Por que tanta gente reclama das baterias dos notebooks?

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Imagem: Divulgação/Dell

Antigamente tidos como produtos de luxo, os notebooks se popularizaram e viraram aparelhos essenciais — seja para trabalho ou diversão — na vida das pessoas. Todavia, com o mundo de benefícios também vieram inúmeros problemas comuns em dispositivos portáteis.

Um dos inconvenientes que incomoda muita gente é a duração da bateria, que não atende às expectativas já nos primeiros usos. A satisfação decai ao longo dos anos com uma redução significativa na autonomia até chegar ao ponto em que o componente não armazena mais carga.

O pior é que, diferente do que muitas fabricantes vivem alegando, as baterias parecem não melhorar nos novos aparelhos. Nas apresentações, grandes marcas costumam alardear para incríveis tempos que ultrapassam dez horas em algumas atividades. Na prática, o consumidor nunca consegue os mesmos resultados, o que gera frustração.

Com tantas possibilidades, é normal o consumidor ficar em dúvida se o seu notebook está com problema ou se a bateria realmente não chega aos parâmetros sugeridos pela fabricante. Hoje, vamos esclarecer um pouco sobre o funcionamento desses componentes para você entender que, muitas vezes, a culpa é da própria tecnologia.

Funcionamento e problemas das baterias

As atuais baterias para notebooks são do tipo íons de lítio, o que, conforme você já deve ter ouvido falar, é a melhor solução (em termos de eficiência e preço) para aparelhos portáteis. Dentro dessas baterias, os íons de lítio se movem através de um eletrólito e trafegam de um eletrodo até o outro — daí o fluxo de energia para o aparelho funcionar apropriadamente.

Ocorre que, desde sempre, as baterias trabalham com reações químicas e, ainda que os componentes de íons de lítio supostamente não sofressem com problemas de “perda de capacidade”, a gente sabe bem que a história na prática é bem diferente. Além disso, agora há estudos que comprovam melhor essa teoria que todos já vivenciavam no dia a dia.

Conforme o estudo do Laboratório Nacional de Argonne, a verdade é que, durante os ciclos de funcionamento, alguns íons de manganês podem se soltar dos eletrodos. Esses elementos então saem do cátodo e vão parar no ânodo. Consequentemente, temos uma reação que dificulta a reação das moléculas do eletrólito e causa o aprisionamento dos íons de lítio — daí o processo de redução e, por consequência, a diminuição na capacidade da bateria.

Os tão famosos ciclos

Normalmente, quando divulgada, a informação quanto à vida útil de uma bateria para laptops é indicada em ciclos ou em anos. Os modelos mais recentes contam com componentes que podem aturar até 500 ou 600 ciclos, sendo uma evolução bem considerável das peças que vinham em aparelhos de alguns anos atrás.

Quando indicada em duração de tempo, essa especificação é determinada em valores que variam de 3 a 5 anos. Apesar de ser uma forma comum de exibir a vida útil da bateria, a informação em anos nem sempre corresponde a uma realidade de utilização. Essa expectativa é dada com base no “uso médio”, algo que é calculado com base em estatísticas de uso e cruzado com a capacidade da bateria em ciclos.

E quanto tempo dura um ciclo? Ou esse seria um dado informado em carga? O ciclo não está relacionado ao tempo de uso, tampouco à capacidade. O ciclo de uma bateria normalmente é determinado com base na utilização total da energia, ou seja, o usuário carrega a bateria até 100% e utiliza toda a carga até chegar a 0%. Isso seria um ciclo completo.

Então, considerando uma bateria que dure até 600 ciclos, podemos saber que essa peça pode ser carregada totalmente e descarregada até 600 vezes. Caso o usuário faça esse ciclo uma vez por dia, isso pode significar que ele terá a bateria funcional por apenas 600 dias, o que pode mostrar que, em alguns casos, uma bateria não dura nem 2 anos. Todavia, isso vai depender da utilização de cada pessoa.

Importante ressaltar ainda que, conforme já explicamos, a autonomia da bateria é reduzida com o passar do tempo. Então, ao chegar ao centésimo ciclo, pode ser que a bateria já não entregue a mesma autonomia do primeiro dia de uso. Considerando o fim da vida útil do componente, a capacidade tende a cair ainda mais, o que será notável nas atividades diárias.

Vida longa e próspera

E como fazer a bateria durar mais? Bom, não existe um milagre para fazer com que ela dure para sempre. Assim como qualquer componente, ela tem uma vida útil e não há como contornar os problemas gerados pelas reações químicas no interior da peça.

Todavia, você pode tomar algumas precauções para fazer a bateria durar algum tempo a mais e não ter sua capacidade reduzida de forma tão drástica. A solução mais óbvia é evitar o uso da bateria, ou seja, em locais com tomadas, você não deve pestanejar e deve sim utilizar a energia proveniente da rede elétrica — o que vai poupar um ou vários ciclos da bateria.

Além disso, há outras formas de amenizar um pouco os impactos na capacidade de bateria. Uma ideia é não fechar o ciclo completamente, ou seja, se você precisou usar o notebook na rua e só gastou 30% da bateria, vale a pena conectá-lo à tomada quando chegar à sua casa (não existe mais o problema de memória da bateria, então não é preciso descarregá-la totalmente para efetuar uma nova carga).

Por fim, vale pensar na forma como você usa o aparelho. Muitos dispositivos contam com opções de economia (inclusive o próprio Windows tem esse tipo de ferramenta), sendo que é possível reduzir o brilho da tela e manter alguns componentes em descanso para evitar o uso desnecessário de energia.

É importante notar que ainda há muita controvérsia sobre esse assunto de baterias, com vários mitos ainda da época das baterias de níquel sendo propagados por aí. No fundo, vale o bom senso tanto para melhorar a autonomia como para ampliar o tempo de vida útil. Boa sorte!

Fontes

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