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Não é a IA que vai tomar seu emprego, e sim quem sabe usá-la, diz Nvidia

O Voxel conversou com a Nvidia na Gamescom Latam sobre o mercado nacional de desenvolvimento, GeForce Now, IAs na indústria de games e mais; Confira a entrevista!

Avatar do(a) autor(a): Valdecir Emboava

16/05/2025, às 15:18

Não é a IA que vai tomar seu emprego, e sim quem sabe usá-la, diz Nvidia

A participação da Nvidia na Gamescom Latam 2025 marcou uma virada estratégica na atuação da empresa na América Latina. Presente no evento com suporte direto da matriz global, a gigante da tecnologia reforça sua aposta no crescimento da região e destaca o interesse em fortalecer o relacionamento com estúdios locais para democratizar o acesso às principais tecnologias da casa.

Alexandre Ziebert, gerente de marketing de tecnologia da Nvidia no Brasil, contou ao Voxel que o país entrou oficialmente no calendário da divisão global da empresa. “A gente não está aqui como Nvidia Brasil, a gente está aqui como Nvidia Global”, disse. 

Segundo o executivo, o interesse do público latino-americano e o potencial de crescimento acima da média global foram fatores decisivos nessa movimentação. “A região da América Latina tem um crescimento maior do que a média global e a gente tem muito espaço para crescer”, completou.

No estande da empresa na Gamescom Latam, por exemplo, diversos títulos brasileiros ganharam espaço, incluindo, nomes como o game de terror AILA e Changer Seven, do estúdio Gixer — que, inclusive, integrou recursos da Nvidia em poucos dias no jogo para participar do evento, provando o ponto de que as tecnologias da empresa são bem acessíveis.

Ziebert destaca que as ferramentas atuais da empresa foram pensadas justamente para facilitar o trabalho de equipes de todos os tamanhos e de qualquer lugar do mundo: “A gente já está num ponto onde as nossas tecnologias são fáceis o suficiente para desenvolvedores independentes, pequenos, brasileiros e de todos os portes”.

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Questionado sobre o impacto das ferramentas de IA na indústria de games e em como pode ser esse cenário daqui a 10 anos, Ziebert acredita que a tecnologia deve ser usada como uma forma de potencializar o trabalho dos desenvolvedores — principalmente em estúdios menores.

“A IA não vai tomar seu trabalho, quem vai tomar é alguém que sabe usar a IA”, resumiu. Ele cita casos em que artistas podem transformar ideias em resultados finais em muito menos tempo, com suporte à criação de assets, animações e até modelagem automatizada a partir de fotos.

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A visão da empresa é que a IA funciona como um catalisador criativo e permite com que pequenos times acelerem suas produções e alcancem níveis de qualidade mais altos com menos recursos.

“Em um trabalho totalmente artesanal, por assim dizer, o artista demoraria meses, talvez anos para fazer. E agora com a IA, o mesmo artista pode atingir aquele resultado que ele quer, do jeito que ele quer e em muito menos tempo apenas automatizando várias etapas do processo”, concluiu.

RTX Kit busca facilitar integração com motores como Unity e Unreal

Para oferecer um suporte de qualidade aos desenvolvedores, a Nvidia explicou ao Voxel que vem consolidando suas principais tecnologias sob a aba do RTX Kit — um pacote para desenvolvedores que reúne ferramentas como DLSS, Reflex e Ray Tracing.

Além disso, as novas soluções anunciadas junto com a série RTX 50, como Neural Shaders, compressão de texturas e Mega Geometry, também estão inclusas nesse pacote.

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“O RTX Kit está disponível tanto para desenvolvedores grandes quanto pequenos”, explica Ziebert. O pacote oferece suporte universal e já está pronto para uso em motores como Unity e Unreal — e, certamente, permite aos estúdios com menor infraestrutura implementar soluções de última geração em seus projetos.

Linha RTX 50 traz o Reflex 2 como um dos principais recursos de nova geração

No que diz respeito à nova série RTX 50, as placas dessa linha terão o Reflex 2, que é voltado especificamente para jogos competitivos. A nova versão do recurso, inclusive, estará disponível incialmente em games como The Finals e Valorant, além de foco inicial na linha 50 — mas também chegará em outras placas RTX mais antigas no futuro.

Além de testar os jogos dos estúdios brasileiros, o Voxel também teve contato com o Reflex 2 no estande da Nvidia na Gamescom Latam 2025. Caso não conheça, o Reflex é uma tecnologia que reduz drasticamente a latência entre seus comandos e o que acontece na tela.

Com ele, suas ações são registradas quase que instantaneamente — então é um recurso valioso para quem joga títulos como Valorant, Call of Duty e Fortnite, principalmente no cenário competitivo. Certamente, o Reflex 2 é uma evolução considerável da sua primeira versão e proporciona uma responsividade quase que imediata em jogos de tiro.

Voxel jogou alguns minutos de The Finals, shooter competitivo da Embark Studios, para ver na prática como o Reflex 2 funciona — e, bem, o tempo de resposta da nova tecnologia é realmente surpreendente. 

O Frame Warp, um dos recursos da funcionalidade, reduz ainda mais a latência com base no click do mouse no jogo, então é tudo absurdamente responsivo.

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Nos testes, conseguimos ver várias armas em ação em diferentes situações, e o tempo de resposta é bastante preciso, algo que pode melhorar ainda mais a percepção dos jogadores profissionais no cenário competitivo.

Conforme explicado por Ziebert, a intenção com o Reflex 2, que ainda não possui uma data de lançamento, é atingir latências para números cada vez menores, com performance acima de 144 FPS. 

“Pro players costumam jogar abaixo de 10. Então, se você está acima de 10, está inaceitável”, explicou ao Voxel.

GeForce Now cresce como alternativa acessível para o público brasileiro

Com o avanço dos serviços em nuvem no Brasil, a Nvidia também tem reforçado sua estratégia para equilibrar o investimento em hardware local com a popularização do streaming de jogos.

No centro dessa abordagem está o GeForce Now, plataforma de jogos em nuvem que oferece acesso à experiência RTX sem a necessidade de investir em uma placa de vídeo dedicada — um hardware que ainda custa caro para boa parte dos consumidores brasileiros.

Segundo Ziebert, a empresa enxerga dois perfis distintos de usuários para o serviço de nuvem. O primeiro é o público que busca uma forma mais acessível de jogar com qualidade.

Usando o GeForce Now, é possível rodar lançamentos com ray tracing, DLSS e até Reflex, em qualquer dispositivo — incluindo celulares, computadores antigos e até TVs. “O dinheiro que você gastaria na placa de vídeo, você pode comprar jogos”, justificou o executivo.

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Já o segundo público do GeForce Now são os próprios jogadores de PC que já possuem uma GPU dedicada. Nesse caso, o serviço atua como uma extensão da experiência local, permitindo que o usuário continue jogando com qualidade, mesmo fora de casa. 

“Certamente, a melhor experiência sempre vai ser a local, mas tem uma série de oportunidades únicas que a gente consegue facilitar através do GeForce Now”, afirmou o executivo. 

Na visão da Nvidia, a América Latina ainda tem muito espaço para crescer nesse mercado — e os investimentos seguem nessa direção. “O GeForce Now é interessante para o público da América Latina, porque não só tem espaço para crescer, como as empresas estão investindo justamente para atender esse público e tornar o serviço mais acessível”, continuou.

E aí, qual sua opinião sobre as IAs na indústria de games e o crescimento dos jogos via nuvem? Conte para a gente nas redes sociais do Voxel!


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Por Valdecir Emboava

Especialista em Redator

Jornalista especializado no mercado de games com mais de sete anos de experiência. Perfil ENFP-T.


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