The Hardware Show: Processador Intel Core i9-7900X – review/análise [vídeo]

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A brincadeira de processadores ficou bem séria neste ano. Depois do rebuliço causado pela AMD com seus chips Ryzen e também com o anúncio dos modelos Threadripper, a Intel resolveu arregaçar as mangas e soltar algumas surpresas para dar o troco.

Anunciada durante a Computex 2017, exatamente um ano após a chegada do processador Intel Core i7-6950X, a linha Core i9 vem para mostrar que a fabricante continua em um avanço frenético para entregar mais desempenho e tecnologia ao consumidor.

O Intel Core i9-7900X é o modelo de entrada dessa nova série, sendo que ele roubou a atenção com números absurdos, mas um tanto tímidos se comparados ao seu antecessor. Apesar de haver algumas dúvidas sobre o real poder do produto, esse novo dispositivo se destacou entre os tantos anúncios recentes, principalmente por ser um chip voltado para o mercado de desktops.

Pertencente à família Skylake-X, o i9-7900X vem para repaginar a série Extreme, que ganha uma série de novos membros. Esse processador é fabricado com litografia de 14 nanômetros, vem com dez núcleos (o que significa que ele pode executar 20 threads simultaneamente) que rodam na frequência de 3,3 GHz e têm TDP de apenas 140 watts.

É claro que esse não é um grande avanço se pensarmos no componente do ano passado, que tinha especificações muito similares. Contudo, há promessas de que ele seja significativamente superior ao i7-6950X e entregue boa competição com o Ryzen 7 e os futuros Threadripper. Vale considerar que essa novidade chega com novo soquete e outros pormenores, sendo preciso debater essas questões detalhadamente.

No geral, o Intel Core i9-7900X é focado em tarefas que usam múltiplos núcleos. Agora, fica a dúvida: ele vale a pena para o consumidor que quer jogar ou realizar tarefas em casa? Como de costume, nós passamos alguns dias rodando vários testes, incluindo benchmarks e jogos recentes. Confira agora nosso veredito.

Especificações

O que é essa nova série Intel Core i9?

Se você acompanha o mercado de hardware, possivelmente já sabe que a Intel divide (ou dividia até recentemente) seus processadores de alto desempenho em três categorias: entrada, intermediário e alta performance. Os chips de entrada são rotulados com o nome Intel Core i3, os intermediários como Intel Core i5 e os mais poderosos como Intel Core i7.

Nos últimos anos, com a ideia de levar o desempenho além do que a família Core i7 podia oferecer aos consumidores que apostam em desktops, a Intel lançou modelos com mais núcleos e especificações ousadas que podiam entregar benefícios significativos aos jogadores e profissionais que necessitavam de agilidade no processamento.

A série de dispositivos com mais núcleos foi intitulada Extreme, sendo integrada na linha Core i7 para evitar mais confusão ao consumidor. Ocorre que, com o avanço da concorrência, a Intel se viu obrigada a separar os modelos mais recentes — e robustos — da linha Extreme em uma nova categoria: a família Core i9.

Assim, atualmente, a marca tem novos modelos Extreme, que se distribuem entre as séries Core i5, Core i7 e Core i9. As CPUs mais acessíveis com esse selo foram integradas em famílias já comuns, enquanto que os dispositivos com 10 núcleos ou mais cabem na divisão Core i9 — só para constar, a Intel tem planos de lançar um chip com 18 núcleos.

Qual a ideia da nova família Intel Extreme?

Primeiramente, é importante ressaltar que o Intel Core i9 e os demais processadores Intel Extreme dessa geração usam o novo soquete LGA2066, que tem muito mais pinos e exige maior espaço na placa-mãe. Além disso, eles requisitam as novidades do chipset X299 para operar de forma apropriada, o que significa que somente novas placas são compatíveis.

Na prática, isso quer dizer que as atuais placas compatíveis com chips Kaby Lake ou mesmo aquelas que eram usadas com os antigos Intel Extreme não podem ser usadas para esses modelos inéditos. É claro que ter mais gasto na montagem do setup pode ser considerado uma desvantagem, porém a Intel teve uma ideia bastante interessante para esses novos chips.

Os novos processadores Intel Extreme vêm para levar o desempenho para além do que é possível em cada linha, ou seja, o Intel Core i5 Extreme entrega maior performance do que qualquer Core i5 comum, sendo que o mesmo vale para o Core i7 Extreme. A parte boa dessa nova linha Extreme é que todos os modelos usam o mesmo soquete.

Agora, você pode optar por um Intel Core i5 Extreme para começar sua configuração gamer e, caso sinta necessidade, pode mudar posteriormente para um Intel Core i7 ou Core i9. É claro que todos os chips Extreme custam mais do que os modelos comuns, então essa é uma ideia que só vale a pena se você realmente quiser investir em uma série mais robusta e dedicada para overclocking.

Conheça o Intel Core i9-7900X

O processador Intel Core i9-7900X é um dos poucos integrantes da família Skylake-X. Conforme já comentamos, ele tem 10 núcleos e, portanto, pode executar 20 threads. Basicamente, nada de novo nessa parte, já que o i7-6950X tem essa especificação. Então, o que muda? Bom, a Intel alterou bastante as coisas por dentro.

Em vez de ter 25 MB de memória cache, como o i7-6950X, esse novo chip vem com 13,75 MB de cache em nível L3. A redução nesse ponto é bastante curiosa, já que dadas as similaridades, tal mudança pode, na teoria, causar alguma desvantagem na parte de processamento. É claro que só vamos descobrir o quanto isso impacta na hora dos testes, porém tal alteração é, no mínimo, intrigante.

Além disso, a Intel conseguiu subir o clock base para 3,3 GHz — o antigo i7-6950X rodava por padrão na frequência de 3,0 GHz — e o clock turbo chega a incríveis 4,3 GHz. Há também aqui a compatibilidade com a tecnologia Intel Turbo Max, que em determinados casos pode levar o clock para os 4,5 GHz de forma automática, sempre verificando os ajustes de tensão e temperatura.

Para você que não conhece essa tecnologia, nós vamos explicar em detalhes. Vamos supor que um determinado software seja programado para aproveitar somente dois ou quatro núcleos. Nesse caso, em vez de o processador aumentar a frequência de todos os núcleos, a tecnologia Intel Turbo Max permite alterar o clock apenas dos núcleos que estão em uso.

Outra vantagem deste processador é sua capacidade de trabalhar com quantidades absurdas de memória RAM. Projetado para atividades profissionais, esse modelo pode aproveitar até 128 GB de memória do tipo DDR4.

Vale ressaltar ainda que ele suporta memórias que rodam a até 2.666 MHz, as quais podem ser configuradas em conjuntos de quatro módulos, já que a CPU tem suporte para quatro canais. Todas essas características são benéficas para softwares que alocam muitos dados e necessitam de respostas rápidas dos módulos de memória.

Testes de desempenho

Nós realizamos alguns testes com o processador Intel Core i9-7900X para conferir o desempenho do chip em diferentes aplicativos. O objetivo principal aqui é ver como esse modelo se comporta durante a realização de atividades específicas, como aplicações gráficas e benchmarks (que simulam diferentes tarefas que você realizaria no dia a dia).

Da mesma forma, executamos os testes em outros processadores, com o objetivo de verificar o ganho desse novo processador Extreme em comparação com seu antecessor (o i7-6950X) e chips mais comuns (e economicamente viáveis), como o Intel Core i7-6700K, o AMD Ryzen 7 1800X e o AMD Ryzen 5 1600X.

Máquina utilizada nos testes

  • Sistema: Windows 10 Pro
  • CPU: Intel Core i9-7900X @ 3,30 GHz
  • Memória: 16 GB RAM Corsair DDR4 2.133 MHz
  • Placa de vídeo: NVIDIA GeForce GTX 1080Ti
  • SSD1: Intel 540s Series 480 GB
  • SSD2: WD Blue 1 TB
  • Fonte: Corsair AX1500i
  • Cooler: RioToro Bifrost 240mm

As plataformas para comparação (com chips Skylake e AMD) contaram com diferentes placas-mãe — já que usam outros sockets. Placa de vídeo, fonte, SSD e sistema operacional foram idênticos em todos os testes.

PCMark

O PCMark é focado em testes mistos, que simulam desde o uso mais tradicional de um computador, como navegação na internet, até a reprodução de filmes e outras tarefas. Nós utilizamos as verificações Home Conventional e Creative Conventional para averiguar a performance das máquinas.

O teste Home é mais focado em tarefas do dia a dia, como navegação na web e execução de aplicativos de escritório. O resultado do Intel Core i9-7900X foi bem similar ao do Intel Core i7-6700K, o que mostra que as vantagens dessa CPU não são tão perceptíveis em atividades rotineiras.

Na análise Creative, no entanto, esse modelo Core i9 se mostra ainda mais superior ao Core i7 ou até mesmo ao Ryzen 7. Tais resultados apenas comprovam que esse chip pode ter muitas vantagens em situações profissionais ou que exijam mais cálculos para edição de vídeos e imagens.

Cinebench

O Cinebench é um teste de benchmark que verifica as capacidades do computador na renderização de gráficos tridimensionais (usando a tecnologia OpenGL), bem como o poder de processamento do chip principal da máquina para a renderização de imagens.

O foco dessa análise era verificar especificamente o potencial da CPU, por isso não rodamos o teste de OpenGL. Os resultados da CPU foram muito surpreendentes, comprovando que softwares otimizados podem ter uma vantagem significativa com o Intel Core i9-7900X.

O Core i9 foi muito ágil para processar várias partes da imagem em separado, completando o trabalho na metade do tempo do que vemos em um Intel Core i7 Skylake. Obviamente, essa vantagem é refletida na pontuação total do benchmark, que garante mais de 100% de ganho em comparação com o Intel Core i7-6700K e quase 30% superior ao do i7-6950X.

RealBench

Esse benchmark da ASUS efetua uma série de testes práticos, simulando como a máquina se comporta no dia a dia. O RealBench analisa o poder do computador na hora da edição de imagens, codificação de vídeos, trabalho com OpenCL e execução de múltiplas tarefas. O resultado geral indica a capacidade da máquina em pontos.

Considerando o foco prático desse benchmark, principalmente no que diz respeito a situações que usam múltiplos núcleos (e ativam efetivamente os 20 threads da CPU), podemos perceber que o Intel Core i9-7900X deixa o chip Skylake bem para trás. O resultado não é tão expressivo quando comparamos com o Ryzen 7, mas ainda é surpreendente.

Jogos

Ghost Recon: Wildlands

O novo Ghost Recon: Wildlands é um jogo bastante exigente e que pode consumir muitos recursos do processador. É claro que ele não deve ser um desafio muito significativo para o Intel Core i9, pois até CPUs mais lentas dão conta de levar o jogo com placas bem robustas. No entanto, vale o teste para averiguar se há vantagens em um chip de 10 núcleos.

Full HD

4K

Rise of the Tomb Raider

O último título da série Tomb Raider já é figurinha carimbada em nossos benchmarks, então nós resolvemos fazer testes para averiguar se o Intel Core i9 poderia entregar alguma vantagem nesse game que usa DirectX 12 e gráficos impressionantes.

The Division

The Division consome muitos recursos do computador, incluindo a atuação constante do processador. O jogo aproveita muito bem vários filtros e tecnologias para entregar visuais de primeira. Um recurso presente nele é o sistema de benchmark automático, algo que facilita o comparativo entre diferentes sistemas.

Temperatura e overclocking

Para concluir nossa análise, nós realizamos algumas verificações de temperaturas e também efetuamos ajustes para conferir a performance do processador quando configurado para operar com clock acima do que é especificado pela fabricante — ou seja, em condições de overclocking.

As verificações foram realizadas com o auxílio do programa RealTemp, que registra os valores em tempo real, bem como armazena informações sobre patamares mínimos e máximos. Nós testamos a CPU com dois watercoolers: o Intel TS13X e o RioToro Bifrost.

Infelizmente, fica evidente que watercoolers de uma ventoinha não são suficientes para refrigerar o Intel Core i9-7900X. A temperatura máxima registrada durante os testes que usaram todos os núcleos da CPU ultrapassou os 100 graus Celsius e tivemos situações em que o computador até desligou.

Quando rodamos os testes com o watercooler de duas ventoinhas (o RioToro), as temperaturas variaram de 60 a 80 graus Celsius. Esse modelo também possibilitou rodar os testes com overclocking (de 4,7 GHz), quando os valores subiram para aproximadamente 95 graus.

Falando em overclocking, o Intel Core i9-7900X não se mostrou tão confortável com as mudanças de frequência. Conseguimos aumentar cerca de 10% no clock e manter a performance estável em todas as situações, mas o ajuste para 4,8 GHz já apresentou problemas de tela azul.

Vale a pena?

Não há dúvidas de que o Intel Core i9-7900X é um dos processadores mais robustos da atualidade. Os resultados são bem claros e evidenciam que ele supera a maioria dos "modelos comuns" com uma margem significativa em várias situações.

Apesar disso, as novas tecnologias da Intel, bem como a vantagem dos múltiplos núcleos (e do HyperThreading) não significa que ele vai ser melhor em toda e qualquer aplicação. Há vários cenários de jogos ou softwares que podem não ter capacidade para aproveitar esses benefícios, bem como há casos em que a potência exagerada da CPU não pode fazer tanta diferença.

No geral, podemos dizer que ele não é um processador para os jogadores comuns ou mesmo para a maioria dos profissionais. As vantagens apresentadas nos resultados evidenciam que ele pode ser muito útil em softwares de renderização. Na prática, um Core i5 ou um Core i7 ainda pode apresentar resultados similares, mas, claro, com algum tempo adicional no tempo de processamento.

Diferente do que acontecia com o Intel Core i7-6950X, o novo Core i9-7900X não deve perder nas tarefas do tipo single thread para os processadores Intel Core i7, então já temos aqui uma vantagem nessa evolução da linha Extreme. Assim, mesmo com a redução da memória cache, o aumento substancial do clock garante boa performance em quaisquer atividades.

É claro que as principais vantagens do i9-7900X são mais significativas em tarefas que aproveitam a característica multi-thread. Assim, se você lida com edição de imagens, modelagem 3D, renderização de vídeo, pesquisas científicas e outras tarefas, esse processador pode ser uma ótima opção — até melhor do que o Intel Core i7-6950X.

Considerando tudo isso e também levando em conta o propósito deste processador, é óbvio que não podemos indicá-lo para jogos ou tarefas comuns, já que até o Ryzen 5 e chips similares podem ter resultados muito parecidos (por preços bem mais camaradas). Ele não foi projetado para substituir o Skylake, de forma que não é o mais adequado para quem vai jogar — nem mesmo para entusiastas.

Finalmente, temos a questão do preço. O Intel Core i9-7900X custa US$ 1.000 (R$ 3.195) nos Estados Unidos, o que já indica que ele realmente não é para qualquer consumidor. Aqui no Brasil, os valores ficam próximos dos R$ 5 mil, então fica evidente que não se trata de um chip acessível para jogos.

Assim, se a sua praia são jogos, há opções muito mais baratas e que vão atendê-lo muito bem. Agora, se o seu negócio é fazer benchmarks, renderizar imagens ou realizar outras tarefas que realmente usem tantos núcleos, talvez o Intel Core i9 seja uma opção. Agora, resta aguardarmos a resposta da AMD para pensar qual tem o melhor custo-benefício (assim que a AMD nos enviar um chip para testes, vamos poder ter uma conclusão melhor).

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