Steve Jobs autorizou biografia para que filhos o conhecessem

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Reuters. Por Alistair Barr e Poornima Gupta - Com dores e já fraco demais para subir escadas, algumas semanas antes de morrer, Steve Jobs queria que seus filhos entendessem por que ele não estava sempre disponível, segundo o autor de uma aguardada biografia do empresário.

(Fonte da imagem: Apple)"Eu queria que meus filhos me conhecessem", disse Jobs, de acordo com o autor Walter Isaacson, quando questionado sobre a razão de autorizar uma biografia tão abrangente, depois de viver uma vida tão reservada, quase ascética.

"Eu nem sempre estava lá para eles, eu quis que eles soubessem o porquê, e que entendessem o que eu fiz", afirmou o cofundador da Apple a Isaacson na última entrevista feita na casa de Jobs em Palo Alto, na Califórnia.

Isaacson contou que visitou Jobs há algumas semanas, e o encontrou curvado de dor, num dormitório do andar térreo. Ele havia se mudado para lá porque não tinha mais forças para subir e descer escadas, "mas sua mente continuava afiada, e seu humor, vibrante", escreveu Isaacson em um texto no site Time.com, a ser publicado também na edição de 17 de outubro da revista.

Jobs morreu na quarta-feira, aos 56 anos, após uma longa batalha contra uma forma rara de câncer pancreático.

Em todo o mundo, políticos, concorrentes e fãs da Apple lamentaram a morte do homem que mudou o cotidiano de milhões de pessoas com invenções como o computador Macintosh, o iPod, o iPhone e o iPad.

Assim como Jobs se manteve reservado nos últimos anos a respeito de detalhes da sua doença, a Apple também pouco disse sobre as circunstâncias da sua morte. Informou apenas que Jobs - que havia deixado em agosto o comando da empresa - morreu cercado pela esposa, Laurene, e por outros parentes próximos. Ele deixou quatro filhos, de dois relacionamentos.

Os detalhes sobre o funeral também não foram divulgados. As autoridades da Califórnia disseram que não haverá honras de Estado nem funeral público. A Apple planeja uma "celebração" da vida de Jobs, mas não informou quando.

Memoriais em lojas da Apple

De Tóquio a Nova York, e de Paris a San Francisco, fãs da Apple criaram memoriais improvisados em frente às lojas da Apple, com flores, velas e maçãs - símbolo da companhia que ele criou em 1976, e que se tornou a maior empresa mundial do ramo tecnológico.

Em frente à sede da Apple, no vale do Silício, atuais e ex-funcionários se reuniram com suas famílias sob um céu nublado para homenagear Jobs. "Ele era uma pessoa muito reservada, mas está em todo lugar nos produtos que criou", disse Glenn Harada, de 22 anos, ex-funcionário da Apple. "Ele não trabalhava sozinho, mas nada disso poderia ter acontecido sem ele."

A empresa entra numa fase de incertezas sem o seu visionário criador. Celulares com o sistema Android, do Google, estão ganhando participação nesse mercado dominado pela Apple, e não se sabe qual será o próximo grande produto da empresa.

Nesta semana, o lançamento do iPhone 4S - o tipo de evento onde Jobs costumava brilhar - decepcionou os fãs, mostrando a falta que o executivo fará. Com seu tradicional traje de camiseta preta com gola alta e calça jeans, Jobs era considerado o coração e a alma de uma empresa que rivaliza com a Exxon Mobil como a mais valiosa dos EUA.

Jobs deixa um patrimônio líquido estimado em 7 bilhões de dólares - incluindo uma participação de 7 por cento na Walt Disney Co. -, e não se sabe como a herança será distribuída.

O empreendedor era eventualmente criticado por não ceder tanto dinheiro e prestígio a causas filantrópicas, a exemplo do que fazem bilionários como Warren Buffett e Bill Gates. Mas sua morte reavivou especulações de que parte do seu espólio poderá ser entregue a hospitais ou entidades de pesquisa contra o câncer.

As ações da Apple fecharam em baixa de 0,23 por cento na quinta-feira, com desempenho inferior ao da média do mercado acionário nos EUA.

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