Imagem de F1 2015
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F1 2015

Nota do Voxel
80

O circo da F1 está lindo, mas a falta de inovação pode apagar seu brilho

Desde que assumiu as rédeas da franquia de jogos oficiais da Fórmula 1, em 2010, a Codemasters vem entregando jogos melhores ano após ano. Para a atual temporada, não poderia ser diferente: F1 2015 é uma evolução – mesmo que de forma mais discreta – com relação ao seu antecessor.

Nessa edição do game, a Codemasters claramente se esforçou para trabalhar em um aspecto que, pelo menos em outros jogos de corrida, não é tão considerado assim: a ambientação. A introdução das corridas, a comunicação com o engenheiro, as câmeras similares às de uma transmissão de TV, tudo é feito para que você realmente se sinta no papel de um piloto de Fórmula 1.

Além disso, F1 2015 continua com uma receita que fez dos títulos anteriores um relativo sucesso: é extremamente democrático e pode agradar tanto aos jogadores casuais quanto aos entusiastas do gênero de corrida que gostam de uma pegada mais hardcore nos jogos.

Mesmo tendo um caminho a ser percorrido para corrigir alguns detalhes, é impossível negar que F1 2015 conseguiu manter a sua posição como o melhor representante da categoria máxima do automobilismo mundial nos games.

Um jogo, duas temporadas

O jogador já é contemplado com a seleção da temporada de que quer participar: 2014 ou 2015. A diferença principal nessa escolha está, além da relação de pilotos e equipes, no desempenho dos carros. Esse aspecto ficou ainda mais acentuado em F1 2015, no qual existe uma diferença clara na jogabilidade entre os carros que costumeiramente ficam à frente no grid com relação aos demais.

A primeira escolha é de qual temporada você quer participar

Um dos diferenciais de F1 2015 é que, diferente dos seus antecessores, ele foi o primeiro jogo lançado pela Codemasters em julho, na metade da temporada real da categoria – os demais geralmente estreavam entre outubro e novembro, quando tudo estava meio encaminhado.

O impacto disso é que algumas equipes podem apresentar uma melhora de desempenho até a última corrida do ano, e a Codemasters fez questão de refletir isso no jogo ao anunciar que lançará atualizações que farão as correções necessárias.

Acima de tudo, democrático

Sem qualquer pretensão de ser um simulador de automobilismo, F1 2015 traz uma evolução modesta na jogabilidade com relação ao jogo do ano passado, mas ainda assim é possível notar que ela mudou – e para melhor.

A direção continua precisa, mas o comportamento dos carros é visivelmente diferente, principalmente considerando-se equipes em posições bem distintas no grid. Pilotar uma Mercedes no papel de Lewis Hamilton é uma experiência bem mais tranquila do que a briga que acontece no papel de Felipe Nasr em sua Sauber.

Como na vida real: a performance das equipes varia bastante, e é normal que os mesmos pilotos da temporada real estejam sempre na frente

É possível notar a diferença da aderência na pista de acordo com a temperatura e condição dos pneus. Além disso, a chuva é outro fator que muda substancialmente o comportamento do carro.

Para atenuar um pouco, o game oferece diversas assistências em níveis diferentes, para que você adapte o nível do desafio ao seu estilo de jogo sem correr o risco de deixá-lo fácil demais ou difícil demais.

Os mais experientes podem inclusive mexer no acerto do carro em diversos aspectos, como suspensão, quantidade de combustível, pressão aerodinâmica e lastro. Mas para quem não conhece tanto assim do assunto, é possível escolher acertos predefinidos pelo jogo que explicam de forma fácil o que é alterado.

É possível optar por ajustes predefinidos ou então mexer em cada detalhe do carro

Além disso, para quem está habituado com um esquema de controles diferente dos oferecidos por padrão em F1 2015, é possível customizar as ações dos botões. É um jogo, acima de tudo, bem democrático, feito para agradar desde os jogadores casuais até os mais exigentes.

Sentindo na pele o que é ser um piloto de Fórmula 1

Modo temporada: o mais tradicional em F1 2014 continua sendo o principal também em 2015

O principal modo de jogo de F1 2015 é, sem dúvidas, o temporada. Como na versão anterior, você pode escolher qualquer um dos 20 pilotos das 10 diferentes equipes deste ano para começar sua trajetória pelas 18 diferentes etapas.

A mais nova modalidade, no entanto, vai agradar aos que gostam de algo mais desafiador: a temporada pro. Diferente do convencional, ela elimina toda e qualquer assistência, trava a câmera para o modo cockpit e exclui todos os elementos da HUD na tela e também a possibilidade de se reiniciar uma sessão. Ou seja: se você bater, só resta lamentar e seguir para a próxima corrida.

Temporada Pro elimina todas as informações da tela, trava a câmera no modo cockpit e é o mais próximo da experiência real da Fórmula 1

Além disso, a dificuldade é ajustada automaticamente para a mais difícil e o jogador é obrigado a passar pelas sessões que têm duração real – treino com 90 minutos, três classificatórios e depois a corrida, com duração de mais de uma hora.

A grande novidade que o game traz, no entanto, não está tão relacionada à ação dentro da pista, mas sim na preparação para que ela aconteça – o famoso "circo da Fórmula 1".

Desde a narração de introdução às corridas, os takes que remetem às transmissões de TV – incluindo cenas com os pilotos cedendo entrevistas e se preparando antes de entrar no carro – até o momento que antecede a largada, com o seu carro rodeado por mecânicos e equipes de TV, tudo é feito para que você se sinta no papel de piloto.

Mais um no grid

A inteligência artificial também recebeu melhorias desde o último jogo. Os demais pilotos se comportam de forma mais natural e a corrida progride de uma maneira mais orgânica, algo bem perceptível nas dificuldades mais altas.

Então não espere vida fácil quando estiver nas primeiras posições: os demais competidores do grid vão forçar ultrapassagens se você der abertura e vão disputar curvas com você de forma um pouco agressiva, mas sem arriscar demais.

Eles também buscam traçados mais defensivos para dificultar a sua ultrapassagem e ocasionalmente podem até causar algum tipo de acidente, o que não é comum, mas é inteiramente possível em uma competição de verdade – e que ajuda a deixar tudo mais crível.

Esse tipo de comportamento faz com que a corrida tenha ação do começo ao fim, já que você se vê brigando por posições constantemente. Isso faz com que a prova seja mais do que simplesmente andar despreocupado enquanto ultrapassa todo mundo.

O fator inovação

Apesar da experiência imersiva, o jogo acaba derrapando em um aspecto muito similar ao F1 2014: a falta de algo realmente diferente que faça com que tudo não se torne repetitivo e monótono demais depois de algum tempo.

Enquanto em 2013 a Codemasters trouxe o aclamado "Classic Edition", que permitia ao jogador pilotar carros icônicos em pistas clássicas da categoria, F1 2015 não oferece nada parecido e acaba falhando em prender a atenção do jogador efetivamente.

A ausência de um modo carreira também tem seu impacto, visto que não é mais possível criar o seu piloto e ir galgando posições melhores a cada temporada. Dessa vez, assim como no ano passado, o foco demasiado na pura experiência de pilotagem e sem grandes novidades no principal modo do jogo pode fazer com que o game se torne cansativo rápido demais.

Bonito e nada ordinário

Outra grande qualidade de F1 2015 são os gráficos. Apesar de não serem exatamente surpreendentes antes das corridas – embora sejam muito bonitos ainda assim –, é durante a ação que a coisa muda de figura: detalhes de capacetes, luvas e dos próprios carros saltam aos olhos.

Cada um dos modelos, inclusive, teve seu cockpit representado de forma fiel, de forma que os volantes dos carros variam de equipe para equipe. Outros detalhes, como a movimentação dos mecânicos nos boxes, foram feitos para não quebrar a experiência e ser visualmente agradável.

Os circuitos também são extremamente detalhados e, apesar do asfalto parecer "limpo" demais, não se resume apenas à pista em si, mas também aos arredores, fazendo com que o horizonte não seja um imenso vazio. O circuito de Mônaco, por exemplo, é retradado com uma qualidade impressionante.

O clima dinâmico é outro item que vale a pena ser destacado em F1 2015. Efeitos como a chuva ou as corridas noturnas de Bahrein e Cingapura são um espetáculo à parte.

Ouvidos abertos

F1 2015 não é apenas visualmente bonito: ele também soa muito bem. Cada motor tem um som e performance únicos e diversos efeitos sonoros foram fielmente representados, como o "espirro" das turbinas e, é claro, a cantada dos pneus travados em uma frenagem mais forte.

Um dos áudios mais importantes, no entanto, chega através do rádio: o engenheiro passa informações preciosas a respeito das condições do seu carro, como a temperatura de pneus e freios. Além disso, ele comenta sobre o seu desempenho em diferentes partes do circuito e pode dar informações sobre o clima e situações da corrida, como no caso de eventuais batidas.

Usuários de consoles podem inclusive usar o sistema de voz disponível para solicitar informações ao engenheiro, além de poder pedir ajustes aerodinâmicos em pit stops. Para aqueles que não dispõem do sistema (e também para os usuários de PC), as mesmas solicitações podem ser feitas através de comandos no controle mesmo.

Falta pouco para o pódio

A evolução de F1 2015 é clara, mas também é perceptível que a Codemasters resolveu não arriscar muito para não estragar uma fórmula que vem dando certo: um game extremamente bonito, com uma ótima qualidade sonora, além de jogabilidade precisa e abrangente graças às inúmeras opções de dificuldade e assistências.

Essa aposta conservadora, no entanto, faz com que o seu mais novo título, mesmo com tudo isso, fique aquém de seu verdadeiro potencial por não oferecer algo realmente inovador, principalmente depois de ter demonstrado que isso é possível em edições anteriores.

Isso é parcialmente compensado pelo ótimo trabalho da desenvolvedora em trazer não apenas a simples experiência de pilotar, mas de viver o circo da Fórmula 1. Mesmo sem inovar, F1 2015 mantém a franquia como a melhor representante da categoria mais conhecida do automobilismo, mas que ainda precisa melhorar para brigar pelas primeiras posições.

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Pontos Positivos
  • Jogabilidade abrangente através de assistências
  • Pode ser adaptado tanto para jogadores iniciantes como para os mais exigentes
  • Ambientação incrível, trazendo o circo da F1 para dentro do game
  • Gráficos e sons excelentes
  • Inteligência artificial desafiadora e natural
Pontos Negativos
  • Pouquíssimas inovações com relação aos jogos anteriores
  • Grande possibilidade de se tornar monótono e repetitivo em pouco tempo
  • A falta de um modo carreira impacta no fator replay do jogo