Mass Effect: Legendary Edition é o que todo remaster deveria ser

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É sempre uma experiência interessante voltar para um game antigo e ter que lidar com visuais que podem ter envelhecido mal, efeitos que se tornaram engraçados em vez de impressionantes ou até mecânicas que não fazem muito sentido há alguns anos. Só que remasterizações, que deveriam ser a solução para isso, nem sempre dão muito certo e acaba sendo melhor até jogar o título em sua forma original. Por isso, quando Mass Effect: Legendary Edition foi anunciado pela EA em 2020, houve uma certa ansiedade e receio por parte dos fãs.

Em pouco tempo, ficou claro que repaginar o visual da trilogia lançada entre 2007 e 2012 seria o foco, mas havia dúvidas se esse remaster conseguiria de fato modernizar os games para um público cada vez mais exigente. Além disso, essa também seria uma chance de analisar os jogos com novos olhos e um senso crítico renovado, já com uma bagagem de oito anos vendo outros projetos que foram influenciados pela obra da Bioware e que aprimoraram um pouco de tudo o que era considerado bom ou inovador em Mass Effect originalmente.

Com essa edição nas mãos, podemos garantir que voltar na nave Normandy deu a sensação de como se tudo estivesse exatamente onde deixamos da última vez. Isso pode até soar como algo ruim, já que a sensação padrão é que uma remasterização deveria fazer tudo parecer novo, mas a verdade é que esse tipo de renovação nunca deve chamar atenção para si mesma, e sim exaltar a essência e visão criativa original do game que está sendo modernizado.

Felizmente, é isso que sentimos ao controlar nosso comandante Shepard após tantos anos, já que pudemos experimentar todas as melhorias, mudanças e aprimoramentos sem nem ter que lembrar que elas estão ali. O que vale mencionar é que boa parte das alterações são mais perceptíveis em Mass Effect 1, que é o jogo mais antigo e que mais sentiu o peso da idade.

Como há muito sobre o que falar, vamos logo embarcar logo nessa análise e abordar ponto a ponto tudo que mudou ou que pode ser encontrado de novo nesta tal edição lendária!

Lembre-se de suas decisões, esqueça o dinheiro

Assim que você inicia Mass Effect: Legendary Edition, há a opção de selecionar qualquer um dos jogos da trilogia no menu principal, sendo que você sempre pode voltar para alternar entre eles se assim desejar. Isso é ótimo para quem quer continuar fazendo missões secundárias depois de zerar a campanha de um deles ou simplesmente para dar uma olhada rápida nas diferenças da remasterização nos três títulos sem tanta demora.

É claro que, assim como era o caso dos originais, ao zerar um título de cada vez, você poderá levar seu progresso para o próximo jogo até o final da trilogia. A aparência e classe do seu personagem poderão ser alteradas, mas as decisões que tomou nos games anteriores serão importadas de forma intacta, o que pode levar a consequências sérias ao longo de Mass Effect 2 e Mass Effect 3, incluindo a morte de certos personagens.

Já o nível e o dinheiro de seu comandante Shepard não são transferidos, mas você ganha pontos de experiência e uma quantia de créditos com base no que tinha nas aventuras anteriores. Enquanto isso, os pontos de Paragon e Renegade (que vêm das suas decisões morais na trilogia) são importados apenas de forma parcial. Basicamente, o sistema funciona de forma parecida como era antigamente, mas como é tudo integrado nesta edição, o processo todo é bem mais simples e rápido.

Vale comentar ainda que todas as DLCs dos três jogos estão inclusas nessa edição e podem ser aproveitadas a qualquer momento. O único problema é parte do conteúdo extra foi lançado pensando no jogador que já havia completado boa parte ou toda a campanha principal, então você pode ver informações que não fazem tanto sentido se estiver em estiver no início da aventura.

Beleza em todo lugar

É claro que não dá para falar desta edição sem mencionar uma das mudanças mais óbvias e esperadas em relação aos games originais: o seu visual. A mudança nas texturas e iluminação é realmente impressionante, ainda mais se você olhar uma comparação desta edição com a versão antiga.

A própria EA disponibilizou algumas comparações entre o visual da nova versão com o antigoA própria EA disponibilizou algumas comparações entre o visual da nova versão com o antigoFonte:  EA/Divulgação 

Cada nova cena ou cenário apresenta um mundo mais bonito e vibrante, com a pele, cabelo e roupa dos personagens se destacando bastante. A diferença não é tão gritante em Mass Effect 2 e Mass Effect 3, mas há claramente uma melhoria visual substancial em todos os jogos da trilogia.

Se estiver interessado em dados mais diretos, podemos começar dizendo que nos modos que favorecem a qualidade gráfica, o PS4 e Xbox One rodam o jogo em 1080p e a 30 fps, enquanto o PS4 Pro, Xbox One X e o Xbox Series S podem oferecer a resolução 4K com 30 fps.

Nessa comparação, dá para ver bem a diferença no veículo Mako e no ambiente ao seu redorNessa comparação, dá para ver bem a diferença no veículo Mako e no ambiente ao seu redorFonte:  EA/Divulgação 

Quem tem a sorte de ter um PS5 ou um Xbox Series X em casa pode aproveitar a trilogia em 4K e a 60 fps no modo que favorece o visual. Já no PC, tudo depende do hardware que você possui, mas o máximo que pode aproveitar é a resolução de 4K com até 240 fps. Fora isso, você pode mexer em todas as configurações referentes ao visual do game, algo que não é possível nos consoles. Nada mal para quem investiu pesado na Master Race, não é?!

Sem miséria no combate

Quem se acostumou com as melhorias que as duas sequências trouxeram em relação ao primeiro game da série pode até esquecer como o combate funcionava originalmente. Controlar seu personagem não era uma tarefa muito precisa e você ficava meio preso a usar armas com as quais tinha proficiência devido sua classe.

Felizmente, em Mass Effect: Legendary Edition, esses aspectos mudaram para melhor, sendo que sua movimentação está mais fluida e você tem a desejada liberdade de empunhar qualquer arma que quiser. É claro que ainda é possível se especializar apenas no que sua classe permite, mas isso está longe de ser uma limitação.

Finalmente há como usar as armas que quiser com eficiênciaFinalmente há como usar as armas que quiser com eficiênciaFonte:  EA/Divulgação 

Vale mencionar ainda que agora há um botão dedicado para combate corpo a corpo que você pode usar a qualquer momento, sendo que na versão antiga, você tinha apenas oportunidades específicas em que essa opção aparecia na tela. Tudo isso em conjunto realmente te incentiva a alternar entre estilos de combate dependendo da situação em vez de ter que sempre seguir a mesma estratégia ou usar o mesmo tipo de arma pelo jogo todo.

O que deu para notar que não mudou muito é a maneira que os aliados agem quando você os leva para uma missão, já que eles não oferecem tanta utilidade a menos que você gerencie quase tudo relacionado a eles no menu de habilidades de seu esquadrão. Não é uma coisa tão necessária e nem algo que você precise olhar o tempo todo, mas utilizar essas habilidades especiais pode facilitar bastante as lutas mais desafiadoras.

A liberdade do remaster te faz planejar estratégias de como abordar cada lutaA liberdade do remaster te faz planejar estratégias de como abordar cada lutaFonte:  EA/Divulgação 

É claro que não dá para dizer que o combate está sem falhas, já que os inimigos ainda podem ter uma movimentação meio estranha, o que torna os encontros levemente desajeitados para dizer o mínimo. Ainda assim, a decisão mais difícil de entender em Mass Effect 1 é que você ainda entra em posição de cobertura de forma automática quando corre em direção a uma estrutura.

Considerando que suas sequências já contavam com botões para entrar ou sair de cobertura de forma manual e o número de mecânicas que foram modificadas para oferecer uma experiência mais unificada na trilogia, é estranho que essa tenha permanecido intacta.

Qualidade de vida

Não são apenas as grandes mudanças que fazem um remaster ser bom, já que há várias alterações pequenas, mas que melhoram muito sua experiência com os games clássicos da Bioware. Isso inclui o tempo de carregamento ao entrar em novas áreas, que ficou bem menor e até imperceptível em alguns momentos. Essa melhoria torna a locomoção pela Citadel em algo muito mais agradável, especialmente nos vários elevadores e transportes que precisamos pegar para viajar para diferentes partes desta área.

Não ter que ficar esperando o carregamento longo das áreas nos permite não sentir mais raiva de andar pela CitadelNão ter que ficar esperando o carregamento longo das áreas nos permite não sentir mais raiva de andar pela CitadelFonte:  EA/Divulgação 

Falando em elevadores, as conversas que aconteciam nesses momentos agora podem ser totalmente puladas se você não quiser ouvir o que seu esquadrão tem a dizer sobre uma missão ou eventos que acabaram de acontecer. Antigamente, você tinha que ouvir cada palavra enquanto o game carregava a próxima área, algo que podia levar quase um minuto.

Outra mudança positiva é que agora que os itens que você encontra durante sua aventura ou no meio dos combates são classificados de maneira mais útil com a nova categoria “Junk” (basicamente, "porcarias"). Isso quer dizer que em vez de ter que olhar todos itens para descobrir o que pode ser vendido, o jogo te diz e dá a opção de vender tudo o que está em "Junk" facilmente. É uma mecânica bem-vinda e que temos visto bastante em jogos lançados nos últimos anos.

A categoria A categoria "Junk" foi uma boa inspiração que a Bioware pegou de jogos mais novosFonte:  EA/Divulgação 

Outras boas mudanças menores incluem que Shepard pode correr fora de combate, o veículo Mako se movimenta melhor quando você explora o terreno de outros planetas, modificações de armas podem ser encontradas no jogo todo e o uso do Medi-gel foi aprimorado. São fatores que podem passar despercebidos no meio de tantas novidades, mas que melhoram bastante a experiência geral.

Nem tudo envelhece bem

Já falamos de tanta coisa boa sobre Mass Effect: Legendary Edition que pode até parecer que o jogo é perfeito, mas é claro que ninguém esperava isso de uma remasterização. Jogando a trilogia, dá para perceber que a nova versão tem alguns problemas próprios, mas também dá para relembrar as falhas dos originais que simplesmente não poderiam ser arrumadas sem um remake total.

Há problemas, mas eles não ofuscam o brilho dos jogosHá problemas, mas eles não ofuscam o brilho dos jogosFonte:  EA/Divulgação 

Um dos aspectos que torna mais evidente a idade dos títulos da franquia são as animações, tanto faciais como corporais, ainda mais agora que temos tantos jogos com captura de movimentos com atores. Quando qualquer personagem humanoide fala algo, não há como deixar de notar a mandíbula praticamente só subindo e descendo, por exemplo. O mesmo pode ser dito para expressões gerais no rosto, já que nossa comandante Shepard geralmente estava quase sempre com uma cara de entediada.

Isso não é algo que estraga a imersão ou te faz se importar menos com os personagens, mas é algo que se destaca no meio de tanta beleza desta remasterização. Felizmente, isso melhora um pouco em Mass Effect 2 e Mass Effect 3, considerando que eles já contavam com animações melhores.

Algo novo da remasterização que pode parecer meio engraçado é a iluminação em certos momentos, já que ela nem sempre tem um efeito tão natural na pele dos personagens e até costuma mostrar manchas esbranquiçadas em partes do rosto, por exemplo. Essa luz extra também exibe um espaço maior de ambientes que nunca foram tão detalhados, o que pode fazê-los parecer mais vazios.

Não demora muito para notar as manchas estranhas que aparecem na pele de alguns personagensNão demora muito para notar as manchas estranhas que aparecem na pele de alguns personagensFonte:  EA/Reprodução 

Alguns dos problemas existentes nos games originais e que continuam aqui incluem alguns temas considerados controversos e o sistema de escolhas morais para o seu comandante Shepard. No caso de controvérsias, há missões em que vemos doenças mentais sendo tratadas de forma estereotipada, por exemplo. É algo que pode incomodar muitos jogadores agora que há uma consciência maior sobre assuntos tão delicados como esse e que envolvem condições sem cura, então fica o aviso.

Já o sistema de escolhas sempre foi alvo tanto de críticas como de elogios nas versões originais, o que não muda nesta edição. Para quem não lembra, essa mecânica de decisões se divide em dois caminhos principais: o bonzinho Paragon e o malvado Renegade. Pode parecer que estamos simplificando essa mecânica com esses adjetivos, mas eles realmente são opostos de forma quase cômica.

Ao longo dos games, você terá várias grandes e pequenas situações em que pode dar diferentes tipos de respostas, com algumas resoluções te dando pontos para o caminho Paragon ou Renegade. Quanto mais pontos tiver em um deles, mais respostas do caminho específico aparecerão como opção nos diálogos. O problema é que, em muitos casos, as decisões são bem extremas e não necessariamente representam o que você gostaria para seu personagem.

Infelizmente, as suas decisões parecem um tanto unilaterais em muitas situaçõesInfelizmente, as suas decisões parecem um tanto unilaterais em muitas situaçõesFonte:  EA/Divulgação 

Você ainda pode tentar tomar um caminho mais neutro, mas haverá momentos em que é necessário escolher uma resposta que pende totalmente para um lado ou outro. Isso tira um pouco da profundidade do sistema moral em um jogo cuja narrativa e desenvolvimento de personagens são seus pontos mais fortes e únicos. Felizmente, isso não chega a estragar a trama dos games, que é bem interessante e divertida, além de ter sido um dos motivos que atraiu tanta gente para o mundo de Mass Effect.

O que pode ser levemente maçante é o sistema de menus, que funcionavam de forma padrão quando os jogos foram lançados, mas que hoje podem ser confusos e difíceis de se acostumar. Você precisa pausar e ir ao menu para fazer quase tudo, o que é um grande contraste com a interface mais intuitiva e rápida de usar que temos em jogos atuais.

Para quem é essa Legendary Edition?

Tendo tudo isso em perspectiva, ainda fica a pergunta: afinal, vale a pena pagar mais pela nova edição ou as versões antigas ainda são o suficiente? Considerando tudo o que abordamos, a resposta curta é: sim, Mass Effect: Legendary Edition é, sem dúvidas, a melhor maneira de experimentar a franquia atualmente, seja para os veteranos ou novatos.

É claro que, como mencionamos ao longo da nossa análise, os jogos da franquia têm seus problemas que não teriam como serem resolvidos sem começar o desenvolvimento do zero. Isso pode trazer algum incômodo para quem está acostumado com jogos mais atuais ou mesmo para quem nunca jogou algum dos títulos da série, mas não dá para deixar de notar o nível de cuidado que a Bioware teve ao restaurar esses títulos para um mundo mais moderno.

O fato é que esses problemas não são nem de perto o suficiente para ofuscar o brilho da trilogia Mass Effect, que continua cativante mesmo após tantos anos. Fora isso, temos que admitir que salvar a galáxia com Shepard à bordo da Normandy nunca foi tão incrível como agora!

Nota do Voxel: 88

Pontos Positivos

  • Visual totalmente repaginado e que deixa o jogo bonito e moderno
  • Várias mudanças de qualidade de vida
  • Combate está muito mais divertido e com maior liberdade
  • Fácil de acessar ou alternar entre os jogos da trilogia no menu inicial
  • Uma experiência mais entrosada e fluída entre os três games

Pontos negativos

  • A iluminação causa alguns aspectos estranhos nos personagens ou cenários
  • Certos problemas do jogos originais continuam presentes
  • Os menus podem ser difíceis de se acostumar

Mass Effect Legendary Edition mostra o que um remaster deveria ser e torna a missão de salvar a galáxia com Shepard à bordo da Normandy mais incrível

Mass Effect: Legendary Edition foi gentilmente cedido pela EA Games para a realização desta análise

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