Imagem de Medal of Honor: Vanguard
Imagem de Medal of Honor: Vanguard

Medal of Honor: Vanguard

Nota do Voxel
56

De vanguarda apenas o nome

Não é nenhum exagero dizer que existem dezenas de jogos de tiro em primeira pessoa (FPS), em especial aqueles inspirados na Segunda Guerra Mundial. E mesmo que alguns se destaquem, como Call of Duty 3, a maioria posiciona-se perigosamente próximo ao abismo do esquecimento.

A existência de tantos títulos similares no mercado obriga os desenvolvedores a inovar para não perecer. Um bom exemplo das evoluções que destacaram alguns jogos foi a introdução da jogabilidade cooperativa, a possibilidade de esconder-se atrás de objetos, modos multiplayer online, entre várias outras inovações.

Em Medal Of Honor: Vanguard, estréia da franquia no Nintendo Wii, não vemos nenhuma inovação, e mesmo as novidades da série, como o a ausência da barra de vida e a recuperação relâmpago, já são velhas conhecidas de entusiastas do gênero.

O que salva Vanguard do esquecimento é o refinamento, mesmo que ainda incrivelmente falho, dos controles de jogos de FPS para o Wii. Isso aliado a gráficos razoáveis e uma boa qualidade de som tornam o jogo um título fácil de se esquecer, mas que pode garantir alguns momentos de diversão aos fãs de Wii, órfãos de um bom jogo de tiro.

Os pára-quedistas estão chegando

O jogo segue a história de Frank Keegan, um para-quedista da 82ª Divisão Aérea. A cada missão — das dezesseis presentes no jogo — você assiste a uma introdução narrada por Keegan, com imagens reais da Segunda Guerra, em preto-e-branco. Essa introdução conta um pouco do contexto histórico da operação em questão, já dentro do jogo uma breve animação apresenta os objetivos da missão.

O jogo divide-se em quatro campanhas, cada uma, reencenando uma grande operação real, entre elas estão a invasão da Sicília, Codinome Husky. O salto sobre a França, que serviu de anteparo ao desembarque nas praias da Normandia, Codinome Neptune. O maior ataque de pára-quedistas da história, ocorrido sobre o território holandês, Codinome Market Garden. E finalizando a operação que consolidou a derrocada alemã, com a tomada do rio Reno pelas forças Aliadas, Codinome Varsity.

Direita volver

Ao compararmos Vanguard a outros títulos do gênero lançados para Nintendo Wii o jogo apresenta controle muito mais refinados, mesmo que estes ainda pareçam estar em fase de desenvolvimento.

O sistema de controle é pouco intuitivo, sendo que os comandos da arma ficam por conta do Wii-mote, com a mira no botão A e o gatilho no botão B (tudo muito bom, pois aproveita-se da ergonomia do controle), entretanto vários outros comandos importantes ficam no mesmo controle, como no direcional e nos botões + e -. Com apenas uma mão, fica um pouco difícil dar conta de todos os comandos.

Se as coisas não estavam boas do lado do Wii-Mote, ficam ainda piores no Nunchuk. A idéia de deixar o controle de movimentação por conta do analógico do periférico foi boa, mas outros comandos como o de agachar, levantar, recarregar e mudar de direção (giro 180º) ficam todas por conta do sensor de movimento do Nunchuk. Imagine estar escondido atrás de uma pedra sobre fogo pesado, você espera pela brecha para atacar, mas um movimento errado da sua mão esquerda e você está de pé totalmente exposto, ou pior, ao tentar recarregar a arma você balança o controle para o lado errado e acaba executando um giro de 180º, ficando de costas para a ação.

Uma ponte longe demais

As missões não são particularmente interessantes e logo se tornam repetitivas. O que é uma pena levando em consideração o cenário da segunda guerra mundial e os personagens, membros da 82ª Divisão Aérea, divisão de para quedistas que teve participação decisiva no front europeu.

Que o gênero está sendo explorado a exaustão não é nenhuma novidade, mas mesmo assim sempre existe espaço para um pouco de criatividade. Vanguard parece uma coletânea de fases de títulos anteriores da série Medal Of Honor, estão todos lá, a missão onde você deve destruir a artilharia alemã em meio a trincheiras, onde você deve atravessar uma cidade bombardeada, eliminar a resistência em uma estrada ou tomar e defender um forte inimigo.

A grande novidade deveria ficar por conta dos saltos de pára-quedas, mas aparentemente os desenvolvedores deixaram o melhor desta função reservado para o jogo Medal Of Honor: Airborne. Nesta versão todo o que você pode fazer é controlar a direção e velocidade da queda, sendo que isso não altera em nada a jogabilidade, diferente do que Airborne pretende fazer.

Além da repetitividade o jogo apresenta pouca dificuldade, mesmo que essa evolua a níveis irritantemente difíceis próximos ao final. As fases iniciais e intermediária não apresentam um desafio considerável, e a dificuldade excessiva das ultimas missões parece querer compensar toda a falta de desafio apresentada ao longo do jogo.

Blitzkrieg Boom!

O som é um dos pontos fortes do jogo. A trilha sonora, disponível em cd, contribui para o clima do jogo, mesmo que este não corresponda na maioria das vezes. Os efeitos sonoros também estão bem condizentes, com os sons das armas e explosões.

As narrações também estão particularmente bem realizadas, acrescentando a história , mesmo que pouco aproveitadas, e a jogabilidade, já que seus companheiros de pelotão avisam quando você está sob fogo inimigo, onde estão posicionados os atiradores e até mesmo como completar alguns objetivos das missões.

Os gráficos estão bons, mesmo que o frame rate baixo e alguns problemas de renderização, mas no final das contas não afetam os cenários que mostram a Europa destruída pela guerra. Um porém fica por conto dos ambientes fechados, muito escuros dificultam demais a distinção de quem é quem, as vezes nem mesmo quando o inimigo está atirando (e o fogo sai do cano). Infelizmente o cenário não é muito interativo, uma pena já que jogos recentes tem apresentado mais e mais como esta característica pode ser interessante.

Entre mortos e feridos...

Vanguard não faz jus ao seu nome (vanguarda, traduzindo-se do original em inglês) e muito menos a reputação da franquia Medal Of Honor. Trata-se de um jogo sem muitos desafios, um sistema de controle incrivelmente irritante e pouco intuitivo.

Entretanto, entre mortos e feridos ainda é possível encontrarmos alguns espólios de guerra. Os gráficos, mesmo que ainda deficientes, mostram uma qualidade considerável. Mas quem leva a medalha de honra ao mérito são os efeitos sonoros presentes no título. A trilha, disponível em cd, dá um clima épico todo especial ao jogo e os efeitos dos tiros, explosões e diálogos conseguem criar uma boa atmosfera.

Medal of Honor: Vanguard é um jogo mediocre, na melhor acepção da palavra. Não se trata de um título ruim, mas não inova o suficiente para se destacar no saturado mercado de jogos de tiro em primeira pessoa.

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