Avatar 2 grátis: como um canal conseguiu driblar YouTube e Disney?

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Imagem: Disney

Após se consolidar como uma das maiores bilheterias do cinema global, Avatar 2: O Caminho da Água se tornou um grande sucesso online no Brasil, mas certamente não foi da maneira que a Disney esperava. Enquanto o longa-metragem pode ser comprado por R$ 69,90 no YouTube, um canal chamado “Film Incorp” publicou o filme inteiro, em 4K e com dublagem em português brasileiro, na plataforma de vídeos. De graça.

O conteúdo ficou disponível sem custos por cerca de três dias: da noite de sexta-feira (28) até o dia 1° de maio, o filme acumulou aproximadamente 2 milhões de visualizações na plataforma do Google, sem qualquer interferência do YouTube ou da própria Disney.

Avatar 2

Enquanto o caso levantou questionamentos, já que vazamentos são derrubados com agilidade no YouTube, a pirataria foi confirmada na segunda-feira (1º). O longa-metragem foi derrubado da plataforma de vídeos após pedido da Disney.

Avatar 2 no YouTube foi pirataria

Enquanto o conteúdo estava no ar, uma dúvida pairava na mente de alguns usuários do YouTube: o canal que fez a postagem era legítimo? Chamado de Film Incorp, o responsável pela publicação se dizia uma empresa de marketing que obteve os direitos do longa-metragem dirigido por James Cameron.

Mais do que isso, o Film Incorp fez promessas, certamente para conquistar mais seguidores. O perfil disse que também havia obtido os direitos de Gato de Botas 2 e que publicaria o longa-metragem nos próximos dias, sem custos.

Film IncorpAvatar 2 foi derrubado pela Disney na segunda-feira (1)

Como a própria reivindicação de direitos autorais da Disney prova, o canal do YouTube publicou Avatar 2 ilegalmente. Após o vídeo ser removido, o Film Incorp ainda fez uma transmissão ao vivo de futebol, também irregular, mostrando que o intuito vai além do compartilhamento de filmes grátis.

A verdade por trás do canal

Antes de publicar Avatar 2 de graça no YouTube, o canal Film Incorp não possuía esse nome, e também trazia outro tipo de conteúdo. Como é possível ver em vídeos deletados e playlists, o perfil pertencia a Nildo Lemos, que produzia vídeos de ASMR na plataforma do Google.

ASMRAntes de ser vendido e publicar Avatar 2, o canal hospedava vídeos de ASMR.

Em mensagem enviada ao TecMundo, o antigo dono do canal confirmou que o perfil foi vendido online. A transação foi realizada por meio de um marketplace online focado na comercialização de contas digitais, incluindo YouTube e TikTok. 

Apesar de o valor da transação não ter sido confirmado, o site de vendas conta com canais na casa dos 100 mil inscritos divulgados por diversos preços, indo desde R$ 1 mil até R$ 20 mil, dependendo do engajamento. A plataforma de compra e venda fica com uma porcentagem do valor após o negócio ser fechado.

canal vendidoO canal do YouTube foi vendido em um marketplace de contas online.

Enquanto o comprador do novo canal não teve sua identidade revelada após a publicação de Avatar 2, algumas pistas apontam que o responsável pelo feito possui ligações com um serviço ilegal de transmissões esportivas. O mesmo e-mail que aparecia na busca pelo Film Incorp no YouTube pode ser visto em um canal do Telegram e queixas no Reclame Aqui envolvendo o streaming pirata de partidas de futebol.

Como o canal enganou Disney e YouTube?

Assim como acontece em esquemas de criptomoedas e golpes no YouTube, a aquisição de um canal consolidado pode ter ajudado o Film Incorp a passar despercebido pelos olhos do Google. Mesmo após o vídeo ser derrubado, inclusive, o perfil continua ativo no serviço de vídeos. O TecMundo tentou contato com o proprietário da conta, mas não obteve retorno.

Em relação à demora para o filme ser retirado do ar, a culpa pode ter sido da Disney. Em comunicado enviado ao TecMundo, o YouTube Brasil disse que oferece ferramentas para que as empresas retirem conteúdos protegidos por direitos autorais, mas a responsabilidade pelas solicitações é de cada companhia.

"As diretrizes da comunidade do YouTube incluem informações importantes sobre direitos autorais. Orientamos criadores de conteúdo a enviar vídeos que eles tenham produzido ou para os quais tenham autorização de uso. Não é permitido utilizar conteúdo de propriedade de terceiros nos vídeos na plataforma. Reivindicações relacionadas a direitos autorais cabem aos proprietários do material, e o YouTube oferece várias ferramentas para ajudar os detentores desses direitos a proteger e gerenciar o próprio conteúdo na plataforma", diz o comunicado do YouTube.

 O TecMundo entrou em contato com a Disney em busca de esclarecimentos sobre o caso, mas a companhia não respondeu até o momento.

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