Coluna: quando os gritos do eSport ecoaram pelo Maracanãzinho

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Eu costumava imaginar que uma partida de video game nunca conseguiria lotar um estádio como um jogo de futebol. Parecia daqueles sonhos utópicos que você formula para si mesmo quando criança e joga no canto da memória quando vai crescendo – mas que continua ali com esperanças de isso um dia se tornar realidade.

Foi em uma simples tarde de sábado que esse pequeno sonho descarregou-se em um palco montado em pleno Maracanãzinho, no Rio de Janeiro. Quando ainda entrava naquela arena, tudo parecia vazio, mas os primeiros arranjos da orquestra já se dilatavam em meio ao ambiente que se tornaria uma febre acústica do eSport.

Gritos, batidas de balão, assovios e um show de rock se misturaram com o tempo enquanto um imponente troféu se erguia em frente aos oito mil fãs presentes no estádio. Era a final do Circuito Brasileiro de League of Legends: R$ 100 mil e a vaga brasileira para o mundial estavam em jogo entre CNB e KaBuM.

Dez dos melhores jogadores do Brasil estavam alinhados em frente à um público imenso, pisando sobre o mesmo palco que atletas dos mais diversos esportes já pisaram.

O mais impactante, por mais estranho que possa parecer, foi a ausência da euforia. Minutos antes da final, Pedro "LEP" Luiz Marcari, com sua imagem gravada no telão, emocionou a todos. Não prestou um discurso motivacional ou delineou agradecimentos para todos os que estavam lá. Em meio a sua fala, ele passou dez segundos do mais puro e completo silêncio, sem conseguir expressar em palavras a felicidade de estar naquela final. Os aplausos foram inevitáveis.

“Quando você vê uma declaração dessas, tudo ganha um novo propósito”, comentou para nós Bruno “Bagaço” Vasone, gerente do engajamento dos jogadores da Riot. E ganhou mesmo: a equipe de LEP não roubou somente a paixão do público após derrotar a favorita Keyd Stars como também concretizou o sonho em levar o título.

A final em pleno Maracanãzinho atingiu um marco no eSport nacional. O que antes era um sonho passou por dez segundos de silêncio para mostrar o que é difícil de acreditar: os video games são levados como uma forma de competição cada vez mais séria no país. Um ponto que envolve não somente os jogadores, mas também os fãs e o lado que vos escreve com controlada emoção.

Um passado para construir um futuro

Se hoje os jogos eletrônicos atingiram esta conquista, é também um fruto de anos de competições e tentativas de torná-lo viável profissionalmente. A KaBuM sabe disso, pois o próprio responsável pela divisão de eSports passou por uma carreira cheia de desafios no Counter-Strike 1.6.

“Agora está em um nível muito mais elevado”, relembrou Bruno “bit” Lima, ex-integrante da conhecida equipe e campeã mundial Made in Brazil. “Antigamente não era tão profissional como é hoje. Não tinha essa rotina de acordar em tal horário, todo mundo almoçar junto e se dedicar em equipe, sem falar na parte tática e no acompanhamento de torneios”.

Mas a oportunidade não está crescendo somente para o League of Legends. A entrada de DotA 2 no X5 Mega Arena está aí para comprovar que os fãs também estão trabalhando para ver outros jogos nos palcos dos torneios. Eles querem ver seu sonho construído. Eles querem ver seus dez segundos de emoção.

O interesse deve partir da comunidade quando não há tantos incentivos – e os anos de torneios de games de luta mostram que a perseverança também constrói um cenário consolidado. A EVO não se tornou um sucesso de um ano para outro: ela está aí desde 1996.

As competições de games abrangem um nível tão formidável que recentemente fui surpreendido por jogadores brasileiros de Age of Empires II que se destacam em torneios internacionais pela internet.

Já tivemos também campeões mundiais em Guitar Hero e Need for Speed em plena World Cyber Games e os melhores do mundo em Counter-Strike na Electronic Sports World Cup. Até mesmo Just Dance está ganhando espaço entre os jogos profissionais.

E, lá atrás, eu costumava imaginar que uma partida de video game nunca conseguiria lotar um estádio como um jogo de futebol. Mas ela lotou a poucos metros de onde celebramos a final da Copa do Mundo. O que impede o eSport de continuar crescendo e bater na porta ao lado?

Maximilian “Forkxx” Rox acompanha os games competitivos desde 2004 – de Warcraft à Street Fighter. Já foi manager de DotA na CNB e companheiro de equipe do brTT; já competiu contra o treinador da Keyd e já foi carregado pelo manajj. Viajou para o Rio de Janeiro à convite da Riot Games.

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