Imagem de The Wolf Among Us — Episode 2: Smoke & Mirrors
Imagem de The Wolf Among Us — Episode 2: Smoke & Mirrors

The Wolf Among Us — Episode 2: Smoke & Mirrors

Nota do Voxel
85

Não acredite naquilo que seus olhos lhe dizem

Dando prosseguimento à trama iniciada em Faith, Smoke and Mirrors, segundo capítulo da série The Wolf Among Us, continua a seguir o xerife Bigby Wolf e sua investigação para descobrir quem é o responsável pelo assassinato que está abalando a comunidade de fábulas de Nova York. Além de ter que solucionar esse mistério, o personagem se confronta com algumas subtramas que ajudam a enriquecer o universo do game e as figuras estranhas que o habitam.

Como acontece em qualquer jogo dividido em capítulos, para aproveitar o lançamento é essencial ter presenciado os acontecimentos apresentados pela primeira parte da história. Caso contrário, não somente o jogador terá dificuldades em entender o que está acontecendo (algo no que a retrospectiva mostrada no início do episódio não ajuda muito), mas também não vai ter a oportunidade de fazer escolhas que modificam a maneira como a aventura se desenvolve.

Um conto noir

Com Smoke & Mirrors, a Telltale Games continua a demonstrar a força dos roteiristas que fazem parte de sua equipe de desenvolvimento. O game não somente resolve de maneira interessante as pontas soltas deixadas pelo primeiro capítulo da série, como se mostra capaz de gerar situações igualmente intrigantes e criar situações que vão deixar os jogadores ansiosos para jogar o vindouro terceiro episódio da história — que, felizmente, surgem em número mais reduzido do que em “Faith”.

Ao focar principalmente nas questões levantadas no primeiro capítulo da série em vez de criar novas perguntas e subtramas que serão desenvolvidas no futuro, o estúdio conseguiu criar um roteiro que parece mais coeso e direto. Embora Bigby ainda passe por diversos cenários durante sua investigação, não há mais aquela sensação de que ele simplesmente está juntando peças distintas com a esperança de que elas façam parte do mesmo quebra-cabeça.

Infelizmente, essa opção narrativa acaba resultando em um capítulo que se mostra mais linear e mais curto do que seu antecessor, o que implica uma diminuição dos momentos interativos do jogo. Mesmo para um jogo do gênero adventure, há uma quantidade grande de cenas em que somente diálogos acontecem, o que torna o título mais próximo de uma história interativa do que de um game nos moldes tradicionais — o que não seria algo exatamente ruim, não fosse o fato de que isso pode tornar o episódio um pouco cansativo em alguns momentos.

Como forma de compensar essa perda de ritmo, parece que a Telltale deu uma atenção especial aos diálogos, escritos de forma bastante competente. O texto bem elaborado, somado à boa interpretação da maioria dos atores de voz contratados pelo estúdio, resulta em uma experiência que vale a pena ser testemunhada diversas vezes, nem que seja para vermos o resultado que uma decisão diferente a uma pergunta pode causar.

Sem medo de tratar do mundo adulto

Embora seja difícil falar sobre a trama de Smoke & Mirrors sem revelar detalhes pertencentes ao campo dos temidos “spoilers”, uma qualidade que pode ser observada em todos os momentos é o fato de ela não ter medo de tocar em temas adultos de uma maneira com a qual não estamos acostumados a ver no mundo dos jogos eletrônicos.

Deixando de lado a violência sem sentido e a violência gráfica vista em outros jogos “maduros” (que na verdade não passam de meras fantasias juvenis transformadas em imagens interativas), o jogo não tem medo de tratar de temas como fantasias sexuais, exploração sexual e assassinatos — tudo isso de maneira bastante natural, sem que em nenhum momento haja a glorificação de nenhuma dessas atividades.

Embora o título conte com alguns momentos bastante explícitos (incluindo a nudez parcial de uma personagem), eles são apresentados de maneira totalmente coerente com a trama. Atenção especial deve ser dada a uma cena em que há a opção de torturar um personagem, na qual é possível sentir o peso de cada ação de Bigby — o sangue, a saliva e a dor apresentadas não são meras ferramentas de entretenimento, mas sim elementos que mostram o quanto o universo de The Wolf Among Us é sujo e o nível ao qual o protagonista está disposto a descer para manter sua comunidade segura.

Vontade de quero mais

O maior problema do segundo episódio não são os pequenos bugs gráficos que aparecem em alguns momentos, mas sim a característica episódica da série. Mesmo que trama do episódio seja bem desenvolvida, é difícil não sair dela com a sensação de que tudo aconteceu rápido demais — mesmo que você decida explorar todas as opções de diálogo e vasculhar detalhadamente cada ambiente, é difícil gastar mais de 1 hora com o título.

Embora a Telltale Games tenha colocado algumas escolhas que estimulem jogar o episódio ao menos duas vezes seguindo caminhos diferentes, a disparidade entre eles se mostra menor do que a vista em “Faith”. Isso, somado ao fato de a companhia ter abandonado alguns dos experimentos do capítulo anterior (como as sequências de perseguição), passa a sensação de que estamos lidando com um pedaço meramente intermediário da história, cujo verdadeiro objetivo não é desenvolvê-la plenamente, mas sim preparar um cenário que só será devidamente explorado em algum momento futuro.

Assim, Smoke & Mirrors não traz estímulos suficientes para convencer aqueles que ainda não compraram The Wolf Among Us a investir no título — até o momento, simplesmente não há conteúdo suficiente para justificar a ansiedade pelos próximos lançamentos da série. No entanto, caso você já tenha investido na compra do season pass e já possa acessar o título, não há motivos para não fazê-lo. De qualquer forma, esteja preparado para aguentar mais alguns meses de ansiedade e dúvida caso opte por seguir esse caminho.

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Pontos Positivos
  • Trama envolvente
  • Temas adultos são apresentados de forma competente
Pontos Negativos
  • Alguns bugs gráficos
  • Ritmo da história pode se tornar cansativo em alguns momentos
  • Duração bastante breve