Garotas desafiam preconceitos e se envolvem na construção de robôs

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A escola comunitária de Carl Hayden fica em Phoenix, no Arizona, nos Estados Unidos. Nesse colégio, cerca de 70% dos estudantes estão abaixo da linha de pobreza e menos de 40% chegavam a completar o ensino médio. A maioria das pessoas não esperava que a grade curricular incluísse robótica, mas, graças à determinação de dois professores, isso aconteceu.

Em 2001, Fredi Lajvardi, um professor de origem iraniana, e Allan Cameron, um jovem professor de ciências da computação, perceberam que as crianças da escola não estavam indo bem porque ninguém esperava ou dava oportunidade para que elas se destacassem em alguma coisa.

Os dois então decidiram fazer algo para mudar a situação e começaram a oferecer aulas de robótica. No começo os professores tiveram dificuldade para atrair alunos interessados no assunto, e apenas quatro estudantes entraram para o curso e começaram a montar um robô.

Apenas dois anos depois, a equipe da escola Carl Hayden conseguiu entrar em uma competição de robôs na Califórnia e vencer o campeonato nacional, desbancando até alunos do MIT. A vitória deu o incentivo que os professores precisavam, mas começou a gerar uma preocupação de que não houvesse muitas garotas envolvidas na construção dos robôs.

Ignorando estereótipos

Aos poucos apareceram algumas meninas interessadas na aula, mas elas acabavam fazendo toda a parte teórica e não se envolvendo na construção ou programação. Outros professores tentavam arranjar desculpas, dizendo que garotas não se interessam por engenharia ou que elas não sabiam usar as ferramentas necessárias, mas Lajvardi e Cameron não aceitavam essas desculpas e não queriam reforçar estereótipos.

Em 2007 a escola formou a primeira equipe de robótica composta apenas por mulheres. Elas faziam tudo, desde soldar até programar, não importava que nunca tivessem feito isso antes. No mesmo ano, as estudantes viajaram para San Diego para participar de uma competição de robôs e, mesmo que não tenham levado o troféu de primeiro lugar, a oportunidade de desenvolver estratégias e consertar equipamentos sem a ajuda dos meninos foi essencial.

Uma das integrantes da equipe, Angelica Hernandez, se formou em engenharia mecânica com louvor em 2011 e fez mestrado em Ciências na Universidade de Stanford em 2014. Ela cita que a influência do professor e a viagem para San Diego foram fatores decisivos na vida dela.

Apenas o começo

A partir dessa primeira equipe só de meninas, o curso de robótica começou a mudar de reputação e atrair cada vez mais estudantes. A aula ganhou fama de ser divertida e empolgante e de ser uma oportunidade para incrementar o currículo e abrir caminho para uma faculdade.

As estudantes que participavam da aula tinham origens diversas, desde líderes de torcida, esportistas, ou garotas que gostavam muito de ciências, todas unidas com o objetivo de fazer robôs legais. Todas fazendo trabalho pesado ou programação e trabalhando de igual para igual ao lado dos meninos.

Uma história assim dá esperança de que, no futuro, algo parecido possa acontecer também nas escolas brasileiras.

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