Infoproletários: os profissionais de TI que lutam por melhorias de trabalho

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Um movimento chamado Infoproletários busca defender demandas de trabalhadores de TI. Segundo reportagem da Folha de SP, o movimento nasceu em janeiro deste ano porque os trabalhadores da área não se veem representados pelos sindicatos atuais — e também não querem depender de sindicatos para defender necessidades trabalhistas.

De acordo com Raphael Coelho, 27, programador e membro do Infoproletários, o trabalhador de tecnologia no Brasil "está sempre endividado, no cheque especial, e acha que está prestes a virar o Mark Zuckerberg", CEO do Facebook.

Quantos meses você consegue sobreviver se parar de receber salário? Se der pra contar nos dedos, você é proletário

Coelho explica que o movimento teve inspiração no Tech Workers Coalition (Coalização de Trabalhadores de Tecnologia), nascido na Califórnia (EUA). Uma das pautas do TWC é a discussão se o programador é de fato proletário.

"Nossa maior demanda são condições melhores de trabalho e reduzir a jornada para seis horas. Problemas de saúde mental, como depressão, são comuns na profissão", nota Coelho. "Quantos meses você consegue sobreviver se parar de receber salário? Se der pra contar nos dedos, você é proletário".

De acordo com a Catho, a média salarial de um programador no Brasil é de R$ 2.461. Já a média para um técnico é de R$ 1.729. Enquanto isso, do outro lado da ponta, a média de um diretor é de R$ 16.666.

infoFoto: Eduardo Anizelli/Folhapress

  • David Judd, da Tech Workers Coalition, comentou que existe uma "raiva justificada de quem trabalha com tecnologia":

"Muitos deles não se veem como trabalhadores, então como podemos culpar os outros por não acreditarem que compartilhamos os interesses da classe operária?".

Como a Folha notou, a profissão não é regulamentada, "O grosso das empresas contrata como pessoa jurídica. Somos um balão de ensaio da inovação dos patrões. Tudo o que a reforma trabalhista prevê, terceirização, intermitente, já fazem com a gente há anos", adicionou Coelho. "As classes dominantes apresentam os avanços da tecnologia como um mérito da burguesia inovadora. Não podemos nos maravilhar com a tecnologia e esquecer que ela é feita pelas pessoas".

Queremos que a tecnologia seja um instrumento do povo, não uma arma contra ele

A Tech Workers Coalition, no Vale do Silício, explica de maneira clara o que o movimento busca: "Trabalhamos horas exaustivas, com a desculpa de que estamos 'mudando o mundo'. Queremos que a tecnologia seja um instrumento do povo, não uma arma contra ele".

Hoje, o Infoproletários possui 40 membros ativos com foco em São Paulo. Porém, existem membros em outras cidades, como Rio de Janeiro, Recife, Florianópolis e Porto Alegre.

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