Monstros cibernéticos: as máquinas que mineram os bitcoins

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(Fonte da imagem: Reprodução/Casascius)

Bitcoin. A polêmica moeda virtual criada em 2009 por Satoshi Nakamoto ainda divide opiniões no que diz respeito a sua segurança, eficiência e confiabilidade. Instável e descontrolada, ela animou muitas pessoas em seus tempos mais valorizados e desanimou tantas mais em suas quedas astronômicas – a pior foi registrada neste mesmo ano, quando 1 BTC caiu de US$ 200 para US$ 40 em questão de pouquíssimos minutos.

Não há dúvidas de que o sistema realmente tem suas falhas, mas seu hype parece não diminuir mesmo com o passar dos anos. Muito pelo contrário: é cada vez mais comum encontrar quem invista milhares de dólares na prática que ficou popularmente conhecida como “mineração de bitcoins” – o método mais simples de ganhar dinheiro utilizando a moeda.

Na teoria, tudo parece bem simples. Ligue seu computador, baixe um software minerador, configure-o com seus dados e espere até que a rede peer-to-peer comece a “premiar” com pequenas quantias de BTC, simplesmente por estar rodando o programa e atuando como um servidor para as operações de terceiros.

O problema está nos altos requisitos necessários para minerar uma quantidade decente de bitcoins por dia (o suficiente para compensar os gastos com energia elétrica). As operações de processamento que uma CPU/GPU é obrigada a realizar enquanto está rodando um programa minerador são um tanto complexas e pesadas; logo, é essencial ter uma configuração especial capaz de lidar com a prática.

(Fonte da imagem: Reprodução/BitCoin Board)

Trabalho pesado

Um computador equipado com Pentium Dual Core, 2 GB de RAM e placa de vídeo Intel G41, por exemplo, tem poder de processamento estimado em 2,3 MHs/s (sigla para MegaHash/segundo, medida usada especialmente para calcular a performance de mineração de BTCs). Essa quantia é tão baixa que poderá minerar pouco mais de 0,08 bitcoins por mês – menos de R$ 5.

Não demorou muito até surgirem empresas e grupos independentes entusiastas dessa tecnologia interessados em criar gigantes mecânicos projetados especialmente para a prática de mineração. Da mesma forma, essas pessoas rapidamente perceberam o quanto poderiam lucrar vendendo tais máquinas para quem tem dinheiro, paciência e energia elétrica o suficiente para mantê-las ligadas durante meses a fio, gerando dezenas e até centenas de moedinhas digitais.

(Fonte da imagem: Reprodução/Casascius)

Avalon ASIC

O Avalon ASIC é uma das primeiras máquinas para mineração de bitcoins que surgiram no mercado. Pela dificuldade de montagem e alto custo dos componentes, o equipamento só é vendido em pequenos lotes anunciados de antemão para os possíveis interessados em comprar um brinquedo desses.

O último lote – atualmente em processo de distribuição – encerrou no dia 3 de março, e cada unidade saiu por aproximadamente US$ 1,3 mil (cerca de R$ 2,6 mil sem adição de impostos e frete). As próximas levas, contudo, serão cobradas através dos próprios bitcoins e terão um “considerável” aumento de valor: quem estiver interessado no dispositivo precisará desembolsar pelo menos 75 BTC.

Lembra-se da taxa de processamento? Prepare-se para cair da cadeira: o Avalon ASIC possui um poder de incríveis 60.000 MH/s, com a possibilidade de aumentar drasticamente sua potência com a adição de módulos opcionais!

Unidade do primeiro lote do Avalon ASIC (Fonte da imagem: Reprodução/BitCoin Talk)

Butterfly Labs BitForce Mini Rig SC

A Buttlerfly Labs é uma companhia bastante respeitada no ramo de mineração de bitcoins. A empresa não comercializa somente um, mas sim quatro diferentes modelos de máquinas desenvolvidas especialmente para a prática rentável. Se você for um “iniciante” no ramo (ou simplesmente não deseja investir tanto assim), pode gastar US$ 274 em uma BitForce 5 GH/s SC, pequeno cubo com (como você pode imaginar) 5 GH/s de potência. E você achando que a Avalon era forte, não é mesmo?

Agora, caso você queira levar a coisa realmente a sério, pule o BitForce 25 GH/s SC (US$ 1,2 mil), ignore o BitForce 50 GH/s Miner (US$ 2,4 mil) e finalmente adquira um glorioso BitForce Mini Rig SC – que não tem o preço publicamente revelado. São 1.500 GH/s de potência para você usar à vontade!

A BitForce Mini Rig SC (Fonte da imagem: Divulgação/Buttlerfly Labs)

Mais do que potente, devemos concordar: esse majestoso minerador é uma excelente peça de decoração para seu quarto, sala de estar e – por que não – mesa do escritório, caso você seja uma pessoa levemente excêntrica. Seu painel de controle (que também mostra informações da mineração em tempo real) é, na verdade, um tablet Nexus 7 rodando uma ROM customizada do sistema operacional Android.

O único “pequeno problema” em adquirir qualquer produto da Butterfly Labs é que você não sabe exatamente quando eles chegarão na sua casa. Atualmente, a companhia sofre com processos de fraude e estelionato, por conta dos infinitos adiamentos na entrega das máquinas. No momento em que esta reportagem foi escrita, a loja assegura aos seus clientes que os PCs estão em fase final de fabricação e devem ser enviados o mais rápido possível. Será?

Toda a família BitForce (Fonte da imagem: Divulgação/Buttlerfly Labs)

ModMiner Quad

Estava interessado em adquirir uma máquina de mineração, mas ficou assustado com os preços astronômicos e companhias possivelmente fraudulentas? Não se preocupe. Há opções mais baratas (e confiáveis) à sua disposição – obviamente, com poder de processamento um pouco menor. Se você tiver pelo menos US$ 1.069 (R$ 2,2 mil) com você neste momento, talvez valha a pena investir em uma ModMiner Quad, por exemplo.

Discreta e estilosa, a máquina promete 840 MH/s de processamento (210 MH/s em cada uma das quatro placas Spartan 6 LX150). Contudo, a grande vantagem fica por conta da possibilidade de personalizar o hardware do jeito que você quiser (caso tenha conhecimentos avançados de informática, claro). Além disso, o ModMiner Quad é a única máquina de mineração que pode facilmente ser utilizada para outros propósitos – como calcular algoritmos complexos ou um simples computador comum.

No momento da publicação desta matéria, os estoques do ModMiner Quad estavam completamente esgotados. Contudo, seus desenvolvedores afirmam que mais unidades já devem estar disponíveis daqui a sete dias.

A ModMiner Quad não conta com qualquer tipo de gabinete (Fonte da imagem: Divulgação/ModMiner Quad Store)

Frostbit 1000

A Frostbit 1000, projetada e comercializada pela Cryoniks, não recebeu esse nome aleatoriamente. O processo de mineração é perigoso para qualquer máquina “comum” por conta do absurdo aquecimento dos componentes internos. Um leitor anônimo do site BitCoin Brasil, por exemplo, reportou ter sofrido uma grave insolação enquanto dormia por conta do calor proveniente de seu minerador (se é verdade ou não, infelizmente nunca poderemos ter certeza).

Bom, a FrostBit 1000 não sofre com esse problema, visto que é constantemente resfriada com nitrogênio líquido. Exatamente: trata-se de uma verdadeira câmara criogênica em miniatura, com seus três núcleos de processamento prontos para trabalhar em um ritmo de 1.000 GH/s. A aparência do invento encanta: as faixas iluminadas por luzes LED indicam se ele está operando corretamente ou se existe qualquer tipo de problema.

Quer um? Desembolse US$ 15 mil (ou R$ 32 mil). Contudo, mais do que a máquina em si, esse valor se reflete nas mordomias oferecidas pela Cryoniks: caso seu produto apresente falhas e precise ser consertado, você tem direito a um servidor da empresa minerando bitcoins diretamente para você, 24 horas por dia e sete dias por semana.

Frostbite 1000 impressiona pelo design elegante (Fonte da imagem: Divulgação/Cryoniks Inc.)

A mineração só está começando

Obviamente, os “monstros cibernéticos” listados aqui representam apenas um tímido começo dessa modalidade de computadores. A tendência é que surjam modelos cada vez mais potentes de acordo com a popularização e a valorização da moeda, tornando a mineração algo cada vez mais almejado por investidores e geeks dotados de um alto poder aquisitivo.

Todavia, se muitos já questionam se o BTC realmente pode realmente ser considerado “dinheiro”, o que diria de um futuro no qual qualquer pessoa pode gerar suas próprias riquezas no conforto da sua casa, sem precisa trabalhar ou fazer o mínimo esforço para isto? A resposta certamente virá daqui a alguns anos, juntamente com o declínio total ou a ascensão suprema do sistema de bitcoins.

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