Imagem de Life is Strange: Episode 1 – Chrysalis
Imagem de Life is Strange: Episode 1 – Chrysalis

Life is Strange: Episode 1 – Chrysalis

Nota do Voxel
90

A vida é feita de escolhas... Mas, aqui, adianta voltar atrás

Segundo uma definição conhecida do fenômeno, o Efeito Borboleta, pertencente à complexa Teoria do Caos, é aquele termo que se refere à dependência sensível existente entre cada pequeno detalhe do nosso universo. Nada melhor do que aquela frase clichê para explicar tudo: “o bater de asas de uma simples borboleta poderia influenciar o curso natural das coisas e, dessa forma, talvez provocar um tufão do outro lado do mundo”.

Life Is Strange – game desenvolvido pela Dontnod (a mesma de Remember Me) e publicado pela Square Enix – traz a borboleta e o tufão, um em cada uma das duas “pontas” do seu primeiro episódio, Chrysalis, e apresenta uma forma de “brincar” com os acontecimentos da vida de uma forma que realmente a faz parecer estranha, muito estranha. Com um superpoder incrível de voltar no tempo, a protagonista Maxine “Max” Caulfield nos apresenta uma perspectiva já abordada em filmes e jogos, mas com uma beleza nunca antes vista.

Voltando a fita

Alguns podem negar, mas muitos provavelmente já se imaginaram na seguinte situação: em sala de aula, o professor faz uma pergunta da qual você não sabe a resposta, e, depois do momento constrangedor que se segue, o sacana revela tudo o que gostaria de ter ouvido da sua boca. O quão legal não seria se pudéssemos voltar alguns segundos no tempo e proferir exatamente as mesmas palavras que ele havia dito?

É exatamente esse o conceito que Life Is Strange apresenta, e esse mesmo exemplo pode ser vivenciado por Max logo nos primeiros momentos do jogo. E, como se não bastasse a situação clichê em si, todo o acontecimento se desenrola para surpreender aquele que você “admira” e para botar para baixo aquela que você “detesta”. Não é culpa do game, diga-se de passagem – a culpa é do próprio ser humano, que faria exatamente aquilo, exatamente daquela maneira.

“Oi, meu nome é Maxine”

Maxine Caulfield é uma garota introspectiva de 18 anos que adora tirar fotos e volta para sua cidade natal – a fictícia Arcadia Bay, em Oregon – depois de passar cinco anos longe dela. Max retorna ao local e passa a frequentar o curso de fotografia na Blackwell Academy – uma instituição que equivale ao Ensino Médio aqui no Brasil. Lá, o misterioso desaparecimento de uma jovem parece ter grande importância para a trama como um todo.

Abarrotado de adolescentes e jovens adultos, é normal pensar que esse seria um lugar propício para confusões. É no meio de uma dessas situações complicadas que Max descobre que tem o surpreendente poder de voltar no tempo e mudar o curso de alguns conhecimentos. Com o tempo, Max percebe que essas “viagens” são conscientes, e ela consegue manter registrado tudo aquilo que ainda não aconteceu. O funcionamento desse sistema é uma ótima oportunidade para introduzir outro conceito que o game apresenta: o sistema de escolhas.

Plante agora e colha no futuro

O complexo sistema de escolhas com reflexos no futuro não é uma exclusividade de Life Is Strange. O mesmo esquema pode ser observado em vários títulos, como Beyond: Two Souls, Heavy Rain e The Walking Dead, mas o efeito borboleta deste título da Dontnod traz uma dinâmica diferente para a jogatina.

É impossível saber quais serão os “frutos” colhidos no futuro, mas dá para mudar de ideia em poucos instantes e descobrir uma infinidade de novas possibilidades a cada escolha que você faz. Funciona mais ou menos como a situação do professor e a pergunta da qual você não sabe a resposta: ao entrar em uma conversa, você acaba descobrindo tantos novos detalhes que, ao começar novamente essa conversa (depois de voltar no tempo), novas opções de falas são disponibilizadas – algo realmente interessante e que mostra a riqueza de detalhes do título.

Obviamente, nem tudo no game produz resultados tão drásticos e imediatos para o futuro, e Life Is Strange faz questão de avisar quais acontecimentos fazem isso. Com um borrado na tela e um grande aviso de “This action will have consequences” (“Esta ação terá consequências”), o jogador tem a possibilidade de mudar as suas decisões apenas voltando no tempo, mas só enquanto permanece naquele cenário da ação. Depois disso, já era – esta ação terá consequências, e você não sabe quais serão.

A dinâmica das escolhas todos já conhecem: plante agora e colha no futuro. Cada uma de suas decisões vai impactar em como o game se desenrola, e é possível ter um gostinho disso só voltando no tempo e conferindo as diversas reações dos personagens. Mas, como dissemos, algumas consequências só virão depois, e não há como saber quais serão elas.

Bonito de se ver e ouvir

Life Is Strange não é um título AAA que quer se comprometer com o realismo de seus gráficos. Mesmo assim, não há como não enxergar beleza nos belos cenários apresentados pelo game. Mesmo que a riqueza de detalhes não seja o forte do jogo, é possível ver como os criadores souberam dar destaque para o que é preciso: expressões faciais e corporais.

Quando se trata de ouvir, a desenvolvedora parece ter um “dedo de ouro” para escolher as músicas que vão ser tocadas (e quando elas vão ser tocadas). A trilha sonora é realmente envolvente e dá vontade de baixar as canções para depois. Quer sentir um gostinho? Abaixo deixamos a música que acompanhou o trailer de anúncio de Life Is Strange: Obstacles, de Syd Matters.

Cinco episódios a cada seis semanas (e só)

O propósito de distribuição do título é bem definido e bastante claro para quem quiser se aventurar a comprá-lo. A Square Enix e a Dontnod pretendem lançar um episódio de Life Is Strange a cada seis semanas, totalizando cinco “temporadas” no total (mais ou menos como a Telltale fez com The Walking Dead). Nós sabemos: parece muito ter que esperar um mês e meio para poder jogar o game novamente, mas isso porque nem mencionamos quanto tempo é possível levar para terminá-lo.

Jogadores menos detalhistas e que não dão muita atenção para os diálogos podem facilmente fechar o título em pouco mais de uma hora. Mas o objetivo, obviamente, não é esse. Com a possibilidade de voltar no tempo, é provável que qualquer um seja tomado pela curiosidade de saber quais seriam as reações caso Max tivesse agido de uma forma diferente. Muitas dessas escolhas, como já dissemos várias vezes, só vão dar frutos no futuro (em outros episódios, inclusive), mas algumas produzem efeitos instantâneos.

Bastante conversa

Falando nos diálogos e suas possibilidades, vale a pena deixar bem claro que este é um jogo para quem está disposto a ler – e ler bastante. Se há um ponto que pode amedrontar e, de fato, afastar muitos jogadores é a limitação de idioma de Life Is Strange. A dublagem está disponível apenas em inglês, e a legenda/interface pode ser visualizada em inglês e francês. Não manja dessas línguas? Então esquece... 97% do game é diálogo, e não entender o que está acontecendo quebra toda a magia do jogo.

Durante os testes, o sistema de escolhas também enjoou um pouco com o tempo. Chega uma hora em que a gente começa a se preocupar apenas com as respostas que realmente vão impactar nos futuros episódios (aquelas nas quais aparecem a mensagem “This action will have consequences”). De qualquer forma, os curiosos vão querer explorar cada canto do título, e isso vai consumir tempo.

Vale a pena?

Disponível para o famoso “quinteto fantástico” (PC, PlayStation 3, PlayStation 4, Xbox 360 e Xbox One), Life Is Strange não apresenta diferenças entre cada uma das plataformas. Portanto, não importa qual delas você tenha ou escolha, a experiência provavelmente será a mesma em todas.

Sobre a experiência? Life Is Strange traz dois conceitos já batidos – a volta no tempo e o sistema de escolhas –, mas os apresenta de uma forma bastante envolvente e bonita. Com uma direção de arte de fazer inveja, uma trilha sonora magnífica e personagens profundos, este game promete ser uma grata surpresa para quem experimentá-lo. O primeiro episódio da trama não deu muitas respostas e vários mistérios serão resolvidos apenas nos próximos capítulos. Porém, este foi um bom passo inicial da franquia e, apesar de curtinho, deixa aquele gostinho de “quero mais”.

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Pontos Positivos
  • Arte gráfica belíssima
  • Sistema de escolhas complexo
  • Trilha sonora espetacular
  • Boa apresentação do conceito de Efeito Borboleta
Pontos Negativos
  • Legenda e narrativa não disponível em outros idiomas
  • Jogo muito curto
  • Diálogos podem ser um pouco enjoativos