Mortal Kombat 11 faz kombo supremo com melhor história e gameplay da série

É até esquisito pensar que Mortal Kombat X lançou há quatro anos. É, meu amigo! O tempo voou e Mortal Kombat 11 chegou. Inclusive, essa percepção de tempo é um dos principais destaques do novo game da franquia, que chegou com uma nova trama que mescla passado e futuro da série que adoramos.

Mortal Kombat é a minha franquia de luta predileta da vida e sempre me senti cativado pelo universo do jogo e fascinado pela violência gráfica (sempre com exageros tão criativos que chegam a ser cômicos). A Netherrealm certamente mostrou que sabe evoluir seu estilo de luta nos últimos anos, mas será que Mortal Kombat 11 pega o que a empresa tem de melhor e consegue criar o Mortal Kombat supremo? Vem ver a nossa análise completa!

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A trama mais incrível da franquia

Se tem uma coisa que Mortal Kombat sempre se superou é a história. Desde Mortal Kombat 9 a narrativa se tornou um dos pilares da franquia e desenvolveu um enredo muito cativante. E, como quase toda série, Mortal Kombat 11 partiu para navegar em águas perigosas: viagens temporais.

É delicado lidar com passado e futuro sem criar grandes furos de roteiro, mas felizmente Mortal Kombat 11 conseguiu tirar de letra essa tarefa. Há pequenas escorregadas aqui e ali, mas a desenvolvedora acertou com maestria na história do novo game, trazendo a melhor trama da nova trilogia.

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Não vou comentar muito para evitar spoilers, mas a ideia de trazer uma deusa do tempo que combina os defensores do reino do primeiro torneio com suas versões do futuro foi uma ideia muito legal! Se Mortal Kombat 9 foi nostalgia pura e Mortal Kombat X uma continuação de respeito, Mortal Kombat 11 junta o útil com o agradável.

O elenco de peso tem mais tempero do que nunca, com histórias sérias e um complô geral que daria facilmente um filme de altíssima qualidade. A única ressalva é que, provavelmente por conta de gastos para ter atores em todos os personagens, alguns combatentes simplesmente sumiram da história como Smoke, Reptile, Takeda e outros.

ATem uma galera faltando em Mortal Kombat 11

Vale lembrar que MKX tinham muitos personagens na história que não eram jogáveis e não deixou furos de roteiro nesse quesito. Stryker, Sindel e muitos outros se tornaram espectros de Quan Chi e não eram jogáveis, mas mesmo assim apareciam em cutscenes. Dessa vez, apenas os personagens robóticos dão as caras: Cyrax e Sektor. Com esse exemplo fica claro que os furos de história são unicamente associados aos custos de produção. Dá para relevar no contexto, mas faz falta.

Explorando novos horizontes

O modo aventura foi refinado, com muitos diálogos excelentes, senso de humor na dose certa e sem os tão temidos Quick Time Events. Agora, as únicas interações em cutscenes são as escolhas de personagens nas lutas, que vez ou outra oferece a opção.

É sensacional ver Scorpion e Sub-Zero mais velhos como aliados, é espetacular ver os monges shaolin do passado lutando lado a lado novamente e é ainda mais legal ver Johnny Cage jovem interagindo com sua versão velha e madura. A maioria dos personagens tem um desenvolvimento muito bom e é bem satisfatório o rumo que cada um deles segue.

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Pela primeira vez, a Exoterra e o Submundo tiveram destaques muito maiores, mostrando mais tons de cinza no contexto maniqueísta que a série deu para ambos os reinos até agora. Mortal Kombat X pode ter sido mais político, mas o décimo primeiro certamente foi mais humano.

Tudo é muito bem-contextualizado e escrito, saciando a fome de quem estava esperando uma continuação há anos. E, falando em diálogos, vale ressaltar a dublagem do Mortal Kombat 11 é de tirar o chapéu e corrige erros do passado.A Unidub (empresa de Wendel Bezerra), que fez Injustice 2 e muitas outras obras de alta qualidade, é a responsável e pode acreditar: a nova direção faz diferença. Tudo está muito bem localizado, com expressões bem brasileiras, e recheados de falas bem atuadas.

Após a campanha de cinco a seis horas, ainda vão restar as torres de personagem, que mostram o desfecho de cada lutador do game. Além das Torres Clássicas, ainda há as Torres do Tempo. Para quem jogou Injustice 2, elas são o equivalente do Multiverso, mas com algumas mudanças boas e outras ruins.

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Aqui, você pode usar itens consumíveis para deixar coisas bem mais apimentadas (algo pelo qual a série é famosa) e ganhar recompensas no fim de cada torre. Uma das ressalvas é que algumas torres têm chefões que são extremamente difíceis, com vidas de cinco a sete vezes maiores e com modificadores injustos para o jogador, forçando a customização com progressão lenta para a vitória. Esse é um dos pontos negativos, mas falarei mais no fim da análise. O ponto é: se você é um jogador que prefere modos single player, você estará bem-servido de conteúdo.

O melhor sistema de luta já feito pela Netherrealm

A história é ótima, claro! Mas vamos falar do que vai segurar Mortal Kombat 11 em seus próximos anos de vida: o combate. A jogabilidade em um game de luta é sem dúvidas o seu alicerce e o que encontramos aqui é um bem sólido. É incrível, mas a Nethrrealm novamente criou um Mortal Kombat ainda melhor. E pode esperar pelos Fatalities clássicos, que continuam uma das coisas mais legais.

O décimo primeiro game da série é o mais cadenciado de todos, com movimentação e golpes bem mais lentos. Se você está acostumado com o X, pode se preparar que é um contraste bem grande. É a maior evolução da franquia e ela veio para o melhor. Em outras palavras: tudo é muito mais fácil de visualizar e compreender.

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Diferentemente de Mortal Kombat X, o game é menos amigável com lutadores de primeiro torneio devido à sua complexidade consideravelmente maior. Sim, vai levar um tempinho maior para acostumar, mas é por um bom motivo.

Há muitos sistemas em ação em cada batalha. Vamos falar sobre novidades, o Fatal Blow e Crushing Blow (ou Golpe Esmagador, em português). Os golpes de Raio-X foram desmembrados em duas mecânicas: o Crushing Blow, que traz a homenagem ao golpe antigo e só pode ser usado como contra-ataque por vezes limitadas, e o Fatal Blow, que é o “novo” Raio-X, mas que só pode ser usado uma vez por partida quando sua vida está abaixo de 30% e não gasta barras de energia.

Falando nisso, pela primeira vez as barras de especiais foram divididas em duas: uma para ataque e outra para defesa. Isso permite que cada recurso possa ser utilizado para funções distintas, aumentando a ofensiva e a defesa durante toda a luta.

Vamos começar pelas opções defensivas: elas são muito mais vastas do que a simples quebra de combo de Mortal Kombat X. Agora, a gente pode se livrar de combos aéreos, fazer rolagens para ambos os ladose utilizar elementos do cenário ao seu favor. Há muitas outras mecânicas também, como bloqueios perfeitos, que não causam danos.

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Na parte ofensiva, é possível aprimorar alguns golpes especiais, como é esperado, mas também existe a possibilidade de realizar um contra-ataque após um bloqueio perfeito ou usar uma barra de ataque e defesa conjuntas para golpear logo após uma queda.

Pode parecer besteira, mas todas essas combinações e novidades deixaram a jogabilidade de luta ainda melhor. Ainda há questões pessoais nos gostos, como os combos feitos pela desenvolvedora, negative edge e a realização de combos com o pressionar prévio dos botões, mas é tudo isso que faz Mortal Kombat diferente dos concorrentes.

Extremamente balanceado e diversificado

No geral, há muitos “jokenpôs” de possibilidades durante toda luta. Não há nada do que reclamar na jogabilidade, mas há algo que me chama atenção: as barras de defesa e ataque recarregam sozinhas, o que torna os golpes especiais amplificados e fugas de combos uma questão de tempo até usar de novo.

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Por um lado, isso aumenta a velocidade das lutas e deixa tudo sempre dinâmico. Por outro, não há punições tão severas ao gastar o recurso à toa. Como não há quebras de combos como em Mortal Kombat X não acaba sendo um problema, mas é bom notar que essa mecânica funciona de maneira um pouco estranha.

E, por falar em dinamismo, há 25 personagens (contando Shao Kahn) e todos são bem distintos entre si. O peso, velocidade e ataques de cada um variam muito, como é de se esperar. Entretanto, além do balanceamento natural de combatentes, há também as variações de cada um.

O conceito já havia sido apresentado em Mortal Kombat X, mas retornou ainda mais robusto. Agora, os jogadores podem criar suas próprias variações, deixando tudo ainda mais legal. Em Mortal Kombat X, sabíamos as três variações de Kitana, por exemplo. Em Mortal Kombat 11, você cria o seu estilo de Kitana que se adapta melhor ao seu modo de jogo.

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Cada personagem tem golpes que sempre estão presentes e outros que podem ser equipados em até três espaços. E, mesmo nisso, as coisas são balanceadas. Os golpes mais poderosos, por exemplo, custam dois espaços, garantindo que nenhuma build fique poderosa demais.

Durante as minhas jogatinas no modo online, foi exatamente isso que me deparei: um sistema de luta extremamente bem-balanceado, dando chance a qualquer lutador de jogar seriamente um contra o outro. Certamente, há casos e casos em que determinado tipo de luta pode ser o calcanhar de Aquiles do outro, mas nada grave.

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E, falando no online, não tive problema algum de conexão em partidas casuais versus, Rei do Pedaço e até mesmo nas torres cooperativas. Os servidores ainda não estão sob estresse, já que o game não foi lançado ainda, mas parece que a diversão online não será problema.

Kung Lao tira o chapéu para os tutoriais

Você deve ter notado que há muita mecânica nova e diversas outras reformuladas. Sim, é bastante coisa até para os veteranos da série. Mas fica tranquilo: Mortal Kombat 11 tem um dos tutoriais mais completos que já vi em um game de luta. Depois de gastar mais de duas horas, vale a pena para entender tudo que o jogo tem a oferecer.

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O tutorial é tão completo que explica em detalhes até mesmo tempos de animações e frames.  Sabe quando você revida um ataque de um personagem e mesmo assim o adversário consegue defender? Sem dúvidas já soltou um: “que mentira! Como ele defendeu isso?”.

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Entender quantos frames cada golpe gasta e quantos frames de recuperação cada combo tem é essencial. Se você nunca entendeu isso à risca, os tutoriais de MK11 vão te ensinar isso de forma bem didática. Se você quer entender ainda melhor como tudo funciona visualmente, os tutoriais serão seu parceiro mais fiel.

O game de luta mais lindo da geração

Mortal Kombat 11 é sem dúvidas o mais cinematográfico de toda franquia. Visualmente, MK11 é belíssimo. As cutscenes são um colírio para os olhos da mesma forma que as lutas e seus efeitos gráficos, rodando tudo em 60 fps, são embasbacantes. A diferença gráfica entre o X e 11 é gigante: de fato atores reais e um salto de quatro anos faz muita diferença nos visuais.

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Os cenários são espetaculares, lançando sombras e efeitos luminosos com o que acontece no fundo (e há bastante coisa em movimento que dão vida às fases). Na história, as expressões faciais são extremamente convincentes: em uma cena, Kuai Liang mostra tristeza com um evento e o rosto do ator ajuda a tornar a cena crível, dando a profundidade que o enredo merece.

Além disso, os visuais também tem suas partes mais “triviais”. Entrando na onda de Injustice 2, Mortal Kombat 11 aproveita o embalo das customizações. Skins são legais, mas moldar o seu personagem é ainda mais bacana. Há centenas de combinações possíveis e os resultados são sempre interessantes.

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Cada personagem tem três equipamentos para trocar e cada um deles tem encaixes para joias que alteram os atributos. Como é que é? Sim, é isso mesmo, mas relaxa! Ter alterações nos status de força e demais elementos servem apenas para as torres e não impactam a jogatina online.

Na teoria, é algo espetacular, mas na prática pode ser um dos únicos pontos negativos de Mortal Kombat 11. Para você entender melhor, primeiro preciso explicar a Kripta, que retorna mais uma vez e de uma maneira bem interessante e com alguns contrapontos ruins que tiram o brilho da experiência.

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Kripta: uma evolução e um retrocesso

Agora, a Kripta é uma área gigantesca que exploramos em terceira pessoa, resolvendo diversos puzzles e visitando locais icônicos da franquia. Há inimigos que podem te matar, há armadilhas e, como você deve imaginar, muitos e muitos baús para liberar coisas novas, que inclui Fatalities e Brutalities.

Mas... é aí que a coisa fica meio complicada. Diferentemente de MKX, os baús aqui são aleatórios e há muitos, mas muitos deles, e pode apostar que eles não são baratos. Até aí, não seria problema. O que incomoda de verdade aqui é que além dos finalizadores e artes conceituais, itens estéticos, ícones, figuras para cartões de jogador e outros itens “bobos” se misturam.

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Em outras palavras, se você espera achar um Fatality, pode ser que só encontre itens consumíveis que mal vai usar nas Torres do Tempo. Ed Boon havia dito que não teríamos lootboxes, mas os baús da Kripta são basicamente a mesma coisa, mas com nome camuflado. Como há muitas caixas e três tipos de moedas que são difíceis de conseguir, tudo parece meio injusto. Como exemplo, já gastei muitas horas (cerca de 7 horas) e estou longe de pegar as recompensas bacana da Kripta (peguei apenas 5 Fatalities secundários). Em contrapartida, em cerca de duas horas era possível terminar a Kripta de Mortal Kombat X.

Os itens estéticos podem ser adquiridos com microtransações e nas Torres do Tempo, mas deveriam ficar somente por lá para que a Kripta não se tornasse um lugar recheado de conteúdo que nem sempre queremos.

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Ainda é difícil saber o desenrolar disso tudo, já que a loja para gastar dinheiro ainda está bloqueada neste momento, mas há um receio que isso tudo seja uma forma de empurrar microtransações. Vamos esperar para ver, mas tomara que não seja algo parecido com o que vimos em Star Wars Battlefront II.

Vale a pena?

Mortal Kombat 11 tem o pacote completo: lutas espetaculares, densidade de gameplay, online bacana, história de primeira e customização de dar gosto. Parece que a Netherrealm realmente criou uma obra-prima que vai perdurar por muito tempo na mão dos jogadores.

Como todo jogo, MK11 também seus pontos baixos, mas eles são mais triviais. Ter os personagens faltantes no modo história seria legal e o modelo de negócios da Kripta é algo bem desnecessário neste momento, mas teremos que esperar o desenrolar da história. Seja você um viciado em lutas online ou um apreciador de experiências single player, Mortal Kombat 11 é um jogo que você definitivamente tem que ter no seu radar em 2019.

Mortal Kombat 11 foi gentilmente cedido pela Warner Games para a realização desta análise.

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Pontos Positivos
  • História extremamente cativante que toma cuidado ao ligar linhas do tempo
  • Motivação e desenvolvimento dos personagens são muito satisfatórios
  • Jogabilidade refinadíssima, com muito mais profundidade, densidade e opções que balanceio os combates
  • Modo treino é um dos melhores já vistos em games de luta
  • Para amantes do single player, há bastante conteúdo, como as Torres Clássicas, Torres do Tempo e Kripta
  • Bom modo online com diversas opções e sem problemas de conexão
  • Um dos melhores visuais da geração, com características bem cinematográficas e recheadas de efeitos gráficos de primeira
  • Combates muito fluidos em 60 fps, sem quedas
  • Customização muito vasta e com bastante elementos visuais
Pontos Negativos
  • Para reduzir custos, diversos personagens existentes do universo simplesmente não aparecem no modo história
  • O sistema de conquista de extras na Kripta é extremamente forçado e, aparentemente, forçado para microtransações
  • Algumas Torres do Tempo são forçadas e injustamente difíceis