Mesmo caras, Motos Elétricas já são vantajosas no Brasil

3 min de leitura
Imagem de: Mesmo caras, Motos Elétricas já são vantajosas no Brasil
Imagem: Thomaz Japiassú/Refresh

As motocicletas elétricas ainda são um tanto mais caras que as convencionais no Brasil, mas, pouco a pouco, esses veículos vão se firmando como soluções que mesclam praticidade, sustentabilidade e até mesmo economia. O “abastecimento” é muito mais barato e já existem isenções de impostos como o IPVA em alguns estados.

No Paraná, por exemplo, um decreto estadual foi anunciado em março de 2019 pelo governador Ratinho Junior – em sua participação no Smart City Expo Curitiba – determinado que carros e motos elétricas ficassem 100% isentas de pagar IPVA no estado. Já em São Paulo, a isenção é de 50% no imposto sobre veículos automotores.

Alternativa no pós-pandemia

Em colunas anteriores aqui no TecMundo, tenho vislumbrado as possibilidades de mobilidade urbana nas cidades inteligentes (e as que desejam se tornar smart cities) que poderão emergir ou ganhar força no pós-pandemia. Recentemente, uma publicação do Estadão apresentou as vantagens para os consumidores que apostam em motocicletas elétricas como modal promissor – para além do modismo como “brinquedos de luxo”.

Nesse cenário, tanto as motos quanto as scooters elétricas aparecem como alternativas eficientes com baixo impacto ambiental, mas o preço e as formas de pagamento infelizmente ainda deixam a maioria dos brasileiros sem acesso ao modal.

O CEO da Hitech Electric – empresa que desenvolveu o primeiro carro autônomo elétrico do Brasil –, Rodrigo Contin, é um dos empresários que veem o momento atual como uma “oportunidade para a micromobilidade elétrica”, apostando que menos veículos nas ruas são “benéficos para a qualidade de vida nas cidades”. Isso sem falar do temor trazido pelo transporte coletivo com a aglomeração de passageiros.

Investimento em produção

No final de junho, a Hitech inaugurou uma plataforma de e-commerce com portfólio que inclui scooters e motos elétricas. Outro reflexo do aumento na produção de unidades elétricas no mercado de duas rodas é a expansão da Voltz Motors, que possui lojas em sete cidades do Nordeste e uma fábrica em Pernambuco, já com planos de abrir uma loja na capital paulista em agosto e de transferir sua produção para a Zona Franca de Manaus em 2021, ampliando a capacidade produtiva para 22 mil motos por ano.

A reportagem citada traz ainda o interessante número de mil unidades vendidas do modelo da Voltz EV1, em comercialização desde novembro de 2019. Os valores variam de R$ 9 mil a R$ 15 mil, incluindo as scooters.

Scooters na Europa

Quando a gente fala em scooter, se lembra na hora das ruas de Roma e de outras grandes cidades europeias. Em relação às scooters elétricas, além da capital italiana, outras cidades da Espanha, França e Portugal foram tomadas por scooters elétricas, para turistas ou pessoas viajando a negócios, que não desejam ficar paradas no trânsito, ou encarar os metrôs. A eCooltra, de Barcelona, surfa nessa onda oferecendo descontos na primeira locação, e da Ride Yego – já aluguei, é excelente e bem “descolada”…

Menos manutenção

Os baixos gastos com a manutenção das motos elétricas também são elencados como vantagens ao consumidor. “Só é preciso trocar pneus e pastilhas de freio. Não tem óleo do motor, líquido de arrefecimento nem corrente de transmissão para lubrificar”, enfatiza Contin.

A maior preocupação, no entanto, é com a vida útil da bateria de lítio portátil, tida como o coração das motos elétricas. Contin explica que as baterias de lítio dessas motos elétricas costumam durar 2 mil ciclos completos de recarga, ou seja, cerca de 120.000 km rodados. O preço de uma bateria nova gira em torno de R$ 4.500.

O mercado está se adaptando a essa nova realidade das “duas e quatro rodas elétricas”, com ajustes que já se mostram necessários, bem como o feedback dos clientes. Um desses exemplos abrange as formas de financiamento. Quem quiser trabalhar com preços e condições nada realistas para os tempos de crise econômica vai afastar uma parcela significativa do mercado que opta pelas motocicletas.

 ***

Beto Marcelino, colunista quinzenal do TecMundo, é engenheiro agrônomo, sócio-diretor e diretor de relações governamentais do iCities, empresa que organiza o Smart City Expo Curitiba, maior evento do Brasil sobre cidades inteligentes com a chancela da FIRA Barcelona.

Você sabia que o TecMundo está no Facebook, Instagram, Telegram, TikTok, Twitter e no Whatsapp? Siga-nos por lá.