Produto

Galaxy S25 Edge não faz sentido para você, mas é um vislumbre para o futuro — REVIEW

Esse é um aparelho que tem concessões demais por um preço elevado demais para fazer sentido para basicamente qualquer pessoa

02/06/2025, às 22:05

Atualizado em 02/06/2025, às 22:08

Galaxy S25 Edge não faz sentido para você, mas é um vislumbre para o futuro — REVIEW

O Galaxy S25 Edge é o mais novo smartphone da família de ponta da Samsung e foi lançado alguns meses depois dos outros três irmãos. E ele repete quase tudo do que vimos no S25+ ou no S25 Ultra, até com a mesma câmera principal do Ultra na traseira — mas também faz um monte de sacrifícios para ser muito mais fino e leve.

Eu estou testando esse aparelho como se fosse o meu celular pessoal pela última semana e meia, e eu vou ser bem sincero: esse é um aparelho que tem concessões demais por um preço elevado demais para fazer sentido a qualquer pessoa. 

O meu foco principal será falar sobre o que precisa melhorar no S26 Edge para ser um aparelho viável para pessoas normais

Mesmo considerando que talvez exista um nicho de consumidores que tem como prioridade máxima comprar o celular mais fino possível custe o que custar e que faça questão de ter sempre o modelo mais recente da Samsung, essas pessoas especificamente não precisam do review de ninguém para avaliar e perceber se o aparelho vale a pena para elas ou não. Elas provavelmente já compraram ele para aproveitar as promoções de pré-compra que a Samsung sempre faz.

Então, por causa disso e porque eu também já estou cansado de ser injustamente chamado de hater da Samsung só porque faço questão de não ignorar os problemas que eu vejo nos aparelhos que eu testo, mesmo quando digo abertamente que eles são excelentes em geral, neste review aqui eu vou fazer uma coisa diferente. O meu foco principal aqui será falar sobre o que precisa melhorar no S26 Edge quando ele for lançado, provavelmente em 2026, para ser um aparelho viável para pessoas normais — e não só um grupo minúsculo de entusiastas. 

THUMB S25 EDGE C.JPG

O que é igual aos outros S25?

Antes de mais nada, o S25 Edge é um membro da família S25, então ele tem muita coisa em comum com os irmãos lançados em janeiro. Bora tirar isso do caminho, falando sobre tudo que é igual ou só um pouco diferente nesse aqui.

Nas dimensões, tirando a espessura do corpo, claro, o Edge tem basicamente a mesma largura, altura e formato do S25+. É um aparelho grande, mas não enorme como o Ultra. As laterais são retas, arredondadas só nas quinas, mas por ser mais fino é mais difícil fazer ele parar de pé sozinho em uma mesa. O metal do corpo é titânio, igual no Ultra, o que é mais leve e resistente do que o alumínio dos outros dois. E tem vidro na frente e atrás com proteção Gorilla Glass Ceramic 2, que é diferente de todos os irmãos e foi escolhida porque aumenta a proteção do aparelho sem aumentar tanto a espessura. O resultado é que, mesmo bem fino, o Edge é um aparelho muito resistente. Não acho que vai ter gente entortando ele sem querer.

  • Dimensões (A x L x E): 15,82 x 7,56 x 0,58 cm (mais espesso nas câmeras)

E o peso é de 163 gramas, um grama só a mais do que o S25 base, que é bem menorzinho. A combinação disso tudo faz com que a primeira coisa que você pensa quando pega nele pela primeira vez seja: nossa, é bem leve para um celular tão grande. Acredite, eu testei isso com umas 10 pessoas diferentes e essa foi a primeira frase dita. Toda. Santa. Vez.

  • Peso: 163 gramas

Antes de testar eu estava preocupado que essa finura com laterais retas fosse incomodar na mão ou dificultar o uso quando você vai gravar um vídeo na horizontal com uma mão só, mas não foi o caso. Você sente que ele é diferente quando segura pelas primeiras vezes, mas logo esquece disso e nem repara mais. Já no visual, fora a questão da espessura, a diferença é que o Edge tem esse degrau em forma de pílula vertical abaixo das câmeras traseiras, o que ajuda a diferenciar ele mais, mas destoa também porque a espessura dele nas câmeras acaba até ligeiramente maior que a do S25+ nessa área. Só é menos espesso que o Ultra. É uma pena, mas também é compreensível. Câmeras ainda precisam de muito espaço por motivos de Física.

Falando nelas, nas câmeras, ele é meio que um Frankenstein das partes dos irmãos. A frontal é de 12 MP, igual a todos os outros, e na traseira ele tem só duas. Nada das teleobjetivas dedicada dos irmãos para zoom ótico e aproximações de 100x no caso do Ultra. O Edge compensa parcialmente essa ausência trazendo a principal de 200 MP do irmão maior, o que permite tirar fotos normais com resolução de 12 MP e zoom digital ótimo de até 10X, então você pode mudar para os modos de 50 MP ou de 200 MP e recortar o zoom como preferir depois, e ambas as coisas têm resultados legais. E a segunda lente aqui atrás é a mesma ultrawide de 12 MP dos S25 base e Plus. 

THUMB S25 EDGE B.JPG

Câmeras

  • Frontal: 12 MP com f/2.2 e PDAF dual pixel
  • Traseiras: principal de 200 MP com f/1.7, OIS e PDAF multidirecional + ultrawide 120º de 12 MP com f/2.2 + HDR e flash LED

Assim como nos irmãos, as fotos diurnas e noturnas em todas as câmeras continuam saindo excelente e estão entre as melhores de todos os smartphones de ponta atuais. O zoom digital faz um ótimo trabalho de dia, mas ainda quebra um bom galho de noite, mesmo perdendo qualidade. As selfies também saem ótimas de dia em boas também de noite, mas usar a tela como flash deixou o fundo mais escuro e com muito mais ruídos do que nos irmãos, o que é uma piora a se considerar, por mais que não torne ele inutilizável no escuro.

E nos vídeos, a resolução máxima é 8K a 30 quadros por segundo ou 4K a 60 fps na traseira, com resultados ótimos em geral. E a estabilização em todas é tão boa que, a menos que você pretenda correr enquanto grava com o celular na mão, nem precisa ativar o recurso superestável, que ou vai deixar a imagem mais granulada por focar no centro da câmera ultrawide, ou o ângulo muito apertado por fazer isso na câmera principal. A frontal também tem resultados decentes, mas também tem ruídos visíveis se a luz cair um pouquinho que seja.

20250526_155730.jpg
Selfie em estúdio com o Galaxy S25 Edge

Vídeos: 

  • Traseira: 8k@30fps, 4k@60fps e QHD@60fps no modo Superestável
  • Frontal: 4K@60fps

A tela do S25 Edge continua sendo um painel AMOLED com taxa de atualização de até 120 Hz, resolução até QuadHD e o mesmo pico de brilho de 2.600 nits, tudo isso no mesmo exato tamanho de 6,7 polegadas do S25+. Só não tem a camada antirreflexo, mas ainda assim dá para usar ele muito confortavelmente mesmo sob a luz direta do Sol. O display continua excelente nele.

  • Tela: AMOLED LTPO 2X de 6,7” com resolução Quad HD+ (3120x1440 pixels), densidade de 513 ppp, HDR10+, taxa de atualização de até 120 Hz e pico de brilho de 2.600 nits

No lado de dentro, o processador é o mesmo Qualcomm Snapdragon 8 Elite, acompanhado pelos mesmos 12 GB de RAM e com opções de 256 ou 512 GB de armazenamento não expansível. Tirando o fato de que curiosamente o Edge foi o único que exigiu que eu garantisse alguma conexão com a internet já durante o processo de configuração, esse hardware é bem poderoso e permite que o desempenho cotidiano desse aqui seja igualmente excelente ao dos irmãos para as tarefas leves, como abrir e fechar apps, navegar por mensageiros, sites e redes socais e rodar games pouco exigentes. Ele tira tudo isso de letra sem esforço.

teste2.jpg

Hardware

  • CPU: octa-core Snapdragon 8 Elite for Galaxy (2x 4,47 GHz + 6x 3,53 GHz)
  • GPU: Adreno 830
  • RAM: 12 GB
  • Armazenamento: 256 ou 512 GB
  • Conectividade: WiFi 7 tri-band, 5G, Bluetooth 5.4 e NFC

Durante tarefas mais pesadas, como gravações longas de vídeos ou sessões prolongadas de jogos online com gráficos avançados, esse aqui inevitavelmente esquenta mais que os irmãos, mas não chega a realmente ferver. Como dá para ver nos prints de benchmarks que eu rodei, ele perde sim um pouco de desempenho nesse caso, mas na minha experiência não ao ponto de realmente afetar a jogabilidade de forma muito perceptível.

Isso não foi tão bom quanto no S25+ ou Ultra, mas foi melhor do que eu esperava de um celular fino assim.

E o software é a mesma OneUI 7 baseada no Android 15 que veio nos outros S25 e tanto demorou para começar a chegar nos modelos mais antigos. Continua fluída, a integração com o Gemini continua muito legal, ainda que não mude de verdade a forma como a gente usa o celular. Os recursos do Galaxy AI repetem tanto os pontos interessantes quanto os falhos que eu já descasquei lá no review do S25+, então vou deixar um link para quem quiser relembrar. Mas para mim o principal é que, já na metade de 2025, o último ano em que a marca disse que os recursos da Galaxy AI ainda vão ser gratuitos, a Samsung continua sem falar o que diaxo vai acontecer ano que vem. Vai ter que rolar uma assinatura? Se sim, qual o preço? Quais recursos funcionam sem pagar? Nada disso sabemos. Seu palpite é tão bom quanto o meu.

  1. Sistema operacional: OneUI 7 (Android 15)

red.jpg

O que torna o S25 Edge inviável?

Até agora, por mais que algumas coisas sejam um pouco piores e muitas sejam praticamente iguais, o Galaxy S25 Edge ainda parece ser um ótimo celular, certo? E nesses quesitos todos ele é mesmo. Bora falar dos problemas mais sérios, então. 

No episódio do nosso videocast Sem Manual, o Well e eu falamos sobre essa onda nova de smartphones superfinos que começa a ganhar força agora com o S25 Edge. E lá eu já tinha falado de duas evoluções tecnológicas recentes que são essenciais para tornar os novos celulares finos viáveis.

A bateria do Galaxy S25 Edge não é de silício-carbono

A primeira é o titânio, que torna ele mais resistentes mesmo sendo finos e que a Samsung usou aqui, o que é bom porque impede que ele entorte só de ficar no bolso das pessoas igual aparelhos finos antigos. 

E a segunda seria a tecnologia de baterias de silício-carbono, que vários aparelhos top de linha já começaram a usar a que permite criar bateriais de ótima qualidade e com uma densidade de energia superior. Ou seja, elas permitem que celulares de espessura normal tenham baterias bem maiores, ao mesmo tempo que possibilita que celular bem mais finos tenham a mesma capacidade de ótimos modelos dos anos anteriores. Só que aqui a Samsung não fez o que precisava.

A bateria do Galaxy S25 Edge não é de silício-carbono, usando a mesma tecnologia de íons de lítio dos anos anteriores. Por isso, ele tem só 3.900 mAh de capacidade, o que é 100 a menos do que o próprio S25 base, um aparelho bem menor que ele. É também 1000 a menos do que o S25+, que tem o mesmo tamanho e tecnologia de painel desse aqui. 

teste8.jpg

Bateria: 3.900 mAh com recarga de 25W

Juntando isso com o aquecimento que eu falei antes, esse aqui tem uma das piores durações de bateria entre todos os celulares que eu testei nos últimos 8 anos fazendo reviews aqui no canal. Em dias de utilização moderada, sem nenhum jogo ou gravação de vídeos, só com uma horinha de YouTube ali, outra de redes sociais e leitura de quadrinhos ali, o S25 Edge ficava sem energia com menos de 6 horas e 20 minutos de tela ligada. Se você fica fora de casa o dia todo, isso já exige uma recarga no meio da tarde para garantir a volta para casa.

Eu até consegui chegar em casa com mais de 20% de bateria sobrando, mas isso foi em um dia em que eu propositalmente tentei mexer o mínimo possível no celular. Mal passou das 3 horas de tela ligada. Já no dia em que eu usei ele mais intensamente, a bateria morreu no começo da tarde com 5 horas e 1 minuto de tela, sendo menos de 3 horas e meia jogando Diablo Immortal com tudo no máximo. Se eu tivesse aberto o jogo logo que tirei o celular da tomada, sem fazer mais nada, eu tenho certeza que nem nas quatro horas e meia ele teria chegado, morrendo antes do meio-dia e provavelmente exigindo 2 recargas ao longo do dia para conseguir aguentar nesse ritmo até de noite.

A maioria das pessoas não sabe e nem está disposta a brincar de caça ao tesouro em busca das peças desse quebra-cabeça que a Samsung força a montar para pagar o preço real do aparelho

E também não é como se a recarga fosse das mais rápidas, por mais que não seja horrorosa. Ele leva 1 hora e 20 minutos para ir de zero a 100%. Ele vem na caixa com o mesmo carregador de 25W dos outros top de linha da Samsung, mas diferente do Plus e do Ultra, ele não dá suporte a recargas mais potentes. Imagino que justamente por causa do aquecimento. Então nem adianta tentar usar um carregador melhor. 

Aí, tem o segundo problema, que é o preço. A Samsung lançou o S25 Edge no Brasil custando oficialmente a partir de R$ 7.919 à vista pelo modelo com 256 GB, e R$ 8.819 à vista pelo com 512 GB. Parcelando fica 10% mais caro.

E sim, eu sei que tem descontos consideráveis se você comprou o pré-registro plus, comprou o aparelho na pré-venda pelo app da Samsung, usou um cupom de desconto das lives oficiais deles e entregou um celular bom como troca, mas a grande maioria das pessoas não sabe e nem está disposta a brincar de caça ao tesouro em busca das peças desse quebra-cabeça que a Samsung força a gente a montar para pagar o preço real do aparelho no lançamento. Ela poderia simplesmente fazer uma promoção de lançamento simples bem divulgada, mas como ela não faz isso, eu falo aqui os valores que ela divulga oficialmente. 

Preços oficiais: 

  • 256 GB: a partir de R$ 7.919,10 à vista
  • 512 GB: a partir de R$ 8.819,10 à vista

Por esse preço, o S25 Ultra de 512 GB já pode ser comprado hoje, isso sem esperar nenhuma promoção. Mesmo o S25+ já pode ser encontrado custando R$ 2 mil a menos que o Edge sem ter que esperar super ofertas. E por mais que o Edge tenha a câmera principal de 200 MP, isso sinceramente não dá nenhuma vantagem realmente perceptível para ele sobre o Plus. No melhor dos casos ele empata, entregando desempenho pior e bateria muito pior.

teste4.jpg

Como o S26 Edge pode ser melhor?

Tem uma citação do filósofo Nietzche que o Tony Stark inverte no primeiro filme do Homem de Ferro, mas parafraseando é mais ou menos assim: antes de voar, você precisa conseguir levantar, andar e correr. Se a Samsung conseguir adotar a tecnologia de silício-carbono em escala para a próxima geração, reduzir o tempo ele o lançamento dos modelos originais e o Edge, melhorar o sistema de resfriamento do aparelho e dar um jeito de afinar também os calombos das câmeras sem perder qualidade como foi com a frontal, então eu diria que vai dar para dizer que o S25 Edge engatinhou para o S26 Edge conseguir andar. Antes disso, esse aqui é uma ideia que deu errado. Eu estou de verdade torcendo pelo melhor.