Like a Dragon: Infinite Wealth traz franquia ao seu melhor momento - Review

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Imagem: Divulgação/Sega

Like a Dragon é uma franquia que sempre foi na contramão das tendências de mercado. Por um lado, seus jogos cativam pelos roteiros dramáticos e bem-amarrados, com muitos personagens carismáticos. Por outro, nunca tiveram medo de abraçar uma galhofa e focar naquilo que realmente importa em um videogame: a diversão. Esta felizmente segue sendo a tônica em Like a Dragon: Infinite Wealth, o oitavo capítulo numerado da franquia e o maior lançamento da história do Ryu Ga Gotoku Studio.

O jogo é uma sequência direta de Yakuza: Like a Dragon (2017) e traz de volta o afável Ichiban Kasuga, resgatando a fórmula de RPG por turnos. O título também se conecta aos acontecimentos de Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name (2023), lançado em novembro, e traz uma nova etapa na conturbada existência de Kiryu Kazuma, que agora enfrenta a maior e mais pessoal batalha da sua vida. Por isso, não é surpresa que ambos os jogos são fundamentais para entender as motivações dos personagens.

Só o fato de os dois maiores protagonistas da franquia unirem forças, agora em uma aventura dedicada, já justificaria a empolgação de qualquer fã. Mas será que o jogo realmente corresponde às expectativas e melhora os sistemas do seu antecessor, que definiu um novo rumo para a série? Você descobre a seguir, no review completo do Voxel.

Ichiban Kasuga está de volta na maior aventura da franquia Like a DragonIchiban Kasuga está de volta na maior aventura da franquia Like a Dragon.

Legados são eternos

O jogo se passa anos após a Grande Dissolução, em uma Yokohama em que os ex-yakuzas ainda enfrentam obstáculos para se reintegrar à sociedade por questões políticas. Para concretizar o desejo do seu antigo patriarca, Ichiban Kasuga trabalha numa agência da Hello Works e não poupa esforços para arranjar emprego para aqueles que ficaram desamparados. No entanto, suas boas intenções acabam sendo alvo de desinformação na internet e não apenas o nosso herói, mas todos que têm envolvimento com ele sofrem as consequências e acabam desempregados.

Sem saber os motivos e muito menos a identidade da denunciante, que é uma V-Tuber bastante popular pelo seu canal de denúncias, Ichiban é contatado por um velho conhecido, o Capitão Sawashiro, sobre a oportunidade de conhecer a sua mãe biológica, que vive há décadas no Havaí. No entanto, esse é apenas o pontapé inicial numa sucessão de problemas envolvendo não apenas a máfia japonesa, mas também todo o submundo havaiano. Vários grupos também estão à procura da mãe de Ichiban por alguma razão, iniciando uma intensa jornada de mistério e investigação em terras estrangeiras.

É sob esse contexto que Ichiban Kasuga reencontra Kiryu Kazuma, que também está no Havaí por ordens da facção Daidouji. Esta é a primeira vez que um jogo da série se passa fora do Japão, e a história tem bastante competência para abordar assuntos mais sérios — sempre por um viés didático. Entre eles está não apenas xenofobia, mas também: machismo estrutural, reabilitação criminal, relações tóxicas de trabalho, propagação de ódio e desinformação na internet e a própria efemeridade da vida.

Um dos maiores valores da franquia Like a Dragon é apresentar personagens perfeitamente humanos e carismáticos, com os quais podemos nos identificar. Em Infinite Wealth, isso não é exceção e fica claro como o time de desenvolvimento tem muito carinho por cada um deles. O jogo traz de volta um sistema de vínculos em que é possível conhecer mais da história dos personagens e destravar benefícios durante as batalhas, incluindo ataques em duplas. Todas as atividades e interações com o grupo rendem pontos de vínculo, então o jogador sempre se sente recompensado de alguma forma.

Os fãs de Kiryu Kazuma têm muitos motivos para se empolgar com Infinite WealthOs fãs de Kiryu Kazuma têm muitos motivos para se empolgar com Infinite WealthFonte:  Reprodução/Bruno Magalhães 

Aumentar os vínculos não é uma obrigação, mas com certeza enriquece a experiência e permite conhecer mais a fundo os seus companheiros. Isso é verdade, especialmente, no caso de novos personagens como Chitose Fujinomiya e Eric Tomizawa, que rapidamente se rendem à bondade de Ichiban e se juntam ao seu grupo no Havaí. Até mesmo vilões como o assustador Yamai instigam a curiosidade e fazem de Like a Dragon: Infinite Wealth uma jornada bastante memorável.

Em certo momento, o jogo nos coloca no controle de Kiryu em um grupo separado, em Yokohama e em Kamurocho. Além de ter novas atividades de vínculo, também há uma lista de pendências que despertam as habilidades de Kiryu, relembrando acontecimentos dos jogos passados e destravando eventos muito emocionantes para os fãs do personagem, já que ele se encontra em uma situação delicada. Não vamos entrar em detalhes, mas compensa muito completar os requisitos para engrandecer a experiência.

Em uma corrida contra o tempo, Kiryu se encontra com velhos conhecidos em Infinite WealthEm uma corrida contra o tempo, Kiryu se encontra com velhos conhecidos em Infinite WealthFonte:  Reprodução/Bruno Magalhães 

Nos testes, me dediquei bastante às missões secundárias do Kiryu e maximizei os vínculos dos personagens. Por isso, levei cerca de 65 horas para terminar o jogo. Ainda assim, deixei muitas histórias paralelas e alguns minigames que demandam mais tempo de lado, então esse é um jogo que pode passar facilmente das centenas de horas de gameplay para jogadores que quiserem aproveitar todo o conteúdo ao máximo.

Infinite Wealth pode facilmente render centenas de horas de gameplay recheadas de diversão e conteúdo.

Além disso, o jogo está totalmente localizado em português do Brasil, trazendo legendas e menus no nosso idioma. Embora a localização seja baseada na versão em inglês e tome muitas liberdades, não refletindo necessariamente aquilo que é dito no áudio original em japonês, o resultado é satisfatório e é uma vitória gigantesca ter um jogo desse escopo no nosso idioma desde o lançamento. Vale lembrar que Yakuza: Like a Dragon recebeu suporte ao português do Brasil somente via atualização, meses mais tarde.

Jogabilidade mantém o que é bom e torna melhor

Agora, falando um pouquinho sobre gameplay. Like a Dragon: Infinite Wealth aproveita a base do título anterior, que já é bastante sólida. Porém, ele traz melhorias que tornam o sistema de combate muito mais divertido, privilegiando a agência do jogador. Em resumo, agora é possível se movimentar em tempo real dentro de uma área de ação, posicionando-se estrategicamente em relação aos inimigos. Isso permite utilizar o cenário a seu favor, seja empurrando adversários uns contra os outros; unindo forças com algum aliado para causar mais dano; ou coletando objetos do cenário como se fossem armas. É uma mudança simples no papel, mas que faz toda a diferença na prática.

As mecânicas para pressionar o botão de ação no momento correto, seja para causar mais dano ou para aparar ataques, também estão de volta, assim como o sistema de criação de armas e as profissões, que mudam o funcionamento e as habilidades dos personagens. Tudo isso colabora para tornar os combates mais flexíveis e divertidos, com grandes chances de agradar jogadores que tenham achado o jogo anterior muito repetitivo.

O sistema de combate por turnos passou por melhorias e é muito mais divertido desta vezO sistema de combate por turnos passou por melhorias e é muito mais divertido desta vezFonte:  Reprodução/Bruno Magalhães 

Por falar em profissões, alguns personagens têm suas classes exclusivas. Entre elas, vale destacar a Dragão de Dojima, que é a de Kiryu. É muito diferente controlar um personagem conhecido pela ação em tempo real em um sistema por turnos, mas os desenvolvedores adaptaram os seus movimentos de forma que ele é sem dúvidas o personagem mais divertido de utilizar.

Ele tem três estilos de luta à disposição, inspirados nos jogos beat'em up, além de destravar um especial que quebra as regras do gênero e parte para a pancadaria ininterrupta, relembrando os títulos passados. Também é divertido como o Kiryu passa a enxergar os inimigos como se fossem monstros de RPG por estar em um grupo — algo que acontecia por causa da imaginação fértil de Ichiban.

Like a Dragon: Infinite Wealth tem minigames incríveis, incluindo paródias de Animal Crossing e PokémonLike a Dragon: Infinite Wealth tem minigames incríveis, incluindo paródias de Animal Crossing e PokémonFonte:  Reprodução/Bruno Magalhães 

Há muitos combates ao longo da campanha, e por vezes o jogador se vê obrigado a dedicar um tempo para subir o nível do grupo antes de avançar. Embora isso seja uma quebra de ritmo um tanto frustrante, o combate é tão redondinho que não chega a incomodar. Além disso, existem refeições que garantem bônus de experiência para acelerar o processo e a possibilidade de destruir rapidamente um grupo inteiro de inimigos que estejam com um nível muito abaixo do seu.

O jogo traz o maior mapa da franquia e vários minigames divertidos, como a paródia de Animal Crossing.

Like a Dragon: Infinite Wealth também traz o maior mapa da história da franquia, então naturalmente há muitas histórias secundárias para descobrir e minigames. Dois deles são os maiores destaques: a Dondoko Island, que é uma paródia genial e bem-executada de Animal Crossing em que devemos revitalizar um resort em uma ilha isolada e acomodar turistas; e as Batalhas de Sujimon, que são inspiradas em Pokémon. Essas atividades são só alguns exemplos de como o jogo sempre apresenta novidades.

Like a Dragon: Infinite Wealth promete uma montanha-russa de emoções, com momentos de tirar o fôlegoLike a Dragon: Infinite Wealth promete uma montanha-russa de emoções, com momentos de tirar o fôlegoFonte:  Reprodução/Bruno Magalhães 

Outro minigame imperdível é o Crazy Delivery, que reimagina as mecânicas do clássico Crazy Taxi como um aplicativo de entrega de comida. Em resumo, o jogador precisa realizar entregas extravagantes de bicicleta, com várias manobras, para aumentar a remuneração dentro do tempo-limite. Várias atividades clássicas também estão de volta, incluindo a divertida coleta de latinhas, karaokê, jogos de tabuleiro e fliperamas com clássicos da Sega, incluindo Virtua Fighter e SpikeOut. Também existe um divertido aplicativo de namoro em que temos que criar um perfil para o Ichiban e buscar o “match” perfeito.

Não é exagero dizer que esse é o mais completo lançamento da franquia, então o ideal é explorar no seu ritmo e curtir a aventura. Não é saudável mergulhar em um Like a Dragon como se fosse um jogo linear, então a melhor opção é se permitir experimentar tudo o que estiver à disposição. E claro, todas essas atividades garantem recompensas, então não é como se elas fossem um desperdício de tempo. É o padrão de qualidade que os fãs da franquia já estão acostumados.

Os jogadores têm direito a uma Aventura Premium para terminar atividades pendentes após zerar Infinite WealthOs jogadores têm direito a uma Aventura Premium para terminar atividades pendentes após zerar Infinite WealthFonte:  Reprodução/Bruno Magalhães 

Agora, vamos comentar uma polêmica. A Sega anunciou que Like a Dragon: Infinite Wealth terá suporte a New Game+, ou seja, a possibilidade de recomeçar o jogo mantendo a progressão dos personagens e seus itens. O problema é que esse recurso será limitado a uma expansão chamada Pacote de Férias de Mestre, que vem incluída nas edições mais caras que custam a partir de R$ 419 nas lojas digitais. É um típico caso em que as decisões gananciosas da publicadora acabam prejudicando um produto legitimamente bom.

No entanto, vale lembrar que o jogo também possui uma Aventura Premium, que fica disponível logo após terminar a campanha principal. Dessa forma, os jogadores podem explorar os cenários livremente para concluir atividades pendentes, incluindo minigames ou missões secundárias. Todos os personagens também ficam disponíveis para editar o grupo desta forma. Como Like a Dragon é uma franquia com muitas atividades, é fundamental que o jogador tenha tempo para concluí-las com calma após terminar o jogo principal — e isso felizmente é possível.

Like a Dragon: Infinite Wealth está localizado em português do Brasil já a partir do lançamentoLike a Dragon: Infinite Wealth está localizado em português do Brasil já a partir do lançamentoFonte:  Reprodução/Bruno Magalhães 

O desempenho de Like a Dragon: Infinite Wealth também é digno de nota. O jogo tinha causado uma má impressão na versão de demonstração inclusa em Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name, pois não rodava a 60 FPS no PlayStation 5. Felizmente corrigiram isso e o lançamento final está muito mais otimizado. É possível notar algumas leves quedas na taxa de quadros, mas nada que incomode. É impressionante como passaram um pente fino em um jogo desse escopo.

Nos combates, vale ressaltar que há momentos em que a câmera se posiciona mal e não permite enxergar direito a ação dos inimigos — eles se mexem antes de enxergarmos o que está acontecendo. Também acontece de alguns especiais serem realizados de uma posição diferente daquela que selecionamos, e isso pode frustrar um pouco em lutas mais desafiadoras em que devemos otimizar o dano causado, atingindo vários oponentes ao mesmo tempo. Com sorte, a desenvolvedora corrige isso nas próximas atualizações.

Os visuais do jogo também são bastante agradáveis, e a trilha sonora cumpre muito bem o papel para tornar cada combate eletrizante. Também vale elogiar como praticamente não há telas de carregamento: é sempre muito rápido navegar pelo cenário e isso incentiva a explorar tudo o que estiver à disposição.

Vale a pena?

Like a Dragon: Infinite Wealth é uma verdadeira carta de amor não apenas aos fãs da série, mas também de Kiryu Kazuma. Ele também é um lembrete de que os dois protagonistas não foram criados para substituírem um ao outro: ambos têm seu valor e aprendem com suas qualidades e defeitos quando estão juntos.

O jogo é muito feliz ao apresentar uma história que não dá ponto sem nó: todos os seus personagens têm um propósito e são bem-aproveitados, e o grande mérito disso é o fato de os roteiristas não terem pressa. Em meio a muita galhofa e situações cômicas — que são de praxe —, o jogo também é competente na hora de tocar assuntos mais sérios com responsabilidade, de modo que não subestime a inteligência do seu público.

Like a Dragon: Infinite Wealth trabalha na fundação do seu antecessor e leva franquia mais uma vez ao seu ponto mais alto em qualidade e diversãoLike a Dragon: Infinite Wealth trabalha na fundação do seu antecessor e leva franquia mais uma vez ao seu ponto mais alto em qualidade e diversãoFonte:  Reprodução/Bruno Magalhães 

As mudanças de gameplay também foram certeiras e, embora mantenham a essência do combate por turnos, são muito mais interessantes por recompensar a agência do jogador. A possibilidade de controlar os bonecos e atingir vários inimigos de uma só vez, com um posicionamento estratégico, muda completamente a dinâmica dos combates e torna o jogo muito mais divertido que seu antecessor.

Temos aqui o primeiro potencial indicado a Jogo do Ano.

Por fim, todas as atividades secundárias são pensadas para retribuir os jogadores com itens ou pontos de experiência. Tudo existe com algum propósito no universo do jogo, então a melhor recomendação é se divertir no seu tempo, experimentando tudo o que tiver vontade com calma para aproveitar esse mundo ao máximo. É uma jornada imperdível e que promete uma montanha-russa de sentimentos, com muitos risos e motivos para chorar. Não tenha dúvidas de que temos, aqui, o primeiro potencial indicado a Jogo do Ano em 2024.

Nota do Voxel: 100

Pontos positivos (prós):

  • História interessante e cheia de personagens carismáticos;
  • Gameplay muito divertido;
  • Variedade de conteúdo;
  • Bom desempenho e apresentação;
  • Localização em português do Brasil já no lançamento.

Pontos negativos (contras):

  • Alguns problemas de câmera nos combates;
  • New Game+ apenas para quem pagar mais caro, por decisão da publicadora.

Like a Dragon: Infinite Wealth foi testado antes do lançamento no PS5, com uma chave cedida pela SEGA e a Ryu Ga Gotoku Studio. O jogo chega em 26 de janeiro para PC (Steam), PS4, PS5, Xbox One e Xbox Series X/S.

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