Imagem de EA Sports UFC
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EA Sports UFC

Nota do Voxel
75

Sangue e suor nos octógonos virtuais [vídeo]

Após passar anos nas mãos da THQ, a marca UFC passou recentemente a ser responsabilidade da EA Sports, que pela primeira vez pode trabalhar diretamente com a imagem de atletas como Anderson Silva e Jon Jones. Tamanha responsabilidade fez com que a empresa acionasse o time responsável pelo desenvolvimento da série Fight Night com o objetivo de desenvolver um título que não somente conseguisse traduzir com competência a brutalidade dos ringues, mas que também respeitasse todo a estratégia que vemos dentro dos octógonos.

Adotando a engine Ignite (a mesma da série FIFA), EA Sports UFC chegou recentemente ao Xbox One e ao PlayStation 4 apresentando uma fidelidade gráfica impressionante. Apesar de sua beleza, no entanto, o game se mostra uma experiência longe da perfeição, apresentando alguns problemas típicos de um estúdio que trabalha pela primeira vez com um material que não lhe é exatamente familiar.

Apresentação impressionante

Não podemos falar sobre este título sem mencionar o quanto ele está bonito. A EA Sports realmente aproveitou o poder oferecido pelo PlayStation 4 e pelo Xbox One, criando aquele que pode ser considerado o jogo multiplataforma mais atraente a ser lançado nesse início de geração — algo que não é exatamente surpreendente, visto que o mesmo time responsável pelo jogo criou Fight Night: Round 3, game que fez o mesmo pelo Xbox 360 e pelo PlayStation 3 na época em que esses consoles chegaram ao mercado.

Todos os lutadores inclusos no título são reproduções fiéis de suas contrapartes reais, incluindo seus movimentos característicos, estilos de luta e golpes. Enquanto Anderson Silva usa sua velocidade para escapar de adversários (com direito ao uso da guarda baixa), Mark Hunt usa ganchos devastadores para derrubar seus oponentes, ao passo que José Aldo usa suas técnicas de jiu-jitsu para dominar os ringues — isso só para citar alguns exemplos.

Além de apostar em modelos extremamente realistas (cujas contusões e cortes parecem reais, não somente texturas fixas), a EA Sports também reproduz de maneira fiel outras características do esporte, como octógonos, equipamentos, vestimentas e até mesmo patrocinadores. Embora franquias como o Burguer King estejam ausentes do título, é impressionante a quantidade de parcerias que a empresa conseguiu estabelecer para criar uma versão virtual fiel ao UFC — com direito à aparição até mesmo da marca Bony Açaí.

EA Sports UFC é aquele tipo de jogo que você quer mostrar para familiares, amigos e namoradas/namorados para tentar justificar o investimento alto exigido por uma plataforma da geração atual. O game é tão realista que desavisados podem acompanhar uma partida acreditando que estão vendo a transmissão de uma luta real.

Sistemas complexos (até demais)

Embora quem não acompanha de perto o UFC possa acreditar que o esporte se trata da mera troca de agressões aleatórias entre duas pessoas, cada confronto apresenta em si uma gama variada de estratégias de ataque e defesa combinada a diferentes técnicas de luta. E é justamente essa complexidade que a EA Sports tenta reproduzir em seu título, mesmo que nem sempre consiga cumprir essa tarefa da maneira esperada.

O game se divide em três momentos: a troca de socos e chutes enquanto ambos os lutadores estão de pé, os clinches e, por fim, ocasiões em que ambos os adversários estão no chão usando técnicas de jiu-jitsu. Cada uma dessas situações apresenta diferentes espécies de comandos, usando os botões do controle de maneira ligeiramente distintas entre si — e é justamente aí que entra um dos pontos mais problemáticos do game.

Ainda que o gênero “jogos de luta” como um todo já seja conhecido por sua complexidade e pela baixa acessibilidade, EA Sports UFC consegue tornar o aprendizado mais difícil do que o necessário ao simplesmente não explicar de maneira clara o que é preciso fazer para vencer. O modo tutorial deixa de fora muitas explicações essenciais, não ensinando como tomar a posição dominante após ser levado ao chão, por exemplo — caso você siga somente o que ele tem a dizer, não vai aprender como fintar golpes adversários, tampouco vai saber como ganhar a dominância sobre um adversário mais agressivo.

Para tentar compensar um pouco isso, o game apresenta uma série de desafios que exploram de maneira mais profunda cada um dos sistemas disponíveis. Infelizmente, mesmo após completar essa etapa permanecem dúvidas que só serão sanadas recorrendo a algum guia online ou após você perder diversas lutas até entender os motivos pelos quais está falhando tanto.

Outro ponto do jogo que merece críticas é que, apesar de cada situação de combate apresentar táticas e golpes bastante específicos, a transição entre elas é um tanto quanto robótica. Da mesma forma, talvez em nome do “fair play, a empresa não reproduz algumas situações comuns ao UFC, como quando, após desferir um soco forte em seu adversário, o lutador “parte para cima” dele de maneira agressiva para finalizá-lo — tal qual acontece na série Fight Night, você vai ficar “socando o ar” caso continue atacando depois de um lutador ir a nocaute.

Vire o rei do octógono

Tal qual acontece em outras séries da EA Sports, o principal modo do game consiste em investir na carreira de um atleta iniciante. Para isso, você deve criar um personagem com características totalmente personalizáveis, incluindo desde sua categoria de peso até elementos como tatuagens e golpes especiais — estranhamente, a opção não permite investir em personagens do sexo feminino, cujos modelos estão presentes no game.

Após participar de uma recriação rápida do reality show Ultimate Fighter, você inicia sua carreira e deve vencer as lutas de categoria mais baixa antes de poder desafiar os grandes nomes do UFC. Entre um confronto e outro, é preciso passar por diferentes tipos de treinamento que garantem pontos que se transformam em melhorias para as habilidades de seu lutador — o sucesso nos octógonos também garante novos patrocinadores, itens e opções de golpes.

Um ponto interessante desse modo é a maneira como ele determina a duração da carreira de seu lutador. Tal qual acontece em confrontos reais, contusões e outros tipos de dano são carregados de uma luta para outra, e descuidar da saúde de seu lutador pode fazer com que seu tempo dentro dos ringues seja encurtado.

Infelizmente, a inteligência artificial dos adversários não é exatamente genial e não faz um bom trabalho em tornar as lutas emocionantes. Assim, não demora muito tempo até que os confrontos desse modo se tornem previsíveis e fáceis de serem vencidos, especialmente após você já ter investido em melhorias substanciais para as habilidades de seu lutador.

Com isso, a real estrela do game acaba sendo seu modo multiplayer, seja offline ou online (que conta com um sistema de categorias semelhante ao dos torneios de FIFA). Jogar contra uma pessoa que possui o mesmo nível de habilidade que o seu resulta em confrontos bastante imprevisíveis e divertidos, nos quais um golpe bem dado pode inverter o rumo de uma luta.

Vale a pena?

Apesar de chamar a atenção com uma apresentação surpreendente, EA Sports UFC peca por oferecer um sistema de combates que não faz jus ao que vemos nos octógonos reais. A transição entre os diferentes momentos de uma luta se mostra superficial, e a falta de impacto dos golpes faz com que pareça que estamos usando bonecos de plástico e não lutadores reais — mesmo que os modelos empregados sejam extremamente fidedignos.

O sistema de combates complexo contribui para aumentar a longevidade do título, porém a falta de explicações faz com ele se mostre pouco convidativo em alguns pontos, algo que contribui para afastar jogadores mais casuais. Da mesma forma, o modo carreira é interessante para os fãs do esporte, mas a falta de variedade logo faz com que ele se torne monótono, o que diminui a vontade de continuar investindo no desenvolvimento de um lutador personalizado.

O que salva o título é o modo multiplayer, que se mostra divertido, contanto que você encare adversários com um nível de habilidade semelhante ao seu. Felizmente, a Electronic Arts apresenta servidores estáveis, o que torna mínimo o lag testemunhado em partidas online, algo essencial para um jogo de luta que exige tanta precisão na realização de comandos e táticas de ataque e defesa.

Com o game, a EA Sports constrói uma base sólida, mas que peca ao não capturar com competência as características do esporte que lhe servem como inspiração. Agora que as partes técnicas do jogo já foram resolvidas, resta a esperança de que uma sequência consiga desenvolver um sistema de gameplay tão envolvente quanto aqueles que vemos nas séries FIFA e Madden NFL.

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Pontos Positivos
  • Gráficos impressionantes
  • Traduz com precisão os movimentos e estilos de ataque de cada lutador presente
Pontos Negativos
  • Sistemas de combate são mal-explicados
  • Inteligência artificial previsível contribui para tornar o modo carreira repetitivo
  • Transições entre diferentes momentos de luta são artificiais