Imagem de Battlefield V
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Battlefield V

Nota do Voxel
83

Battlefield V traz avanços para a franquia ao custo de certos desfalques

Depois de um ano de hiato, Battlefield retornou mais uma vez aos consoles e PC em uma temática que ficou de fora muito tempo: a Segunda Guerra Mundial. Como a franquia começou aí e nunca mais voltou à essa era, Battlefield V era quase como um retorno às raízes, mesmo que de forma não intencional.

E ele voltou. Confesso: Segunda Guerra Mundial é uma época extremamente apelativa (no bom sentido), já que é o berço dos grandes shooters atuais, e estava extremamente empolgado em encontrar o melhor jogo da franquia até hoje. Infelizmente, não foi o caso, mas ainda assim Battlefield V me divertiu por dezenas de horas. Vem ver a nossa análise completa:

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Histórias de Guerra têm seus altos e baixos

Diferentemente de Call of Duty: Black Ops 4, Battlefield V manteve firme a sua campanha. Chamada de Histórias de Guerras, cada capítulo do modo história traz um personagem diferente em uma época distinta da Segunda Guerra.  No total, há três atos para jogar (com exceção do prólogo, que é bem curtinho).

No geral, a qualidade é boa, mas já de cara vale ressaltar alguns pontos: o conjunto da obra é curto (dura cerca de 6 horas, com margem para mais ou para menos) e há altos e baixos. Nenhum dos três capítulos é ruim, mas há alguns que decepcionam um pouco por não explorar o potencial que reside ali e por não esticar uma campanha que poderia ser ótima.

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Além disso, o capítulo final das Histórias de Guerra, chamado de O Último Tiger, está ausente. Esse poderia ser o mais empolgante de todos, já que vai retratar o lado alemão nazista durante a queda de Berlim no fim do confronto e tem de tudo para mostrar uma visão pouco explorada. Mas, infelizmente, só em março de 2019.

O bom e o ruim da campanha

Nordlys é possivelmente a campanha mais ambiciosa de todas as três, com uma área aberta bem grande para explorar, um enredo mais tocante e trechos de ação e furtividade na medida certa. Apesar de ser curta, talvez a equipe tenha conseguido passar a experiência desejada do jeito certo, trazendo desenvolvimento dos personagens na medida do possível com trechos bacanas de se jogar.

Tirailleur foi a que mais me surpreendeu de todas as três e talvez devesse ter sido o modelo adotado desde o começo. Esse capítulo de fato é uma história de guerra: há personagens legais, mas o foco é outro, é conta uma história impressionante que aconteceu durante a Segunda Guerra e que é muito interessante de consumir, quase como um documentário (apesar de ter partes fictícias).

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Esse episódio do modo campanha traz a realidade dos soldados senegalenses que participaram da guerra como parte do território francês, já que a França convocou suas colônias para ajudarem a lutar contra a ocupação alemã de quase meia década (para defender e dar a vida por um país que jamais colocaram os pés). E, apesar dos bravos esforços dos soldados (que foram além dos próprios franceses), o mérito e honra ficaram somente aos brancos, retratando o racismo que ocorria até mesmo em épocas de vida ou morte.

Enquanto Nordlys tem um balanço bom entre desenvolvimento de personagens e história, Tirailleur é focado totalmente nos fatos históricos. Já o capítulo Por Conta Própria vai pra outro caminho e usa praticamente somente o desenvolvimento de heróis na tela. Quando tive a chance de conversar com os desenvolvedores da DICE, eles me disseram que esse capítulo seria uma mistura de “Snatch: Porcos e Diamantes” com “Mad Max: Estrada da Fúria”. Humor e escala épica. Promissor, não?

Bom, talvez a expectativa tenha sido alta demais, mas esse capítulo me deixou com gostinho de quero mais e achei que ficou solto, quase sem propósito. A temática é espetacular e traz unidades do exército britânico que eram compostas por criminosos e desordeiros que tinham missões bem diferentes: infiltrar bases, retaliar, destruir pontos-chaves operacionais e correr do local (um modelo que foi seguido por todo o mundo).

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Combinado os personagens extremamente carismáticos e bem-humorados, o tom da campanha é muito bom. Mas quando você menos esperar, terá acabado. No fim, Por Contra Própria deixa a sensação de prólogo e mal tem tempo de cultivar o rico solo fértil que construiu, de mostrar mais do humor de cada personagem e de colocá-los em mais situações que crie simpatia entre o jogador e o soldado do jogo.

Multiplayer de sempre, com várias melhorias e algumas carências

Apesar de a campanha ser um toque legal em Battlefield V, o grande foco do game sempre foi e sempre será seu módulo multiplayer que tem um tom grandioso e com senso de escala bem amplo. E mesmo com melhorias significativas na movimentação, nas classes (que tem especializações) e outros aspectos, o jogo deixa algumas coisas para trás que não foram benéficas.

Por enquanto, vou me ater mais aos quesitos técnicos e mecânicos. Battlefield V tem algumas novidades bacanas, como movimentação muito aprimorada, possibilidade de resgatar companheiros do esquadrão sem precisar de um médico, um sistema de cura mais interessante e técnico (esqueça recuperar 100% da vida em uma cobertura) e muito mais.

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Mecanicamente, há avanços interessantes que deveriam ser mantidos nos próximos títulos da franquia. A possibilidade de reviver membros do esquadrão (de forma mais lenta) ajuda a balancear a partida e dar mais espaço para as classes de Suporte ou Assalto, enquanto a nova mecânica cura automática ajuda a encurralar os oponentes e a dar um gerenciamento mais estratégico de suprimentos. As caixas de cura no cenário que ajudam todos a recuperar vida sumiram; a cura é individual e depende de um item.

Uma nova mecânica sensacional é a de construção de fortificações: todo soldado consegue agora criar fortalecimentos nas bases que ajudam a proteger contra investidas inimigas. Vale ressaltar que isso está longe de ser algo como Fortnite (não é preciso coletar recursos nem é possível construir em qualquer lugar) e também é uma faca de gumes: caso o inimigo capture o ponto reforçado, ele pode utilizar isso a seu favor e complicar a vida do seu time.

O novo chamado de suporte de esquadrão é outra adição interessante. Todo líder de esquadrão pode acumular pontos de conquista para chamar alguns auxílios, que vão desde suprimentos e veículos a bombas que podem mudar drasticamente a captura de um objetivo. É legal, é interessante, mas podia ter mais opções.

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Entretanto, Battlefield V também tem alguns desfalques que fazem falta. Não há mais as armas especiais de cada fase (como o rifle anti-veículo ou o lança-chamas), assim como os veículos colossais que podiam mudar a partida para o time perdedor quando a diferença era brutal. Essas mecânicas eram realmente divertidas e davam um ar mais estratégico a cada partida. Alguns objetivos de captura eram mais cruciais que outros (e algumas vezes eram mais longes, gerando uma situação de risco e recompensa). Nesse aspecto, a sensação é de retrocesso e é difícil entender por que isso aconteceu.

Destruição em massa: o caos ainda mais refinado

Um dos maiores méritos que observei durante as horas e horas de jogatina online é como a DICE aprimorou ainda mais o caos desenfreado da destruição quase completa de praticamente qualquer estrutura dos mapas. O que já era bom em Battlefield 1 ficou ainda melhor.

Não só os edifícios e fortificações são destrutíveis como eles têm etapas diferentes de demolição. Diferentemente de Battlefield 1, em que o campo de batalha ficava mais desolado ao fim da partida, Battlefield V pode trazer mapas quase dizimados ao final do turno.

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Além de ser visualmente espetacular, estratégicamente é algo bem interessante, já que a cobertura das tropas ficam comprometidas e força os inimigos a adotarem novas estratégias.

Operações Grandiosas está melhor do que nunca

Se no modo Conquista as coisas deram alguns passos para trás, Operações Grandiosas e Linhas de Frente são destaques inesperados do multiplayer. Além de serem modos legais para variar do padrão, parece que a estrutura está melhor delineada e o senso de guerra contínua (uma campanha de guerra, não “partidas”) está muito bom.

Mesmo utilizando os mesmos mapas dos demais modos, Operações Grandiosas tem uma dinâmica bem interessante que mescla captura de pontos do mapa, realização de objetivos e defesa de bases. E, independentemente do resultado, a continuação após uma vitória ou derrota é sempre legal, contextualizando uma situação real de guerra em que tropas avançam ou recuam.

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Parar os avanços dos paraquedistas em Narvik ou progredir lentamente por Yellow Fields (com torres de igrejas perfeitas para snipers que quase simulam cenas de “O Resgate do Soldado Ryan”) é simplesmente fenomenal e cria memórias bem marcantes.

Linhas de Frente também traz uma dinâmica bem legal com confrontos de frente que mudam um pouco a forma de jogar as partidas multiplayer e trazem ainda mais variedade ao multiplayer robusto de Battlefield V.

De certa forma, pior que Battlefield 1

Apesar de trazer o mesmo modelo clássicos dos demais títulos, Battlefield V não se parece com uma evolução de Battlefield 1 em certos aspectos, infelizmente. Começando pelos mapas, a sensação é que a escala foi reduzida em uma quantia significativa. A própria ambientação, que tinha tudo para ser a melhor das melhores, acaba deixando um pouco a desejar.

Os mapas disponíveis no lançamento são em grande parte pequenos e tiram um pouco da dinâmica clássica de Battlefield. No jogo anterior, quase todos são gigantescos, o que causa uma discrepância grande. No total, apenas alguns trazem a escala clássica, como Yellow Fields (um dos melhores, diga-se de passagem), Hamada e Airfield.

Mas para ser justo, alguns cenários (e partes de outros) são realmente espetaculares. Yellow Fields e Hamada têm uma caracterização espetacular, e até mesmo Airfield tem seu charme com seus vastos campos ideais para brincar com snipers.

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Outros, como Snow Mountain, Twisted Steel e Narvik são no máximo mapas médios, enquanto Devastation e Rotterdam são bem pequenos. E qual o problema? Basicamente, a dinâmica de veículos muda drasticamente, assim como a expansão das tropas para conquistar cada ponto do mapa, criando batalhas mais entocadas e próximas. Basta lembrar de Battlefield 1 para apontar mapas enormes que tinham trens, aviões aos montes, tanques e outros veículos que não param um minuto (mais os cavalos, que foram um toque especial).

Além de tudo isso, Battlefield V se parece um pouco incompleto em seu lançamento. Além de carecer do último capítulo da campanha, o modo battle royale, chamado de Firestorm, também só chegará em março. Por fim, só há duas facções no modo multiplayer até agora: os britânicos (que inclusive estão dublados no online) e os alemães. No fim do dia, isso diminui a quantidade de armas (faltam algumas clássicas, como M1 Garand e Thompson) e veículos.

Gráficos e performance continuam ótimos

A DICE e a EA têm um trabalho soberbo quando o assunto é visual. Desde Battlefield 3 a série vem se tornando um benchmark gráfico. Até mesmo a franquia Battlefront, também desenvolvida pela DICE, é um ponto fora da curva em quesito visual. E Battlefield V continua esse legado e traz visuais incríveis mais uma vez.

Bom, depende de onde você estiver jogando. Infelizmente, os consoles-base estão chegando ao limite e há algumas técnicas que não caem tão bem, como a reconstrução gráfica (a solução de checkerboarding para os consoles comuns) aliado ao anti-aliasing agressivo. Tanto em temos de performance quanto de resolução, eles não têm resultados tão bons quanto no PS4 Pro e Xbox One X.

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No Xbox One X, a versão que joguei, a resolução está sempre próxima do 4K nativo e o resultado é incrível. Em pouquíssimos momentos a performance sofre para entregar os almejados 60 fps e, no geral, o resultado é espetacular. Com exceção de alguns probleminhas, como bugs e demora para carregar certas texturas, as coisas andam bem por aqui.

Por fim, mas não menos importante, é válido ressaltar como o design de áudio continua soberbo. Battlefield sempre foi a franquia de shooters que trouxe efeitos sonoros de qualidade, seja ao ouvir um avião rasgando as bases com bala ou ao escutar o som de uma sniper ecoando por um vale. Novamente, a DICE trouxe o que há de melhor por aqui.

Vale a pena?

Battlefield V é um jogo muito bom mesmo. O multiplayer continua a divertir bastante, a campanha tem seus momentos memoráveis e há bastante conteúdo aqui para subir nos ranques do modo online e customizar suas classes. É o Battlefield de sempre com algumas mudanças boas e situado na Segunda Guerra Mundial.

Entretanto, também faltam coisas no game e ficou claro que ele será constantemente atualizado com novidades (algumas já virão logo em dezembro, enquanto outras somente em março de 2019). Por algum motivo, Battlefield V também teve alguns retrocessos. Seja por um problema de desenvolvimento mais corrido ou escolha, eles pesaram no conjunto da obra. Sem dúvidas, o jogo estará melhor e mais robusto em alguns meses após o lançamento, mas por ora ainda tem o que melhorar.

*Battlefield V foi gentilmente cedido pela EA Games para a realização desta análise.

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Pontos Positivos
  • Certos capítulos do Histórias de Guerra são simplesmente fantásticos
  • O multiplayer sofreu algumas mudanças bem positivas que deixam o combate mais estratégico, como a cura e construção de fortificações
  • As mecânicas de destruição voltaram com tudo e estão ainda melhores
  • Modo Operações Grandiosas e Linha de Frente estão melhores do que nunca
  • Alguns (poucos) mapas têm uma ambientação fenomenal que cativam fãs da Segunda Guerra
  • Gráficos e performance continuam bons, principalmente nos consoles mais potentes
  • Novamente, os efeitos sonoros da franquia são espetaculares e um dos melhores por aí
Pontos Negativos
  • Há alguns elementos faltando no jogo, como o último capítulo da campanha e o modo battle royale e facções do multiplayer
  • Alguns atos do modo história poderiam ser melhores (e mais longos)
  • Diversas mecânicas de Battlefield 1 foram retiradas, como veículos colossais e armas especiais
  • Por enquanto, Battlefield V peca um pouco em ambientação e escala, algo que sempre foi ponto forte da franquia