Pesquisadores da USP desenvolvem simulador que avalia segurança de rodovias

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Um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo em São Carlos, liderado pela professora Ana Paula Larocca, do Departamento de Engenharia de Transportes da Escola de Engenharia da instituição, desenvolveu uma tecnologia pioneira no Brasil e na América Latina que pretende reduzir o número de acidentes nas estradas brasileiras sugerindo mudanças no traçado e na sinalização das vias.

O equipamento é um simulador formado por três telas e um cockpit com volante — similar aos usados para jogos de corrida — que exibe a virtualização de trechos reais de rodovias. O maior diferencial desse aparato está na presença de quatro câmeras: três delas localizadas na frente do motorista e uma atrás dele.

Enquanto o sensor traseiro projeta o olhar no ambiente virtual, as lentes frontais são responsáveis por monitorar os movimentos dos olhos do condutor. Esses dados são enviados para um software que relaciona o tempo para visualização das placas com a distância do veículo para a sinalização.

Com isso, os pesquisadores pretendem identificar pontos das estradas que necessitam de melhor sinalização ou até mesmo a alteração de seu traçado, e consequentemente evitar acidentes. A tecnologia tem sido testada ao longo de um ano e meio por 40 voluntários, tendo um trecho de 10 km da Rodovia Régis Bittencourt (BR-116) reproduzido nos displays.

“Com o simulador, é possível adequar as condições de infraestrutura das rodovias ao comportamento dos condutores. Por exemplo, se em um determinado ponto de uma rodovia há muitos acidentes, podemos simular situações para entender o comportamento dos condutores ligado às causas de acidentes. Caso seja um problema de falta de sinalização, isso pode ser melhorado”, comentou Larocca em entrevista para a agência de notícias da USP.

“Neste segundo semestre, pretendemos desenvolver uma cabine real de carro e inseri-la numa plataforma para simular os movimentos do veículo na rodovia e aumentar a percepção de imersão do condutor”, complementou a professora.

Primeiras aplicações

O resultado desse primeiro estágio de teste com a BR-116 foi recentemente colocado em prática, ou seja, alterações na estrada foram efetuadas com base nas informações obtidas pelos pesquisadores da USP em São Carlos. “A gente percebeu que uma de cada três placas era observada e as outras o condutor simplesmente nem conseguia perceber que estavam no cenário”, explicou Fábio Vieira, um dos envolvidos no projeto, para a emissora EPTV.

“Fizemos a implantação da nova sinalização no trecho. Faz exatamente um mês que nós fizemos a implantação e começaremos agora a colher os resultados dos acidentes”, reforçou Larocca. “Mudar uma infraestrutura, um traçado de uma rodovia muitas vezes não é viável. A alteração da sinalização através do estudo do comportamento do condutor naqueles trechos específicos certamente vai propiciar uma mitigação de acidentes. É mais segurança viária para o motorista”, finalizou a professora e líder da pesquisa.

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