Artigo: jogar no modo Easy? Acredite, isso nem sempre é algo ruim

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“Se você é jogador de verdade, joga no Hard e pare de chorar”. Quem se aventura no mundo dos games há algum tempo certamente já ouviu essa frase ao menos uma vez quando mencionou, seja entre amigos ou em bate-papos durante jogatinas online, que não ligava para o desafio, apenas para a diversão oferecida por um game.

Em alguns casos, dizer isso parece ser a assinatura em um documento de falta de habilidade – afinal, jogos estão aí para desafiá-lo e fazê-lo pensar por vários minutos em uma forma de passar por um grupo de inimigos ou de resolver algum desafio proposto. Porém, fica no ar um questionamento: aqueles que se aventuram no modo Easy realmente vão ter sua experiência comprometida?

Questão de gosto

Num passado já um pouco distante, qualquer um que entrasse em contato com um jogo tinha apenas uma opção: iniciar a partida e dar o seu melhor para vencer. Isso era algo comum até a chegada dos consoles 8 bits, mas esse cenário mudou um pouco na geração 16 bits.

Com a chegada do Super Nintendo e do Mega Drive, mais e mais games passaram a dar ao jogador poder de escolha no que diz respeito à dificuldade que seria apresentada. Via de regra, as opções mais comuns eram Easy, Normal e Hard, mas depois outras duas foram adicionadas à lista: Very Easy e Very Hard.

O passar do tempo fez com que essas opções permanecessem entre as possibilidades de muitos títulos, permitindo que jogadores de diferentes níveis de habilidade pudessem se divertir com o mesmo game de formas diferentes. Entretanto, nem todos enxergam isso como algo bom, e um exemplo é Alex Hutchinson, chefe de design de Assassin’s Creed 3. 

“Muitos jogos foram arruinados por modos fáceis. Se você tiver um jogo de tiro no qual a cobertura e necessária e você troca de uma para a outra com facilidade e sem a necessidade de proteção, praticamente quebraram o seu jogo. É como se eu pegasse um livro e ele dissesse ‘você quer isso na versão fácil ou complicada?’. [Desenvolvedores] Podem simplificar a linguagem e fazer dela algo de duas sílabas”, comentou Hutchinson em entrevista à Edge em 2012. E aqui lançamos mais uma pergunta: será?

Liberdade

Na verdade, podemos encarar o modo Easy de uma outra forma que muitas vezes não passa pela cabeça de alguns jogadores (ou mesmo desenvolvedores). Se eu me considero hardcore e quero fazer 100% de tudo que o game tem a oferecer, certamente vou optar por uma aventura, no mínimo, no nível Normal. Porém, o que acontece se estou no grupo de quem só quer acompanhar a história ou explorar um universo?

Se eu me encaixo no segundo grupo, certamente não vou ter minha experiência comprometida ou mesmo desvalorizar o trabalho de um desenvolvedor jogando no modo fácil. Há até alguns jogos que dão essa ideia em suas opções de dificuldade – em Deus Ex: Human Revolution, por exemplo, o Easy é conhecido como Tell Me a Story, e a descrição é bem clara: “você curte games pela sua história e experiência, não pelo desafio ou competitividade”.

Observando por esse lado, a presença de um modo Easy é mais que bem-vinda. Pense da seguinte forma tendo como referência a vida real: encare os desafios cotidianos como as batalhas dos jogos e o enredo como os seus momentos de folga. Se você passa mais tempo trabalhando ou fazendo qualquer outra coisa, vai sobrar muito espaço para curtir um pouco de lazer? Talvez não.

No Easy, jogadores podem aproveitar a história de BioShock Infinite sem grandes dores de cabeça

Essa é a grande sacada da opção de jogo mais fácil: permitir que as pessoas sejam livres para explorar e conhecer a história em detalhes, sem ter a raiva de morrer várias e várias vezes até encontrar a forma correta de eliminar um oponente.

Entretanto, ainda que para você tudo esteja bem dessa forma, há alguns desenvolvedores que não vão poupar esforços para mostrar a Deus e ao mundo que você optou pelo caminho menos trabalhoso.

Trollado pelo jogo

Fato: a zoeira não tem limites, e não é no mundo dos games que vamos encontrar um local livre de brincadeiras com aqueles que jogam no nível fácil. Independente da geração de consoles, algumas produtoras encontraram boas formas de passar a mensagem de que vale a pena se arriscar em outras dificuldades – especialmente depois de rir de algumas brincadeiras.

Talvez uma das mais engraçadas seja a de Earthworm Jim para PC. Graças ao tamanho proporcionado pelo CD (que era maior que os cartuchos à época), aqueles que chegam ao final da aventura no modo mais fácil são presenteados com uma faixa de áudio de quase 10 minutos que tem uma “singela” saudação inicial: “que verme! Jogando no Practice, não é?”. Na sequência, podemos ouvir várias piadas (sem graça, é verdade) relacionadas a anelídeos.

Já Valkyrie Profile pega um pouco mais pesado com o jogador. Ao escolher se aventurar no Easy, alguns calabouços saem do caminho dos personagens, mas as ausências são exatamente das áreas que escondem itens realmente úteis, deixando o jogo ainda mais difícil – mesmo começando com os personagens no nível 30.

Outro exemplo que podemos citar é o de Wolfenstein. Seja nos games antigos ou no recente Wolfenstein: The New Order, o nível Easy tem como ícone um personagem com uma chupeta na boca e uma touca, dando uma pista do nível de desafio que você vai encontrar por aqui.

Diversão por aqui? Só com a permissão do pai.

Há muitos outros casos de brincadeiras assim no mundo dos games, e esses servem apenas para ilustrar essas situações. Entretanto, tenha em mente uma coisa: seja no Easy ou no Hard, jogos são feitos com apenas um propósito: proporcionar diversão e fazer com que você esqueça um pouco os problemas e as correrias da vida. Pense nisso!

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