Review: sistema de streaming musical Tidal

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Lançado como um sistema independente cujo objetivo era trazer aos consumidores transmissões por streaming com qualidade de CD, o Tidal chamou atenção há alguns meses graças a seu novo dono, o rapper Jay Z. Com a mudança de rumo, o serviço passou por uma reformulação em seu visual e traz consigo a promessa de oferecer maiores pagamentos a artistas do que concorrentes como o Spotify e o Apple Music.

No entanto, durante o anúncio da mudança de rumo do sistema, não ficou muito claro o que isso traz de vantagens aos consumidores. Felizmente, com a chegada oficial da versão brasileira do serviço, tivemos a chance de testar quais sã os benefícios que ele traz para quem simplesmente deseja escutar músicas com a maior qualidade possível.

Para realizar nossa análise, usamos um código promocional oferecido pelos administradores do Tidal que garantiu acesso a uma assinatura HIFI durante um período de três meses. Além de analisar a biblioteca de músicas e artistas disponíveis, dedicamos uma atenção especial aos diferentes níveis de qualidade oferecidos pelo serviço durante nosso período de testes.

Experiência de uso

Quem já está acostumado com produtos concorrentes não vai ter muita dificuldade em lidar com o Tidal, visto que ele dispõe de opções bastante semelhantes às do Spotify e Apple Music. Isso não é algo necessariamente ruim, especialmente quando se leva em consideração as limitações impostas pelas próprias características dos produtos oferecidos.

No entanto, o serviço se destaca positivamente por apostar em uma interface de uso mais agradável, repleta de imagens em alta qualidade que ajudam a torná-lo mais atraente. Atualmente, é possível acessar o sistema de streaming tanto por sua versão web quanto por aplicativos feitos para o Android e o iOS.

Claramente dando destaques a artistas exclusivos de seu portfólio, o Tidal oferece filtros baseados em gêneros musicais, playlists com temáticas variadas e uma área totalmente dedicada a vídeos. Embora o catálogo ainda tenha alguns buracos notáveis (especialmente no que diz respeito a artistas brasileiros), o catálogo é vasto e você com certeza vai encontrar algo de que gosta.

Assim como os concorrentes, o Tidal possibilita realizar o download de faixas para serem escutadas offline em suas versões para dispositivos mobile. Uma das vantagens do serviço é o fato de que ele não somente permite configurar rapidamente a qualidade de transferência das faixas, como também traz a opção de escolher facilmente entre a memória do aparelho ou um cartão externo como local para o armazenamento dos downloads.

Para facilitar a navegação por seu extenso catálogo, o serviço possibilita marcar artistas, discos e faixas como favoritos. Baseado nas escolhas feitas, o sistema oferece recomendações personalizadas e informa o usuário quando há uma novidade que possa se mostrar interessante.

Após duas semanas usando o Tidal de forma frequente, é difícil voltar a concorrentes como o Spotify e o Deezer, cujas experiências de uso não se mostram tão intuitivas. No entanto, senti falta de um espaço maior a informações sobre artistas e eventos, algo que redes mais antigas como o Last.fm fazem com mais competência.

Alta fidelidade que faz diferença

A principal força do Tidal está nas opções de qualidade que ele oferece a seus usuários, que não são igualadas por nenhum dos grandes concorrentes que atuam atualmente no mercado. Através da janela de configurações do serviço, você pode escolher se quer ouvir músicas no formato AAC+ (96 Kbps), AAC (320 Kbps) ou FLAC (1.411 Kbps).

Nos aplicativos móveis, essas escolhas ganham a adição da possibilidade de limitar a qualidade das faixas dependendo da qualidade da conexão disponível. O mesmo se aplica às transferências realizadas: quanto maior a qualidade, maior o espaço necessário para armazenar as transferências em seu aparelho.

Embora para muitos a maior qualidade sonora oferecida pelo Tidal pareça simples jogada de marketing, fato é que ela faz uma grande diferença na hora da audição. No entanto, não são todos os consumidores que vão conseguir aproveitar as vantagens trazidas por isso devido a exigências que envolvem fatores que vão além do serviço de streaming.

Para realmente aproveitar a qualidade das músicas em FLAC, é preciso ter um fone de ouvido que consiga tirar proveito da maior quantidade de informações contidas nesse formato. Caso contrário, vai ser difícil diferenciar os elementos trazidos por ele daqueles presentes na transmissão em 320 Kbps.

Durante os testes realizados pela equipe do TecMundo, usamos como base o headphone Fidelio L2 da Philips, voltado justamente à reprodução de músicas de forma neutra. Além disso, também usamos o amplificador portátil E6 da Fiio para ajudar a trazer à tona todos os detalhes das faixas reproduzidas.

A experiência obtida é única quando comparado ao que é oferecido por qualquer concorrente direto do Tidal, visto que nenhum deles consegue reproduzir músicas com tanta fidelidade. Embora isso não faça diferença para quem escuta músicas de forma mais casual, sem dúvida a aposta em um maior nível de qualidade é uma atração a mais para aqueles mais exigentes nesse sentido.

O contraponto dessa solução é o fato de que isso resulta em um consumo maior de banda, o que pode se mostrar um impeditivo para quem tem uma conexão restrita em velocidade ou com um limite de dados mensais baixo. Durante nossa experiência, mesmo usando uma rede com velocidade rápida, também enfrentamos momentos em que houve um tempo de carregamento notável entre uma faixa e outra.

Vale a pena?

O Tidal não deixa nada a dever quando comparado com os concorrentes que atuam no mercado brasileiro no contexto atual. Oferecendo um catálogo compreensivo — embora falho em alguns sentidos —, o serviço traz como principais diferenciais uma interface de uso atraente e a possibilidade de escutar faixas em uma qualidade não disponível em outros locais.

O principal contraponto do sistema de streaming é o fato de que ele é um tanto mais caro que a concorrência. Após o período de testes gratuitos, é necessário pagar R$ 14,90 por uma assinatura Premium ou custosos R$ 29,80 pela versão HIFI, única a oferecer a possibilidade de reproduzir músicas no formato FLAC.

Dessa forma, a não ser que você possua equipamentos dedicados à alta fidelidade — como um fone de ouvido de qualidade (e caro) —, é difícil justificar a assinatura do Tidal. Isso porque, ao menos em suas assinaturas com qualidade menor, é possível pagar menos para ter uma experiência semelhante com o Apple Music ou o Spotify, por exemplo.

Em um mercado cada vez mais cheio de opções semelhantes, o sistema de Jay Z surpreende por ter uma característica que realmente é única. No entanto, levando em consideração as exigências que isso traz como consequência, é difícil ver um cenário em que o oferecimento de uma maior taxa de bitrates seja mais atrativa que um catálogo vasto ou artistas exclusivos para o grande público, que em geral somente quer escutar músicas sem pagar muito por isso.

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