Vídeo do YouTube faz polícia investigar 1,2 mil brasileiros por tráfico

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Você conhece o THC Procê? Este é o apelido de Sérgio Delvair da Costa, 52 anos, professor de TI e segurança eletrônica que alimentava um canal no YouTube respondendo questões sobre o cultivo de maconha. O canal estava ativo havia um bom tempo, cerca de dois anos, até a polícia invadir a casa de THC Procê e prendê-lo com 120 pés de cannabis, como reporta a BBC.

O YouTuber fazia um trabalho interessante ao combater o tráfico de drogas. Além disso, ele não queria que os assinantes do canal comprassem "maconha com cocô", então incentivava o plantio e fazia vídeos divulgando dicas aos espectadores. Para melhorar a qualidade do fumo, THC Procê ainda criou uma cooperativa de distribuição de sementes de cannabis.

Acontece que, além de prender Sérgio Delvair da Costa, agora a polícia está indo atrás dos seguidores do canal que participavam da rede de distribuição — e são mais de 1,2 mil pessoas.

A polícia encontrou documentos, endereços e telefones de cada um dos integrantes da rede

"A Cooperativa de Cultivadores do Brasil (CCB) repassava sementes para interessados em todo o país por meio dos Correios. Nesse esquema, cada um dos envolvidos pagava um valor mensal para receber a mercadoria em casa. Nosso objetivo agora é identificar essas pessoas e saber qual é o envolvimento de cada uma com esse tráfico", comentou o delegado Francisco Antonio da Silva, titular da 20ª DP (Gama).

Como a polícia está investigando? Ela encontrou documentos no computador de THC Procê com endereços e telefones de cada um dos integrantes da cooperativa. Contudo, Costa foi inteligente e codificou as informações: "O computador do THC tinha toda a relação de seus clientes, mas ele escreveu em códigos para dificultar a investigação", informou o delegado.

Plantação

O que pode acontecer aos investigados

De acordo com a BBC, o delegado Silva está esperando o posicionamento do Ministério Público para ver a necessidade de acionar até a Polícia Federal para ajudar na investigação em outras áreas do Brasil.

Ainda, todas as pessoas que tiverem envolvimento direto com o THC Procê poderão responder por associação ao tráfico e até tráfico de drogas. Emílio Figueiredo, advogado de Sérgio Costa, disse que a investigação contra os seguidores de THC Procê é uma perda de tempo:

"Não há prova sobre esse relacionamento que configure crime. Além disso, a polícia vai perder um tempo enorme para tentar saber se essas pessoas estão cultivando cannabis, quando o foco dela deveria ser crimes graves. É se preocupar com muito pouco", disse.

Sementes

Qual é o preço?

Sérgio Delvair da Costa afirmou que a plantação de maconha era dele — e que fuma a erva desde os 16 anos. Apesar de não cobrar, Costa pedia doações de R$ 30 para quem tivesse condições entre os receptores das sementes. Por outro lado, a polícia diz que THC Procê cobrava entre R$ 32 e R$ 75 de cada participante da rede.

Por fim, o advogado Emílio Figueiredo disse que as sementes estão num limbo jurídico e não podem ser consideradas entorpecentes pela polícia: "É um fruto que não tem característica de droga. Ela também não é matéria-prima principal do processo industrial do entorpecente e por isso não pode ser tratada dessa forma."

THC Procê

Fontes

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