Coluna: mulheres também são hardcore nos games

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Mulheres que gostam de “games de verdade”. Há alguns anos, uma afirmação assim era capaz de causar certos questionamentos entre os jogadores do sexo masculino, como “Elas realmente existem?”, “Onde vivem?” ou “São boas jogadoras de fato?”.

Esse tipo de reação até poderia ser “justificada” em gerações anteriores, mas, hoje em dia, mulheres gamers são mais comuns do que muitos imaginam. E, melhor ainda, grande parte delas adoram um jogo hardcore — como eu, que sou fã de games com violência, que envolvam guerras, golpes bruscos, armas poderosas, inimigos monstruosos e particularmente difíceis.

Entre os títulos desse estilo, God of War é o meu favorito. E quando digo isso para alguns jogadores, sinto olhares que vão desde surpresa à dúvida, pois acho que muitos nem imaginavam que eu realmente poderia saber jogar — e, apelando um pouco mais, teria ideia da existência — de um game como esse.

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Conheço os combos, adorei lutar contra deuses — tanto que minha batalha favorita é a de Kratos contra Ares, no final do primeiro GoW — e me emocionei em saber que um quarto jogo estava a caminho. Acredito que tive a mesma reação que muitos jogadores homens, não?

Então, porque ainda existe a surpresa por parte deles em uma mulher gostar de um jogo assim? O estereótipo feminino de delicadeza, que na teoria não envolveria coisas violentas, pode até atrapalhar, mas não justificar. No entanto, antes que eu continue na minha defesa pessoal quanto às mulheres nos video games, apresentarei dados ainda mais sólidos.

A invasão feminina nos games

Um bom ponto de partida para isso está em uma pesquisa divulgada pelo Daily Mail: segundo a publicação, um relatório de 2011 — apresentado pela Universidade Bond e encomendado pela Associação de Jogos e Entretenimento — apontou que era iminente o fato do índice de representação feminina nos games atingir o dos homens.

O autor desse relatório, Jeffrey Brand, ainda observou que as mulheres parecem gostar mais de jogos que envolvam estratégia, tiro em primeira pessoa, RPG e MMOs (como World of Warcraft), esportes e jogos de corrida. Já os games de quebra-cabeça, aqueles com cartão de simulação ou no estilo de combate eram mais populares entre os homens. Os jogos de aventura foram o “meio-termo”, pois são populares em ambos os gêneros.

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Mas, se você parar para analisar, esse quadro de crescimento da participação feminina nos jogos hardcore não é, na verdade, difícil de ser imaginado. Isso porque, a cada dia, os games estão com melhores gráficos e ótimas histórias. Elementos que ajudam na diversão tanto de mulheres como de homens, que buscam igualmente no video game uma boa forma de entretenimento, competição e até certa “fuga” do dia a dia.

Além disso, muitas mulheres não só jogam como também desenvolvem os games, prova de que a “invasão” feminina nos jogos vem acontecendo em todos os sentidos.

Elas fazem até headshot

Outro ponto bastante questionado pelos jogadores masculinos são as habilidades das mulheres em exercer os comandos necessários nos jogos. Em outras palavras: “faltariam” capacidades motoras para as gamers femininas, que não saberiam agir de verdade e poderiam obter sucesso muitas vezes pela famosa “sorte de principiante” — desculpa comumente usada em jogos de disputa, em especial quando um homem perde para uma mulher.

Alguns até acreditam que as garotas podem gostar de um jogo hardcore, mas que desistiriam no primeiro sinal de dificuldade. Bem, se isso é verdade, então eu tive muita “sorte de principiante” e peguei poucos desafios em jogos como Counter-Strike e Gears of War. E, definitivamente, fui ainda mais sortuda nos headshots que fiz contra muitos oponentes.

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Ironias à parte, o que me deixa muito feliz é saber que não estou sozinha nesse mundo. Acompanham-me nas habilidades motoras (claro que algumas são definitivamente melhores do que eu) mulheres como a PRO-Player Shayene Victorio, que com 19 anos já participou de importantes campeonatos de Counter-Strike.

E, antes que você ache que ela seria apenas uma exceção, o editor executivo da Revista Game Informer, Andrew Reiner, afirmou que, a partir de alguns dados observados, há uma estimativa de que pelo menos 50% das pessoas que jogam títulos como Call of Duty e Mass Effect são mulheres. Ou seja: jogos com armas, violência e estratégia. Tudo o que as garotas também gostam.

Tanto que nunca me esqueço dos momentos de adrenalina, angústia, desespero e alegria que enfrentar um bom desafio hardcore proporciona. Foi o meu caso quando enfrentei Poseidon no God of War (sempre ele). Posso ter feito headshots em jogos de tiro, mas apanhei consideravelmente bem para matar este deus em particular.

Ao enfrentar o gigante monstro dos mares cercado de cavalos marinhos assombrosos, lembro-me da adrenalina em não querer perder nenhuma oportunidade de deferir um golpe e da ansiedade em não deixar que Kratos fosse atingido. Não desisti na primeira dificuldade apresentada e quis ir até o fim, aprimorando minhas habilidades motoras e minhas capacidades em lidar com obstáculos até mesmo para outros jogos.

Claro que nem todos os homens possuem as visões contrárias às mulheres no mundo dos video games que foram apontadas neste texto. Mas, caso você ainda tenha, eu lhe aconselharia a tomar cuidado com a próxima garota que você desafiar para um jogo. Talvez essa menina delicada tire qualquer “sorte de principiante” que você possa ter.

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