A pirataria está destruindo o mercado de jogos para celulares? [opinião]

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Em pouco tempo, várias mudanças ocorreram no cenário dos jogos portáteis. O game Dead Trigger chegou ao topo das lojas de aplicativos do iOS e do Android, recebendo muitos elogios por parte da imprensa e dos consumidores. Menos de um mês depois, a desenvolvedora MadFinger tornou o jogo gratuito no Android, devido à pirataria em níveis “inacreditavelmente altos”.

Não demorou para que o mesmo título ficasse gratuito também na plataforma da Apple. A MadFinger revelou que estava decepcionada com a segurança dos dois sistemas operacionais portáteis, que permitiram o avanço tão grande da pirataria. Deixando o game gratuito, a empresa conseguiu ampliar seus ganhos com publicidade, mas isso não se compara aos valores conseguidos pelas vendas originais.

(Fonte da imagem: Divulgação/MadFinger)

Toda essa história é apenas um pedaço do iceberg. Mas será que o mercado de jogos para celulares pode estar com os dias contados por esse motivo? É o que iremos explicar neste artigo opinativo.

Por que pagar por apps e jogos?

Ainda existe uma cultura um pouco equivocada por parte de alguns usuários, que acham que os jogos de alguns poucos dólares não custam nada para serem produzidos. A verdade é que existe um trabalho bastante intenso para a produção destes jogos – o que envolve designers, programadores, roteiristas e várias outras pessoas que trabalham duro para que os resultados sejam possíveis.

O principal problema desse pensamento é que ele acaba gerando a falsa impressão de que “se eu não pagar por esse aplicativo, não vai fazer falta para os desenvolvedores”. E isso acaba gerando um prejuízo bem grande, pois as pessoas começam a compartilhar links ilegais em vez dos endereços para as páginas oficiais das lojas de aplicativos.

Fugir de pagamentos gera prejuízos consideráveis (Fonte da imagem: iStock)

Não é errado pensar que os apps portáteis conseguem ter os preços mais baixos porque são menos complexos, mas não se pode imaginar que este seja o único fator envolvido. O número de consumidores e a ausência de demanda por mídias e distribuição físicas também colaboram bastante para isso. Mas de nada adianta um público grandioso se ninguém custear os gastos de desenvolvimento.

Não são todas as empresas que fazem como a MadFinger, por isso uma grande gama de pequenas desenvolvedoras acaba sendo obrigada a fechar as portas e parar de produzir jogos. É por isso que muitos títulos são encerrados e deixam de oferecer suporte ou continuações – é claro, não estamos levando em consideração alguns jogos mal feitos que existem nas lojas de apps.

In-app Purchase: uma saída de mestre?

Se pagar por um jogo não é algo que agrada a muitos consumidores, várias desenvolvedoras passaram a seguir um modelo que está muito presente nos games sociais: o in-app purchase. Isso significa que o jogo – pelo menos uma parte dele – é baixado gratuitamente e, caso o usuário queira novas fases e novos itens, poderá pagar para isso.

(Fonte da imagem: Reprodução/Apple)

Não há muitas diferenças em relação às demonstrações de jogos de computadores e video games. Cada desenvolvedora limita a utilização de um jeito diferente, sendo que algumas permitem até mesmo que os games sejam executados até o final, mas sem algumas armas ou times, por exemplo.

Uma boa ideia? Teoricamente sim, mas a quantidade de consumidores que aceita pagar por itens in-app costuma ser menor do que os que compram os games – com a diferença de que, nesse caso, há maior chance de continuidade na relação, principalmente em jogos com itens não permanentes.

Deixar tudo gratuito seria a solução?

Já que a MadFinger decidiu parar de cobrar por seu jogo justamente para fugir da pirataria, você pode estar pensando que os jogos deveriam ser cobrados apenas no lançamento, ficando gratuitos logo em seguida. Primeiro, é preciso pensar que, se esse modelo fosse obrigatório, o número de aquisições nas primeiras semanas seria reduzido, o que eliminaria a argumentação anterior.

(Fonte da imagem: iStock)

Além disso, se todos os jogos existentes fossem gratuitos, teríamos um aumento exponencial na presença de anúncios publicitários internos nos games. E, com mais oportunidades de negócios, os anunciantes pagariam cada vez menos para deixar suas marcas expostas. Não é difícil imaginar que os desenvolvedores precisariam colocar propagandas maiores para suprir suas necessidades.

O resultado você já deve estar imaginando: games cada vez mais poluídos. Sem dúvidas, isso reduziria a beleza gráfica dos aplicativos, que poderiam estar fadados ao sucesso ainda menos duradouro do que já têm atualmente. Pensando por um lado mais “apocalíptico”, em alguns anos a indústria estaria fadada ao declínio.

Quanto tempo o mercado ainda aguenta?

O caso de pirataria relacionada ao Dead Trigger foi o primeiro a realmente chamar a atenção do público, pelo fato de que se tratava de um jogo que chegou ao top (o que gerou visibilidade) e de que sua desenvolvedora teve coragem para mostrar toda a indignação (aproveitando-se da visibilidade).

Mas é certo que outros títulos passam pelo mesmo – e com o crescimento dos smartphones, infelizmente a pirataria deve seguir os mesmos passos. É possível que, por causa de todos os motivos citados no artigo, ocorram grandes mudanças no cenário dos games portáteis em alguns anos.

Não podemos afirmar se o fato significa o fim deles – isso é realmente difícil de acontecer –, mas é certo que mudanças devem acontecer. Por isso, não se espante se em breve você começar a perceber o fim dos jogos e aplicativos por menos de cinco dólares. Eles podem estar com os dias contados. Você concorda com isso?

Fonte: Gamezebo, MadFinger, CNET, TechRadar e Wired

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