Acontecimentos que marcaram os 10 anos de Wikipédia

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Até parece que foi há dez anos que surgiu a Wikipédia! E que ironia, realmente a maior enciclopédia livre online tem uma década de existência. Ela é apenas uma dentre tantas outras, mas ganha destaque por ser construída com o conhecimento de todos.

Dez anos pode não parecer muito quando comparamos a Wikipédia com a Naturalis Historia, a primeira enciclopédia do mundo — que tem cerca de 2000 anos. Escrita por Pliny the Elder, a Naturalis Historia é uma das poucas obras que sobreviveram ao império romano e foi preservada até os dias de hoje.

Wikipédia - A enciclopédia livre

Fonte da imagem: Wikimedia Commons

Quer saber onde pegamos tais informações? A resposta é óbvia: Wikipédia. Tudo bem, talvez as informações sobre a Naturalis Historia não sejam muito interessantes, mas é certo que muitas outras coisas que você encontra lá são úteis para sanar sua curiosidade sobre os mais diversos assuntos.

Muito bem, agora que a Wikipédia completou dez anos e todos cantaram parabéns, muitas pessoas estão indagando se a enciclopédia vai durar mais uma década. Afirmar com certeza não é possível, todavia, elaboramos este artigo para listar alguns acontecimentos que podem fazer com que a Wikipédia perdure por muitos anos ou que definam o fim dela. Vamos às principais pisadas de bola, ou melhor, farsas e casos de informações improcedentes.

Pessoas famosas morrem em artigos da Wikipédia

Um dos primeiros casos que se tem relato sobre falsas informações a respeito da morte de uma pessoa famosa é de 2007. Na época, um usuário da enciclopédia adicionou algumas linhas no artigo do o ator e comediante norte-americano Sinbad, informando que ele havia morrido.

A brincadeira teve sérias repercussões, dentre elas a preocupação da família que não estava ciente de tal acontecimento. A filha de Sinbad e muitos fãs do ator ligaram e enviaram mensagens para saber se o fato era verídico.

Sinbad - Ele não morreu...

Fonte da imagem: Wikimedia Commons

Depois que tudo foi esclarecido, a página o artigo com informações sobre o comediante foi bloqueada para edições por um período temporário. Com isso, os administradores da Wikipédia protegeram a página contra edições aleatórias durante algum tempo, no entanto, a página já está desbloqueada para que pessoas que realmente tenham informações corretas possam complementar cada vez mais a página sobre Sinbad.

Acontece que este foi apenas um dos primeiros casos. Depois de Sinbad, uma enormidade de outros famosos “resolveram” morrer e não comunicar ninguém. Foi o caso de Edward Moore Kennedy, senador norte-americano que teve a página alterada com informações improcedentes. Algum tempo depois ele realmente faleceu e teve uma edição permanente na página com informações verdadeiras.

Atualmente os casos de “vandalismo” nesse sentido continuam. Miley Cyrus “morreu” algum tempo atrás, ainda que somente um único usuário da Wikipédia soubesse. E não podemos duvidar, porque quando você menos pensar, pode morrer Justin Bieber ou até mesmo o Michael Jackson — quer dizer, esse último morreu mesmo, falha nossa.

Não sou teólogo e minto muito na web

Um dos casos mais famosos de farsas na Wikipédia ficou conhecido como “Controvérsia Essjay”. Em 2007, um editor da enciclopédia que utilizava o nome de Essjay deu uma entrevista para a jornalista Stacy Shiff, da revista "The New Yorker", alegando ser um teólogo com doutorado na área que lecionava em uma instituição particular.

Imagem do perfil de Essjay na WikipédiaAs informações de Essjay também estavam na página de usuário dele na Wikipédia. O editor que chegou inclusive a ganhar um emprego na Wikia foi desmentido depois e todos conheceram o verdadeiro nome do rapaz. Ryan Jordan chegou a cursar teologia, mas segundo a universidade que frequentava, não concluiu o curso.

O caso rendeu algumas discussões na época, sendo que até mesmo o fundador da Wikipédia, Jimmy Wales, defendeu a utilização de um nome falso por parte de Essjay. No entanto, Wales não gostou de saber que Essjay havia utilizado tal artimanha para disputas pessoais e deixou de apoiar a causa.

Era uma vez um personagem histórico que nunca existiu...

Os historiadores não descobriram e talvez nunca vão conseguir ter todas as informações sobre as figuras históricas importantes que mudaram o rumo do mundo. Os usuários da Wikipédia também não, mas alguns resolvem inventar personagens.

Você talvez nunca tenha ouvido falar, mas Edward Owens foi um pescador que vivia nos EUA e que virou um pirata. Owens nasceu em 1852 e morreu em 1938, isso segundo a mente criativa de algum estudante da George Mason University.

Edward Owens foi criado como parte de um projeto conhecido como “Lying About the Past” (Mentindo sobre o Passado). Os estudantes da instituição criaram o artigo a pedido de um professor, o qual desmentiu a existência de tal personagem. E não é preciso dizer que este não foi o único caso, não é mesmo?

Departamento de história proíbe utilizar a Wikipédia como fonte de pesquisa

Não se trata de uma farsa ou um artigo na enciclopédia, mas de uma notícia que apareceu alguns anos atrás. Em 2007, um grupo de estudantes do Middlebury College respondeu uma questão sobre a história do Japão com uma afirmação bem improcedente. A questão era sobre a rebelião de Shimabara, porém a resposta dos estudantes relatava sobre o apoio dos jesuítas no acontecimento — coisa que nunca aconteceu.

Professor Neil Waters

Fonte da imagem: divulgação/Middlebury

Na época, o professor Neil Waters suspeitou que algo de muito errado estava acontecendo, pois em suas aulas ele não ensinou nada sobre o que os estudantes responderam. Ao pesquisar um pouco, Waters acabou descobrindo que a informação vinha da Wikipédia.

Os professores do Middlebury College já haviam notado que muitos estudantes estavam citando a Wikipédia como fonte de pesquisa há mais de um ano. E até então não havia grandes problemas, porém com o caso dos estudantes que erraram a questão na prova de história, a universidade decidiu tomar providências.

Depois de muito debater, o departamento de história da instituição proibiu o uso da Wikipédia como fonte de pesquisa, ou melhor, informaram aos estudantes que quaisquer informações que utilizassem em trabalhos e provas não poderiam apontar para a Wikipédia como fonte.

Claro que não há como proibir a busca por conteúdo na enciclopédia, todavia, a medida para evitar a citação do portal nas referências bibliográficas foi uma atitude necessária para que os estudantes buscassem mais conhecimentos em outros sites e livros.

A Wikipédia vai acabar?

A quantidade de jornalistas querendo que isso aconteça é grande. Muitos artigos recentes também mostram que algumas instituições se recusam a dar apoio à Wikipédia. Todavia, basear uma previsão em vontades de jornalistas e instituições não é muito válido, visto que não há meios de encerrar um site utilizado por uma porcentagem significativa de internautas.

Os editores e usuários da Wikipédia são muitos e considerando a gratuidade, o número de artigos e pessoas adicionando conhecimento tende a aumentar cada vez mais. Se analisarmos por essa perspectiva, fica óbvio que o site tende a durar mais uma década, ou quem sabe muitas décadas.

Evidentemente, o criador da Wikipédia deve ter notado que cada vez surgem mais complicações e que manter um portal de tamanha grandeza torna-se cada vez mais difícil. Contando com milhões de artigos, a Wikipédia tornou-se um “monstro” para a equipe que administra e modera as informações. No entanto, percebe-se que a Wikipédia vem corrigindo algumas falhas através dos erros.

O conhecimento infinito da Wikipédia...

Fonte da imagem: Wikimedia Commons

Talvez nunca os artigos fiquem perfeitos, todavia, boa parte do conteúdo disponibilizado tem fontes válidas, o que torna o site confiável para muitos assuntos. A Wikipédia vai acabar? Dificilmente. Enfrentar dificuldades? Com certeza.

Entretanto, independente do que aconteça com o portal, nós (usuários e editores dessa enorme enciclopédia) devemos ter em mente que a Wikipédia é um bem comum e que só depende de nossa consciência postar informações verdadeiras para que o site perdure. Você não concorda?

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