Imagem de Ace Combat 7: Skies Unknown
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Ace Combat 7: Skies Unknown

Nota do Voxel
88

Ace Combat 7 não é perfeito, mas volta a rasgar os céus com maestria

A franquia Ace Combat é o ás no gênero de games de arcade de avião. Entretanto, nos últimos anos a série esteve voando baixo, com um spin-off que fugiu das raízes e sem o brilho de outrora. Oito anos depois do último título não-canônico e doze anos após o último game da franquia principal, Ace Combat 7: Skies Unknown era a promessa de levantar a moral da série novamente.

O novo game da Bandai Namco traz um pacotão bem completo, principalmente no PlayStation 4: aqui, encontramos 20 missões recheadas de ação, um modo multiplayer e três missões exclusivas do PSVR. Mas será que o conteúdo e a volta às raízes criaram um bom jogo? Vem ver a nossa análise completa de Ace Combat 7: Skies Unknown!

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Um retorno às raízes: gameplay de primeira

Sem dúvidas, Ace Combat já voou por céus mais gloriosos em seu passado. Eu esperava que Ace Combat 7 fosse me surpreender positivamente e veja só: ele conseguiu. Fazia muito tempo que eu não me divertia e aproveitava um bom game de avião com jogabilidade arcade. Veio em ótima hora.

Certamente, a indústria de games não tem muitos jogos assim e Ace Combat 7 acaba suprindo esse espaço, mas o jogo tem muitos e muitos méritos. Sem dúvidas, o ponto positivo mais forte do título é a sua jogabilidade, que traz uma carinha de simulação com controles arcades.

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Tudo o que a série teve de bom até hoje está de volta em Ace Combat 7. Os combates e perseguições aéreas estão fantásticos, trazendo toda a ação da qual a série se consolidou e fez escola. O que temos aqui é o ápice de jogabilidade, com controles muito responsivos e mecânicas competentes. Diversas mecânicas do passado retornaram, como é o caso do G Turning, curvas com efeito G bem grandes que ajudam a aeronave a fazer manobras com muita rapidez.

A própria dirigibilidade é algo que tem um destaque bem grande entre as qualidades. Usar os flaps combinados com a direção de bico funciona muito de maneira excepcional. Mas, caso você tenha problemas, há um modo de controles simplificado.

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Cada caça tem suas próprias particularidades e a árvores de desbloqueio de aviões e peças é bem legal. Durante as dezenas de horas que passei jogando, foi bem interessante mexer nas configurações de aviões e sentir as particularidades de cada um, algo que facilita bastante nas missões e principalmente no multiplayer.

É muito divertido realizar missões mais terrestres, que envolvem mais bombardeios, assim como é sensacional perseguir caças adversários, adentrando nuvens e evitando penhascos. As armas especiais são um espetáculo à parte, com muitas particularidades que realmente ajudam no progresso. Elas vão desde mísseis quádruplos a ataques eletromagnéticos de longa distância.

Em clima de guerra

O grande destaque de Ace Combat 7 são as variações climáticas, que servem tanto como um artefato visual incrível quanto uma mecânica que apimenta a dinâmica da jogatina. As nuvens são lindas, claro, mas elas também servem para camuflar o seu caça dos radares inimigos e se esconder dos adversários. Mas não é só vantagem: as nuvens também podem congelar partes do caça e te colocar em situações complicadas.

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Esse foi só um exemplo, mas há muitos outros tipos de clima que ajudam, atrapalham e, principalmente, mudam a jogabilidade. Tempestades com relâmpagos desativam os sistemas digitais do avião, ventos fortes atrapalham a direção e tempestades de areia criam armadilhas para batidas.

Tanto essa variedade climática como a variedade de missões são bem legais. Em algumas fases, temos que destruir tudo que há pela frente em determinado tempo, em outras devemos fugir dos caças inimigos e há até mesmo algumas que envolvem trechos de furtividade.

A

Essa combinação é bem interessante e ajuda a variar a experiência, mas a diversidade poderia ser mais espaçada. A campanha tem 20 missões e é muito boa, mas poderia ter mais missões diferentonas ao longo dessa jornada, evitando repetir a fórmula de combate o tempo todo. Mas é legal ver níveis noturnos e outros bem-trabalhados (como o da cidade em ruínas), algo que soma bastante à experiência.

Ótimo para veteranos, difícil para novatos

Tudo em Ace Combat 7 é bem-feito. Até mesmo as lutas contra chefões são muito boas, trazendo dinâmicas bem diferentes. De antagonistas, como Mihaly, a aviões gigantescos, será preciso se desdobrar e usar o seu melhor para passar os obstáculos. A única ressalva é que poderiam existir mais chefões na jogatina. No geral, Ace Combat 7 é um jogo bem desafiador, principalmente se jogado no sistema de controles experiente.

Ace Combat 7 tem mecânicas excelentes, com G Turning e post-stall maneuvers, mas não ensina como deveria a novatos

Entretanto, esse desafio pode ser acima da média em alguns casos. Em termos de inteligência artificial e level design, não há o que reclamar, mas Ace Combat 7 pode ser um pouco difícil para os novatos. Não há tutoriais de certas mecânicas, como o G Turning ou manobras de post-stall, essenciais para se dar bem em batalhas difíceis e no multiplayer. Sem dúvidas, tutoriais mais completos cairiam muito bem aqui.

Trama legal em um modelo esquisito

Nas entrelinhas de todas essas perseguições aéreas, temos uma trama bem caprichada. A história é uma continuação de Ace Combat 5 e talvez seja meio confusa para marinheiros de primeira viagem (ou devo dizer pilotos de primeiro voo?). Contudo, apesar de ser uma sequência é possível acompanhar razoavelmente bem o andar da carruagem.

O enredo envolve diversas disputas geopolíticas bem interessantes no mundo fictício de Strangereal, com Erusea se vingando de Osea pelos acontecimentos anteriores. Se você é um novato com a franquia, pode estranhar um pouco a forma em que a história é contada, pois as missões e as conversas antes de cada fase têm apenas peso estratégico no avanço da trama, contextualizando o lado da guerra.

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O desenvolvimento de personagens e maiores expansões sobre os acontecimentos globais são apresentados em cutscenes e elas nem sempre são relacionadas ao protagonista. É quase como duas linhas narrativas que se interlaçam. É aí que rola parte da confusão.

A história geral não é tão boa quanto as de Ace Combat 4 e 5, mas traz alguns personagens e eventos bem marcantes. Mas, eventualmente, o formato “Ace Combat” de contar histórias acaba sendo ruim em alguns momentos, com informações transmitidas em conversas de rádio que se perdem enquanto você está concentrado em abater um caça inimigo. Eventualmente, você perderá um ou outro elemento importante sem querer.

Multiplayer bem-feito e muito bem-vindo

No conjunto da obra, Ace Combat 7 traz uma campanha bem sólida, mesclando missões bacanas, jogabilidade de primeira e uma trama legal de acompanhar. Não é perfeito, mas é divertido e vale o investimento. Contudo, o sétimo game da franquia não é só isso: há um modo multiplayer bem legal e uma campanha separada exclusiva de PSVR.

O multiplayer é um componente significativo dentro do game. Apesar de não ser o mais robusto e variado que vemos por aí, ele tem potencial para horas de diversão. A campanha serve como um tutorial pra te deixar pronto para os peixes grandes, pois no online o bicho pega.

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Há apenas dois modos, mas as variantes para os dois criam um bom leque de opções. No modo Batalha Real (que apesar de ser "battle royale" em inglês, foge da fórmula) temos um estilo "cada um por si" bem interessante, trazendo ação de primeira e muita tensão; já na batalha de equipes há o que você pode esperar: dois times lutando entre si.

Ambos os modos partem do mesmo princípio: você tem cinco minutos para conquistar o máximo de ponto possível. A parte legal é que as batalhas podem ser personalizadas, como habilitar ou desabilitar armas especiais e limitar a pontuação de poder de cada caça. Em outras palavras, os donos das salas podem determinar um limite de poder de fogo, dando chance para os aviões mais básicos, espaço para aviões intermediários e playground para os melhores.

A opção de desativar os mísseis especiais também é legal para oferecer as clássicas dogfights com metralhadoras, algo que requer muita habilidade. Tem conteúdo para todos os gostos e é possível gastar um bom tempo aproveitando.

O bacana é que os gastos com aviões e peças são compartilhados entre a campanha e o multiplayer, então você pode usar os créditos de ambos os modos para desbloquear e usar as novidades. A conexão sempre foi boa, a experiência divertida e o nível de jogadores equilibrado, gerando um multiplayer bem balanceado.

As missões em VR são a cereja do bolo

Por fim, mas não menos importante, há o modo em realidade virtual exclusivo para PSVR que é a cereja do bolo. São apenas três missões, então a duração é um ponto negativo, mas a qualidade é surreal, se tornando uma das melhores que já tive contato com o aparelho.

Há uma trama separada que serve como prequel e traz o icônico Mobius 1, protagonista do quarto game, em diversas missões de destruição de caças e bases terrestres. É possível que em um primeiro haja enjoos, mas com o tempo isso passa. Ter a opção de olhar os arredores, ver os inimigos pelo cockpit e ter o senso de velocidade ao extremo é impressionante.

Gráficos impressionantes

Toda essa experiência é incrivelmente reforçada pelos gráficos fantásticos de Ace Combat 7, que roda na Unreal Engine 4. No PS4 Pro, plataforma que joguei, não reparei quedas de fps e tive uma ótima experiência em 60 quadros por segundo. Mas, segundo relatos, outras plataformas têm problemas mais sérios.

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Os efeitos especiais são soberbos, a destruição dos veículos inimigos é bem legal e há bastante efeitos explosivos que recheiam o game com uma apresentação incrível. A câmera em terceira pessoa traz ângulos sensacionais durante os climas hostis, a visão de cockpit é um estáculo à parte e há muito capricho na apresentação visual. Sério, é fenomenal estar em uma tesmpestade e ver os raios no horizonte ou observar as gotículas de água se condensando no vidro do avião.

Até mesmo o HUD é recheado de informações importantes que ajudam na jogabilidade. Depois de um tempo se dedicando e entendendo, ele pode ser muito útil e provê dados essenciais para quem deseja aprimorar as habilidades de manobras. A única ressalva é a distância de renderização, pois em ambientes mais densos é possível ver o game “desenhando” os objetos.

Vale a pena?

Ace Combat 7: Skies Unknown não é um jogo perfeito. Ele tem seus probleminhas aqui e ali, a campanha poderia ser um pouco mais variada, a história ter um modelo mais compreensível e o jogo todo poderia ser mais fácil para os novatos. Entretanto, ele é um jogo bem divertido, com um pacote de conteúdo muito honesto e, principalmente, que consegue retornar às raízes da franquia com esmero.

Ele foi a surpresa que eu esperava encontrar, com um salto de geração e qualidade bem-feito. Destruir caças e aprender as manobras em trechos de ação impressionantes continua o forte do game, aliado a uma história legal de acompanhar. Se você gosta do gênero ou tem curiosidade, é um game imperdível em 2019.

*Ace Combat 7: Skies Unknown foi gentilmente cedido pela Bandai Namco para a realização desta análise.

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Pontos Positivos
  • Jogabilidade e mecânicas de altíssima qualidade, trazendo o ápice da série até agora
  • 20 missões com estruturas variadas
  • Mecânicas climáticas dão profundidade à jogabilidade já robusta
  • História interessante com muitos elementos sociais e geopolíticos
  • As missões exclusivas de PSVR são uma das melhores experiências de realidade virtual que há
  • Multiplayer bem sólido e divertido
  • Cada caça e arma especial traz um tempero diferente à jogatina
  • Gráficos incríveis, tudo em 60 fps
Pontos Negativos
  • Poderia haver mais batalhas de chefões e missões diferentes
  • Alguns elementos da trama se perdem durante a ação
  • Poderia ter tutoriais avançados para os novatos da série
  • O modo em VR poderia ser maior