Mr. Deepfakes: site de deepfake pornô é encerrado para sempre
Responsáveis pela página alegam problemas no provedor de serviços e dizem que site não será relançado

Por Felipe Vidal
05/05/2025, às 15:30

O Mr. Deepfakes, um dos maiores sites especializados em armazenar deepfakes de pornografia não consensual, anunciou o fim de suas atividades. Segundo informações da própria página, um problema em um provedor de serviços fez com que toda a operação fosse cancelada para sempre.
Ao tentar acessar o site, uma mensagem exibida explica que um “provedor de serviços essenciais encerrou o serviço permanentemente. A perda de dados impossibilitou a continuidade da operação”. O comunicado ainda aponta que o fórum e todo o catálogo de vídeos não está mais disponível e o site não será re-lançado.
Aliás, é interessante notar que o aviso na página comenta que “qualquer website que alegue isso [o relançamento] é falso”, como se todo o conteúdo que sustentou a página também não fosse. Por fim, é explicado que o domínio do site eventualmente irá expirar, e os organizadores “não são responsáveis pelo seu futuro uso”.

O que é o Mr. Deepfakes?
Informações sobre o que realmente motivou o fim do Mr. Deepfakes ainda são escassas. O site se tornou um dos principais pólos para a disseminação desse tipo de conteúdo criminoso.
- No Mr. Deepfakes, usuários podiam compartilhar livremente imagens e vídeos pornográficos feitos com inteligência artificial;
- Os mesmos ainda conseguiam se conectar com “criadores de conteúdo” para receber comissões;
- Nos fóruns, diversos colaboradores espalhavam técnicas para a criação dos materiais e ensinavam diferentes métodos;
- Muitos dos conteúdos criados eram extremamente parecidos com pessoas reais, que tiveram fotografias vazadas, ou celebridades.
- Não há informações sobre o criador do Mr. Deepfakes, mas o jornal alemão Der Spiegel teria rastreado um dos responsáveis como um homem de 36 anos residente em Toronto, no Canadá.
Em entrevista ao site especializado 404 Media, o professor Hany Farid, da UCL Berkeley School e especialista na análise de imagens manipuladas e deepfakes, entende o fim do Mr. Deepfakes como uma “vitória” para as vítimas de imagens íntimas não consensuais. Apesar disso, ele entende que ainda é um esforço pequeno e que “demora muito tempo a ser concretizado”.

“Os serviços de tecnologia, financeiros e de publicidade que continuam a lucrar e viabilizar sites como o mrdeepfakes precisam assumir mais responsabilidade por sua participação na criação e distribuição de imagens íntimas não consensuais. Embora esta remoção seja um bom começo, existem muitas outras [páginas] como esta, então não vamos parar por aqui”, finaliza Farid.
Uso de deepfakes se espalha
Além do lado bom das IAs generativas, diversos grupos utilizam a tecnologia para criar virtualmente imagem de mulheres, incluindo adolescentes e crianças, nuas. Embora não esteja restrita somente à pornografia, inúmeros sites veiculam esse tipo de conteúdo, que simulam imagens ou vídeos de pessoas reais, como celebridades, realizando atos sexuais.
- Certas páginas no Facebook divulgam grupos em outras redes sociais onde a divulgação dos deepfakes é liberada;
- Aplicativos como o Telegram são os preferidos para os criminosos veicularem os conteúdos;
- Além de celebridades, vítimas de deepfake são geralmente mulheres conhecidas, vizinhas, parentes ou namoradas;
- O Google anunciou medidas para facilitar a remoção de imagens falsas com conteúdo explícito geradas por IA;
Para mais informações sobre deepfakes e como se proteger na internet, fique ligado no site do TecMundo. Inclusive, o TecMundo tem um documentário próprio, o Realidade Violada, que no mais novo capítulo explica sobre os predadores sexuais da internet.