingir as duas camadas ao mesmo tempo: antigos e novos clientes. Especialmente agora, no período de Black Friday.

“Aproveite o fluxo de clientes e esteja preparado para recebê-los. O consumidor frequente precisa se sentir ainda mais valorizado. Para isso, é importante que ele encontre as melhores oportunidades e tenha a certeza de que está adquirindo uma promoção Black Friday confiável”, ponderou o CMO do site, Adalberto da Pieve. “Já o novo cliente precisa conhecer o máximo da sua plataforma para que ele se torne um cliente recorrente e crie um vínculo de compra e de pesquisa com o site. (...) Prever possíveis falhas garante o sucesso e a repercussão da sua marca como grande player no mercado”, complementou.

E-commerce: crescimento brutal ao longo dos últimos anos

O que dizem as soluções para e-commerce?

Nunca há um certo ou errado – existem momentos, oportunidades e uma leitura de mercado. “Ter produtos interessantes e promoções boas é importante, mas o planejamento da empresa para um período como Black Friday [ou qualquer outro] é essencial. Dessa forma, é indicado desenhar todas as ações que serão desenvolvidas”, sugere Samanta Schwarz, gerente de contas da Infracommerce, empresa que oferece soluções para e-commerce e responsável por mais de 40 marcas. “É muito importante para entender os gaps da operação e, assim, poder corrigir tudo antes de datas especiais”, destacou.

E nisso tudo... Como anda o mercado impresso?

O TecMundo também investigou, por cima, um pouco do setor impresso. O Sindicato Nacional dos Editores (SNEL) aponta que, em janeiro deste ano, as vendas de livro cresceram 15% em comparação ao mesmo período de 2015, mas esse ritmo arrefeceu ao longo dos meses e agora, em novembro, já vê declínio, muito em função da guinada do e-commerce – e a Amazon consegue incomodar todas as livrarias, já que a filtragem do SNEL é feita em estabelecimentos assim.

Marcos Pereira, presidente do órgão, analisa os números, que são sempre bons para as editoras – seja em produtos físicos ou digitais. “O crescimento do faturamento e do preço médio está totalmente ligado às vendas de livros didáticos e técnicos, cuja participação no total cresceu 7 pontos percentuais no primeiro período. Analisando as categorias separadamente, a única que alcança o índice de inflação são os livros educacionais”, explicou.

Formatos impressos: necessidade contínua de reinvenção

Se a Amazon brasileira começar a abraçar outras categorias de produtos, f*deu para a concorrência

Games, consoles, acessórios, perfumes, produtos de linha branca, brinquedos e quaisquer eletrônicos que você imaginar (e não imaginar), tudo isso tem lá fora. Infelizmente, a Amazon não tem qualquer informação sobre isso no Brasil neste momento.

“Não especulamos sobre planos futuros”, respondeu ao TecMundo, reforçando seu catálogo de livros e quadrinhos. “Continuamos sempre tentando inovar em função do cliente, como fãs de HQs, leitores de ficção e não ficção, tanto nacionais como importados, e tanto em formato impresso como digital. Nosso catálogo conta com mais de 12 milhões de livros físicos e mais de 4,5 milhões de eBooks, e também oferecemos o Kindle Unlimited, programa que oferece aos leitores mais de 1,4 milhão de livros digitais, dos quais mais de 37 mil em português, por R$ 19,90 por mês”, destacou a empresa.

Toda a família de e-readers Kindle é comercializada oficialmente por aqui. “Além de livros e e-Books, oferecemos no Brasil toda nossa família de e-readers Kindle. Comprando na Amazon.com.br, ele é entregue já configurado com a conta do cliente e os livros já adquiridos. Os clientes também podem encontrar o Kindle em diversos outros pontos de venda, tanto online, como físicos.  (...) Nosso objetivo é ser a empresa mais centrada no cliente, fazendo com que ele encontre, descubra e compre qualquer livro em qualquer formato que desejar, por isso entregamos livros por todo país, muitas vezes com frete grátis, facilitando o acesso à leitura e continuar aumentando cada vez mais nosso catálogo”, frisou.

Toda a família Kindle está com desconto de R$ 100 na Black Friday - aproveite!

Nesse contexto, o trabalho em promoções relâmpago é apenas uma consequência. “Também trabalhamos para oferecer sempre o melhor preço ao cliente, com ofertas diárias e datas criadas exclusivamente para consumidores da Amazon, como o Amazon Day, a Book Friday e a Geek Friday [e a Black Friday agora]”, completou.

Quem ganha com isso somos nós, consumidores. Um serviço eficiente aliado a uma ampla oferta de preços tentadores faz com que a concorrência se mexa, e nós só temos a ganhar nesse cenário. Resta ter fé para que a chegada de outros produtos – como quase aconteceu em games, mas foi um engano – seja iminente. O que você pensa do assunto? Conte para nós na seção destinada aos comentários, logo abaixo.

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