A Google tem medo do Facebook? [opinião]

8 min de leitura
Imagem de: A Google tem medo do Facebook? [opinião]

Enquanto algumas pessoas acreditam que há espaço para todo mundo, quem acompanha o mercado sabe que, no mundo das grandes empresas, o que reina mesmo é a “lei da selva”, na qual somente as companhias mais fortes sobrevivem. Se nós falarmos só de tecnologia, então, talvez essa afirmação se torne ainda mais verdadeira.

Mesmo corporações gigantescas não podem dormir no ponto, pois, neste ramo, tudo pode mudar de forma extremamente dinâmica – os donos do MySpace, por exemplo, que o digam. Talvez, por isso, não se passe uma semana sem que alguma grande companhia realize aquisições – seja com o objetivo de agregar novos serviços ou, mesmo, somente para “matar” um concorrente. Contudo, nem sempre isso é possível. Às vezes, a ameaça vem de alguém quase tão grande como você.

E esse é o caso da batalha Google x Facebook. Muitos analistas acreditam que a gigante das buscas deve temer – e muito – a rede social de Mark Zuckerberg. Vários fatores apontam o site como uma ameaça real e iminente ao reinado da internet que, há tanto tempo, é praticamente dominada pelas ferramentas da Google. E nós, o que achamos? A Google deve mesmo temer o Facebook?

Crescimento avassalador

A Google sempre foi vista como uma empresa revolucionária – e que foi capaz de sair de um dormitório de faculdade para, em poucos anos, praticamente dominar o mundo. Porém, o Facebook, que também nasceu em um campus dos Estados Unidos, conseguiu crescer de forma ainda mais avassaladora.

O mundo foi tomado pelo Facebook (Fonte da imagem: Reprodução/Check Facebook)

Fundada em 2004, a rede social conseguiu ultrapassar a marca de 900 milhões de cadastros em cerca de 8 anos de funcionamento. E, nesse processo de crescimento, a companhia, sem dó nem piedade, acabou com vários outros sites do gênero que faziam muito sucesso – inclusive passando por cima de empresas consolidadas, como o MySpace.

A própria Google foi vítima desse “trator”, pois o Orkut dominava o mercado em lugares atrativos, como Brasil e Índia. A companhia fez uma nova investida recentemente, gastando milhões de dólares no lançamento do Google Plus, porém a rede conta com muitos cadastros e poucos usuários ativos. Por isso, esse “poder de destruição” é algo que pode botar medo em qualquer empresa, afinal de contas, o que é que seria capaz de parar o Facebook?

Cada vez mais visitantes

Ao longo dos anos, o buscador Google ficou conhecido como o site mais visitado do mundo na maioria dos países. Porém, essa hegemonia pode estar chegando ao fim. Cada vez mais o Facebook é visitado constantemente – isso, é claro, devido ao seu absurdo número de pessoas cadastradas.

Milhares de novos cadastros a cada semana (Fonte da imagem: Reprodução/Check Facebook)

No Brasil, por exemplo, já houve dias em que a rede social conseguiu atingir uma maior porcentagem de visitas do que o site de pesquisas, algo inimaginável pouco tempo atrás. E essa tendência não é consistente só no nosso país, pois o mesmo vem acontecendo no mundo todo.

Isso se torna uma ameaça pelo fato de que, em vez de utilizar as duas ferramentas ao mesmo tempo, a maioria das pessoas tende a “dar preferência” para uma página. E quando a primeira opção passa a ser o Facebook, e não o Google, aí a gigante da Mountain View tem realmente com o que se preocupar.

Serviços

A Google aproveitou o seu poder financeiro para agregar uma grande base de serviços online, tudo para fazer com que as pessoas passem o maior tempo possível conectadas a sites com a marca da companhia. São documentos e planilhas online, agenda, navegador, sistema operacional, site de vídeos... Se formos listar todos os serviços, ficaremos aqui o dia todo!

A Google conta com um leque enorme de ferramentas (Fonte da imagem: Reprodução/Google)

O modelo de negócios da companhia pode não agradar ao ex-engenheiro da empresa, James Whittaker, mas parece ter feito a cabeça de Mark Zuckerberg. Basta ficarmos atentos às movimentações realizadas pelo Facebook nos últimos tempos. Além de ter adquirido o Instagram, a companhia também estaria de olho na aquisição do Opera e brigando com a Google pelo Vevo. Isso sem falar nos boatos sobre o desenvolvimento de um sistema operacional próprio e o aparelho celular com a assinatura da empresa.

A intenção das duas companhias também seria a mesma: apresentar uma maior variedade de serviços, significa pessoas mais tempo conectadas aos respectivos sites.

Buscas pelo próprio Facebook?

Apesar da relativa variedade de serviços novos e aquisições da rede social, há uma razão para que o Google realmente tema o Facebook: a criação de uma ferramenta própria de pesquisas. Se o número de acessos do site já ameaça o buscador mais famoso do planeta, imagine o que pode acontecer caso isso se torne realidade?

Que tal não ter que sair do Facebook para pesquisar? (Fonte da imagem: Reprodução/Facebook)

Sim, a Microsoft investe há tempos nessa batalha, trabalhando bravamente em cima do seu Bing. Entretanto, o Facebook tem uma carta na manga que nenhuma das outras empresas sequer pode sonhar em ter acesso: uma quantidade praticamente infinita de informações, dados postados por milhões de pessoas de todo o planeta a cada segundo.

Se a Google prega o livre acesso à informação, a rede social vai contra esse princípio, bloqueando a maior parte desses dados. Trocando em miúdos: o Facebook teria um buscador com acesso exclusivo à maioria das informações postadas no mundo todo, pois elas estariam dentro da sua base de dados.

Por que eles querem tanta atenção?

Já pudemos perceber que tanto o Facebook como a Google querem cada vez mais pessoas conectadas aos seus serviços, isso pelo máximo de tempo possível. Mas e por que é que eles querem tanta atenção assim?

Simples: ambos vivem da propaganda. O core business da Google é a venda de espaço publicitário online, tudo com base em suas ferramentas próprias de direcionamento das propagandas de acordo com públicos específicos. Porém, o modelo da companhia pode ser ultrapassado em breve. Assim como no caso do buscador, no qual haveriam as informações que só o Facebook tem acesso, na publicidade direcionada isso também poderia ser explorado de forma praticamente imbatível.

Nós queremos que você veja os anúncios! (Fonte da imagem: Reprodução/Facebook)

Com a Google, quando você quer criar uma propaganda, você tem opções de direcioná-la basicamente de acordo com idade, região geográfica e palavras-chave. Já com todas as informações da rede social, um anunciante seria capaz de apontar os seus produtos de forma bem mais específica, atingindo pessoas de acordo com gostos, idades, características demográficas e muito mais. E a precisão dessas informações é indiscutível, afinal de contas, somos nós mesmos que passamos esses dados para a rede social!

Debandada

Logo, se coloque no lugar dos gestores da Google e imagine um cenário hipotético. Nele, o Facebook aperfeiçoa as suas ferramentas de propagandas, cria o seu buscador e, finalmente, investe em ganhar dinheiro de verdade com a publicidade online, expandindo opções para que os anúncios sejam inseridos também em sites, como a própria Google faz.

Não é preciso ser nenhum especialista em marketing para saber que, com opções tão mais precisas para direcionar os seus produtos ao público-alvo adequado, com certeza haveria uma debandada de anunciantes. E, assim, a principal fonte de lucro na internet poderia mudar de mãos, com a “galinha dos ovos de ouro” indo parar no colo de Mark Zuckerberg.

Faturamentos podem se inverter?

No começo de 2012, a Google apresentou um faturamento 24% maior do que no mesmo período do ano passado. A receita da empresa foi de 10,65 bilhões de dólares. Enquanto isso, o Facebook lucrou “apenas” 9 reais por pessoa cadastrada na rede social no último ano – algo que melhorou em 2012, com a companhia totalizando cerca de 1 bilhão de dólares em receitas nos primeiros meses do ano.

Este pode ser Mark Zuckerberg daqui alguns poucos anos (Fonte da imagem: Reprodução/iStock)

Contudo, recentemente, a empresa se tornou uma companhia de capital aberto, realizando a maior e mais lucrativa oferta de ações em toda a história da bolsa de valores de tecnologia dos Estados Unidos. Desta forma, agora que o Facebook conta com milhões de investidores, a empresa precisa começar a dar lucro como todos realmente esperam.

E, ao roubar os clientes da Google, a rede social finalmente poderia alavancar a sua receita, obtendo números condizentes com toda a pompa da companhia. Bom para os acionistas e péssimo para a Google, pois isso é algo que, como dito anteriormente, poderia fazer com que os lucros das companhias trocassem de mãos em questão de poucos anos.

Declínio?

Boatos que circulam pela internet apontam que a gigante das buscas tentou, por várias vezes, comprar o Facebook, mas nenhuma proposta teria seduzido Mark Zuckerberg. Alguns analistas inclusive criticaram o CEO, principalmente após alguns pesquisadores apontarem que a rede social estaria entrando em declínio por não contar com novos atrativos.

Este redator, particularmente, não acredita nisso. A curva de crescimento da companhia é sólida, e os investimentos em novos serviços vêm para mostrar que o Facebook não dorme no ponto. Erros acontecem, isso é indiscutível, mas o fato é que a rede social já atingiu algo que nenhum site do tipo jamais conseguiu: se tornou parte da rotina diária das pessoas. Além disso, a partir do momento em que o site começar a aproveitar – de verdade – todas as informações que só ele tem nas mãos, aí a Google pode realmente se preocupar.

Contudo, talvez nada seja mais imprevisível do que o mercado digital, no qual um movimento errado pode chacoalhar todo o mundo da tecnologia, fazendo pequenas start-ups virarem monstros e transformando empresas enormes em verdadeiros fracassos. Só nos resta comprar a pipoca, assistir essa luta e aproveitar tudo o que essas gigantes têm para nos oferecer!

...

Gostou da imagem de ilustração do artigo? Você pode baixá-la como papel de parede em várias resoluções clicando aqui!

Fonte: IDG Now!, InfoMoney, Check Facebook, The Technology Café, Hubze, SiliconIndia e ReadWriteWeb

Ilustração: Nick Mancini

Você sabia que o TecMundo está no Facebook, Instagram, Telegram, TikTok, Twitter e no Whatsapp? Siga-nos por lá.