Entre as muitas especificações técnicas encontradas na hora de comprar um eletrônico com tela, seja um televisor, seja um celular, seja uma câmera, está o HDR, diferencial que chegou nos últimos anos para elevar a experiência de criação e consumo de conteúdo. Mas o que é isso exatamente? Muda muita coisa mesmo ou é só uma daquelas jogadas de marketing?
Para começar, precisamos conferir o que essa sigla significa: HDR é High Dynamic Range (alto alcance dinâmico), uma técnica ou modo de imagem que vai capturar ou exibir conteúdos com uma faixa mais ampla e variada de recursos de iluminação, afinal nem tudo tem o mesmo brilho, ainda mais objetos em várias profundidades de campo ou ângulo — e você não vai pausar o vídeo para ficar mudando o nível de brilho no controle remoto cada vez que um filme mudar de cenário. E o HDR no final das contas vai mostrar o melhor resultado possível. O contrário dele é o formato padrão de exibição de imagens, o Standard Dynamic Range (SDR).
Fonte: AWS
Falaremos aqui tanto do HDR que aparece nas telas quanto daquele das câmeras de celular.
HDR nas TVs
Os televisores que se dizem HDR são capazes de trazer o melhor desempenho em termos de brilho, reprodução de cor e contraste. Isso significa que é possível sentir a imersão e o medo do desconhecido em cenários escuros de um filme de terror, por exemplo, ou até um calorzinho em cenas bem iluminadas na praia, de tão realista que é a representação da luz. São mudanças às vezes bem significativas, às vezes mais sutis, mas, com certeza, para melhor e, para isso, a tela não precisa ser necessariamente 4K, embora quanto maior a resolução, mais visível o resultado, e a maioria das TVs que oferece HDR já está nessa faixa.
Um fator importante é a intensidade do brilho suportado pela própria tela, ou luminância, que é medido em nits: quanto maior o valor atingido, melhor. O contrário também vale, que é a capacidade de exibir o nível de preto, sem qualquer ponto de brilho, um escuro que passa essa sensação.
Os displays com HDR conseguem atingir padrões elevados de qualidade nesse sentido, mas é preciso levar em conta também o tipo da tela. Na OLED, por exemplo, o pixel "desligado" e sem luz passa essa sensação de forma ainda melhor, só que é a LED ou LCD que chega a uma intensidade de brilho maior.
O primeiro televisor 4K OLED com capacidade HDR do mundo foi o LG EG9650, apresentado em 2015
Mas detalhar esse assunto de LED, OLED, LCD demora, então é assunto pra outro texto. Ah, e o resultado não fica super artificial, como se realmente fosse uma gambiarra do aparelho: tudo é trabalhado para que cor e brilho sejam intensificados da forma mais natural possível.
Outro fator importante é que, para que o a reprodução seja perfeita, você precisa ter o HDR nos dois lados: o aparelho com tela precisa ser compatível com a tecnologia e o conteúdo precisa ser habilitado. Mídias físicas, games, serviços de vídeo e streaming estão adotando aos poucos a novidade e, quando isso não acontece, a conversão é um pouco mais artificial.
Além de toda essa explicação, existem vários padrões de HDR, que são rivais no mercado e às vezes preferidos por uma ou outra fabricante. Tem o Dolby Vision, que é de altíssima qualidade, porém mais caro de ser licenciado por ser proprietário; o HDR10, que usa informações de brilho fixas um pouco menos realistas, mas se popularizou bastante por ser de uso aberto, inclusive nos consoles PS4 Pro e Xbox One X; o HDR10+, que é uma evolução com rastreamento dinâmico; o HLG, ou Hybrid Log Gamma, que é um menos utilizado por aí e mais comum em emissoras de TV; e o Advanced HDR, da Technicolor, que na verdade é um grupo de padrões que variam de acordo com o seu modelo.
Tem um melhor? O da Dolby costuma ser o mais elogiado em contraste, mas você vai encontrar o HDR10 e 10+ com mais facilidade e eles dão conta do recado. De qualquer forma, fique sempre de olho nas especificações do aparelho que comprou ou pretende comprar para saber o padrão utilizado, e também nas informações do conteúdo consumido pra ver se ele suporta esse padrão.
Imagem: Acer
HDR nas câmeras
No caso das câmeras, não é a mesma coisa, e o HDR tem uma explicação diferente. A ideia ainda é mexer com brilho e cores, mas, de forma bem resumida, é como se você tirasse exatamente a mesma foto várias vezes, só que cada vez com uma exposição de luz diferente: uma com o sensor recebendo bastante luz, outra menos, e assim sucessivamente até a menor exposição possível. E aí, de modo automático, o sistema faz uma combinação dos resultados, com o tal alcance dinâmico atingido.
A ideia é igual à dos televisores: oferecer equilíbrio entre os níveis de brilho, mesmo em retratos mais complexos e com ajustes diferentes de iluminação. Sombras são mais acentuadas e cores ficam mais vivas.
A técnica do HDR existe desde o século 19, como experimento: fotógrafos brincavam com os negativos pra criar diferenças impossíveis de se fazer só usando a câmera entre céu e mar, por exemplo. Hoje, o processamento é feito na hora e quase de forma imediata, com o recurso embutido tanto em câmeras fotográficas digitais quanto em smartphones.
A fotografia em HDR foi um estilo de captura ou até de edição de imagem por software que era moda faz alguns anos, mas nem sempre bem usada. Às vezes, ficava um resultado supersaturado em cores e um ar "realista até demais" que incomodava muita gente. A foto em HDR não é uma solução mágica pra melhorar o seu clique e nem é indicada em todas as situações, tipo cenas de muita movimentação, mas, se bem usado, gera resultados incríveis.
Em resumo, o HDR em televisores é uma tecnologia que veio para ficar e traz sim resultados melhores. Eu sei que muita gente realmente não percebe a diferença, mas, se bem aplicado em um conteúdo, sabendo usar adequadamente o contraste e em uma tela de qualidade, ele é mesmo impressionante. Nas câmeras, essa é uma técnica que pode fazer fotógrafos amadores parecerem profissionais, mas tem que ser usada com moderação.
E aí, qual das características do HDR você acha mais relevante? Você tem algum aparelho com ele? Conte aqui nos comentários.
