Atualização do navegador: novos recursos ou pura propaganda? [opinião]

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Cada vez que você liga o computador, alguns softwares entram em funcionamento junto com o sistema. Não é preciso mais do que alguns segundos para alguma janela pular e relatar sobre a existência de uma atualização para um ou outro programa.

Quando se trata de um aviso do antivírus ou de algum plugin, sabemos que o update traz mais segurança para o computador. Todavia, há situações em que alguns softwares são atualizados e não notamos quaisquer diferenças no funcionamento.

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Sempre a mesma cara, os mesmos recursos... (Fonte da imagem: Divulgação/Google)

Hoje, vamos falar sobre essa malandragem adotada pela Google e pela Mozilla que muitas vezes não oferece melhorias significativas. Afinal, será que essas desenvolvedoras realmente investem em novidades essenciais que justificam mudanças de versões ou estamos à mercê de uma onda de aplicativos que só querem chamar nossa atenção com números?

Atualizações verdadeiras

Ainda me lembro bem de quando o Firefox estava em suas versões iniciais. Era um navegador muito rápido, bonito e repleto de recursos interessantes. Nos anos seguintes (de 2005 a 2007), a Mozilla atualizou seu produto com updates de menor importância no decorrer dos meses e realizando uma grande modificação anual.

(Fonte da imagem: Reprodução/Mozilla)

Os updates mensais (que podiam ocorrer com menor frequência) continham melhorias para a segurança, correções de bugs e modificações em recursos — que visavam tornar o software compatível com os mais recentes padrões da web. Geralmente, essas atualizações recebiam um número como 2.0.0.20 — indicando que não se tratava de um grande update.

As remodelagens no visual e os grandes recursos (como o Personas, o modo Panorama e outros) só chegavam ao público em uma versão realmente importante. As atualizações anuais geralmente agregavam números expressivos à versão do produto. O Firefox 3.0, o 3.6 e o 4.0 foram alguns dos browsers que marcaram época com suas funções revolucionárias.

Ritmo frenético

O jogo começou a mudar em setembro de 2008. Este foi o mês em que a Google resolveu liberar seu navegador para o público. Em apenas cinco anos, a desenvolvedora lançou muitas versões e, hoje, oferece o Chrome 27. Nesse tempo, o aplicativo ganhou uma série de recursos e virou uma verdadeira central de apps interativos. Não foi à toa que ele conquistou muitos fãs.

(Fonte da imagem: Tecmundo/Baixaki)

Se por um lado essa tática deu certo para o Google Chrome, por outro ela estragou o modelo de negócios para o navegador da Mozilla. Não vem ao caso dizer que X é melhor ou pior que Y, mas o que realmente deve ficar claro aqui é que a Google soube como conquistar o público, e isso talvez não tenha nada a ver com a velocidade ou os recursos do aplicativo.

A grande verdade é que as pessoas são facilmente impressionadas por números e preferem se orientar por esse fator que muitas vezes não quer dizer absolutamente nada — ainda mais quando se trata de softwares de diferentes marcas. Basicamente, é ilógico comparar o Firefox 21 com o Google Chrome 23, mas nosso cérebro adora pensar nas grandezas.

Quando a propaganda é demais

Quase todo mês é a mesma ladainha: “Google libera o Chrome 392”, “Mozilla lança o Firefox 267”. Nós, redatores do Baixaki, acabamos testando e trazendo informações com as novidades mais importantes. Todavia, para ser sincero, faz um bom tempo que não testamos um browser que mereça elogios por grandes mudanças no visual ou nas funcionalidades.

(Fonte da imagem: Reprodução/Mozilla)

As propagandas sempre giram em torno de “mais veloz do que nunca”, “incrivelmente leve”, “compatível com 750 mil extensões” e “mais seguro do que a fortaleza do Homem de Aço”. As desenvolvedoras sabem que as pessoas buscam todos esses recursos e por isso fazem anúncios com recursos que muitas vezes não podem ser testados.

Na maioria dos navegadores que testamos, as informações prestadas pelas desenvolvedoras não são falsas. Entretanto, com uma simples correção de bug, a companhia já informa que ele já está mais veloz do que o antecessor. Na teoria, isso é a pura verdade, mas, na prática, uma diferença de milissegundos não representa nada (ainda mais com a internet do Brasil).

(Fonte da imagem: Reprodução/Mozilla)

Resultado? A Mozilla seguiu o modelo da Google e, em apenas dois anos, conseguiu pular do Firefox 4 para o 21. Isso ajudou a introduzir uma série de funcionalidades, mas também levou a desenvolvedora a tomar atitudes precipitadas. Conforme notícia do Firefox Extension Guru, o recurso “Panorama” pode ser removido muito em breve do navegador.

Impulsionando o desenvolvimento

Devo ressaltar aqui que entendo bem o posicionamento da Mozilla. Afinal, talvez, se ela não tivesse tomado alguma atitude, o Google Chrome teria abocanhado uma porção muito maior do mercado. No fundo, essa corrida incessante por melhorias acaba sendo muito positiva para os usuários — apesar de não ser necessário mudar as versões de forma tão abrupta.

Além disso, a tática agressiva da Google ajudou as desenvolvedoras a acelerarem o desenvolvimento, entregando resultados muito mais rápidos. Quem sabe, se o Firefox continuasse no ritmo de antes, não teríamos um produto tão estável e robusto ou poderíamos desfrutar de um software totalmente moldado segundo os padrões da desenvolvedora.

É importante notar que essa corrida no segmento dos navegadores não implicou uma mudança para todos os softwares. O Opera e o Internet Explorer, por exemplo, continuaram em seus ritmos, mudando suas versões apenas quando existem grandes novidades para apresentar. Apesar de odiado por muitos, o IE é o que mais apresenta mudanças com a chegada de novas versões.

Dificilmente ocorre com outros softwares

A tática para impulsionar os downloads de navegadores não é muito utilizada por outras desenvolvedoras. Ao que tudo indica, as pessoas não parecem se importar muito se o player de música está na versão X ou Y. Quando muito, os usuários apenas atualizam o iTunes por recomendação da Apple.

Vale notar que você também não vai ver essa mudança frenética de versão em compactadores de arquivos, editores de imagens e outros tipos de programas. Basicamente, podemos concluir que as atualizações de navegadores servem apenas para atrair novos usuários, pois raramente temos grandes saltos em visual ou funcionalidade. O que você acha sobre o assunto?

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