Jogamos o Beta de Dissidia NT: versão de PS4 parece port raso dos arcades

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No final de semana passado, a Square Enix realizou o período de testes Beta de Dissidia Final Fantasy NT, o próximo jogo spin-off de luta da série, para alguns jogadores selecionados do PlayStation 4. Nós tivemos acesso a essa versão e jogamos diversas partidas, totalizando algumas horas de jogo.

A franquia Dissidia Final Fantasy era exclusiva do PSP e deixava muita gente com vontade: afinal, estamos falando de um jogo de luta robusto que pega os personagens mais famosos de toda a franquia, colocando o jogador para controlar diversos heróis e vilões com mecânicas recheadas de ação (algo bem diferente do sistema de turnos da série).

Agora, com a chegada à nova geração e pela primeira vez em um console de mesa, será que a experiência está do jeito que esperamos? Bom, talvez Dissidia Final Fantasy NT não seja exatamente o que estávamos aguardando e o jogo pode não ser bem traduzido do arcade para os video games.

Cadê as batalhas 1 vs. 1?

A maior mudança que vemos no novo título é claramente a estrutura de batalhas: em vez de confrontos individuais, temos lutas de três contra três. A fórmula coloca o jogador de maneira bem livre no cenário: ande para onde quiser e combata o oponente que achar melhor. Cada time tem três “vidas” e perde a disputa quem usá-las primeiro, seja por cada um dos jogadores morrer uma vez ou o mesmo jogador morrer três vezes – há respawns agora.

Resumidamente, isso é traduzido como mais ação na tela e dispersão de foco. Parte da profundidade do sistema de luta é perdido aqui, pois a preocupação deixa de ser no que está a sua frente e passa a ser o que está a sua volta. Particularmente, é algo que não gostei e achei que não funciona bem nos consoles de mesa.

Em alguns casos, a partida acaba antes mesmo de você conseguir ter uma batalha significativa com alguém, enquanto outras são arrastadas e demoradas. Talvez, isso funcione bem nos arcades e em sessões rápidas dos fliperamas japoneses, mas parece que a experiência não foi bem traduzida para o PS4.

O modo 3 vs. 3 não é ruim, mas carece da qualidade original e pode ser enjoativo depois de um tempo

Até agora, não há nenhuma confirmação sobre um modo 1 vs. 1 e o modo história ainda é uma incógnita. Se Dissidia Final Fantasy NT mantiver a essência dos arcades, é bem provável que teremos uma experiência reduzida e que nada remete à espetacular jogatina que nos surpreendeu tanto no PSP.

Galeria 1

Mecânicas boas, mas sem grandes mudanças

Basicamente, há um ponto aqui que pode ser tanto algo positivo quanto negativo: de certa forma, Dissidia Final Fantasy NT é bem parecido com os anteriores no assunto “jogabilidade de personagens”. Cloud, Cecil, Tidus: todos são muito semelhantes. Isso não é necessariamente algo ruim (afinal, Ryu ainda tem o Hadouken desde o primeiro Street Fighter), mas um pouco mais de variedade seria bem-vinda.

Outra coisa que chamou atenção foi a competição pelo item especial da tela. Em vez de correr para coletar um artigo que enche a barra de especial (que garantia animações de cair o queixo e danos assombrosos), algo presente nos jogos de PSP, agora os jogadores devem bater em cristais que enchem a barra de Summon.

Essa nova mecânica é interessante no ponto de vista de batalhas de equipes, pois um jogador pode se separar do grupo ou o time inteiro pode se focar rapidamente para destruir o objeto e carregar a invocação. É possível escolher entre diversas criaturas, como Ifrit, Shiva, Bahamut e outros, cada uma com efeitos passivos e ativos diferentes, oferecendo uma variedade maior entre uma partida e outra.

As mecânicas boas continuam presentes, mas há poucas novidades

Essa dinâmica realmente é interessante e se destaca, mas não é tão boa quanto à mecânica dos jogos anteriores para encher a barra de especial. Outra alteração é a possibilidade de equipar magias e alguns buffs no botão triângulo, algo que também oferece uma profundidade um pouco maior à jogatina.

Cada personagem pertence a uma classe diferente, que tem seu próprio ranking, mas isso pouco importa no gameplay no final das contas, pois os personagens continuam mecanicamente parecidos e essa forma de classificação é dispensável. Talvez, com recompensas distintas ou alguma novidade, isso seja uma novidade legal, mas por enquanto é algo sem propósito.

O grande problema é que parte dessas adições acabam passando despercebidas: as lutas geralmente acabam rapidamente e toda a complexidade mecânica é desperdiçada em grande parte do tempo. No geral, Dissidia Final Fantasy NT é a mesma coisa que antes, com Bravery Points e Hit Points, mas se parece mais raso.

A personalização pode ser um aspecto interessante

Ficou claro que Dissidia Final Fantasy NT tem opções de personalizações para os heróis em sets pré-determinados. Possivelmente, essa opção era limitada por conta do Beta, mas é possível que isso seja mais aberto na versão final. Escolher magias e outros elementos pode ser algo interessante, já que há personagens focados apenas em combate corpo a corpo.

Aparentemente, os personagens não terão níveis nem a possibilidade de equipar itens, algo que provavelmente foi retirado por conta da versão arcade (afinal, trata-se de uma jogatina rápida em uma máquina, não há como salvar progresso) e isso será mantido na versão de consoles. Além disso, é legal ver que é possível mudar os especiais. Se tudo der certo, será legal ver um nível ainda maior

Gráficos incríveis em 60 fps

Apesar de ser um port de arcades (máquinas feitas para rodar o jogo como deve ser rodado), o PlayStation 4 consegue aguentar o tranco e entregar uma boa qualidade de imagem com ótimo desempenho. Há alguns probleminhas aqui e ali, mas é esperado de um título que ainda está em desenvolvimento.

Os personagens estão muito bem modelados, há muitos efeitos de partículas incríveis e tudo roda a 60 fps com poucos (ou nenhum) problemas de performance – é difícil julgar se houve quedas, mas certamente nenhuma foi significativa a ponto de ser visível.

Porém, há um contraponto que incomodou bastante: a poluição visual. Basta muita coisa acontecer na tela para ficar com a impressão de que há mais interface e dados no visor do que jogo em exibição. Em momentos que os summons chegam, você está com pouca vida e batendo em alguém, há muitas informações mesmo na tela, com diversas barras, números e efeitos acontecendo.

Por favor, Square: faça algo melhor que um port

O Beta de Dissidia Final Fantasy NT não foi ruim. Pelo contrário, o alicerce do jogo está intacto e todas as qualidades ainda estão presentes. Porém, certamente as novas adições podem ser melhor exploradas e há muita coisa que pode mudar para a versão de PlayStation 4.

A Square precisa provar que Dissidia Final Fantasy NT é mais que um port

Nada contra a versão de 3 vs. 3, mas é um modo que tira grande parte do charme dos games anteriores. Se a Square Enix quer fazer uma versão autêntica para o console da Sony, precisamos de um conteúdo mais palpável e que não se pareça um mero port dos arcades. E se isso vai acontecer, só o tempo dirá.

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