Por que precisamos usar óculos para ver filmes 3D no cinema?

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Imagem: Shutterstock/reprodução

Desde sua criação no final do século XIX, o cinema figura entre as maiores invenções artísticas do homem, e a cada ano mais tecnologias são lançadas para melhor a experiência do público de frente as telonas. Um desses recursos é o 3D, que utiliza óculos especiais para fazer imagens saírem da telona, visando entregar mais imersão na hora de ver filmes.

Popularizado em 2009, com o lançamento de Avatar, o cinema 3D teve seus altos e baixos na última década, mas ainda é um tipo de tecnologia fascinante quando bem utilizada. Na verdade, em Avatar: O Caminho da Água, mais da metade do público brasileiro optou pela opção 3D, o que mostra a aderência do formato para certos filmes.

Neste artigo, o Minha Série explica as razões para precisarmos usar óculos especiais para enxergar esse recurso, e como esse tipo de projeção funciona.

Como o 3D funciona?

Antes de tudo, é preciso entender como o cinema 3D trabalha para dar ao público uma noção de realidade diferente. As projeções convencionais, em 2D, conseguem apenas transmitir as dimensões de largura e altura. Já o 3D, ou seja, Três Dimensões, faz com que o espectador consiga ter uma noção de profundidade, tornando o filme exibido mais realista, como se você estivesse "dentro" daquela fantasia.

Mas além do aspecto físico, é necessário compreender o aspecto biológico da visão humana. O ser humano faz uso da visão binocular, e significa que o cérebro recebe as informações de dois olhos ao mesmo tempo. No entanto, cada olho tem funções diferentes, fazendo com que essas diferenças sejam capazes de analisar o ambiente e calcular métricas como a distância, e profundidade.

Avatar fez com que o cinema 3D tivesse um salto, mas poucas produções exploraram essa tecnologiaAvatar fez com que o cinema 3D tivesse um salto, mas poucas produções exploraram essa tecnologiaFonte:  Fox/reprodução 

Para poder enxergar, é necessário que haja uma fonte de luz no ambiente, afinal de contas, sem luz não há visão. Quando a luz solar, por exemplo, bate em uma bola parada em um campo de futebol, essa visão binocular vai não apenas enviar detalhes sobre cores, brilho e texturas, mas também sobre a profundidade. Dessa maneira, conseguimos entender que o objeto é uma bola e não apenas um círculo, caso não houvesse a dimensão de profundidade.

Assim, a tecnologia precisou imitar a visão humana para projetar imagens nos cinemas. Como nossa visão precisa de dois olhos para entender as dimensões da melhor maneira possível, a indústria resolveu utilizar dois projetores para enviar a imagem dos filmes para as telonas.

Os dois projetores são separados, funcionando como dois olhos emitindo as imagens para a tela. O grande truque é a tecnologia utilizada por esses aparelhos: a polarização. Polarizar tem múltiplos significados nas ciências da natureza, porém, nesse caso, significa direcionar os feixes de luz para um único plano. Vale salientar que algumas redes de cinema usam apenas um projetor para essa função, mas esse aparelho possui uma tecnologia própria para enviar o sinal das duas imagens de maneira separada.

Cada projetor vai emitir um filme diferente para a tela. O primeiro com imagens somente na horizontal, e o segundo com imagens na vertical, de modo que ambas fiquem sobrepostas, e criando o efeito de polarização, ou seja, um único plano. O problema é que essa reprodução final das imagens fica desfocada e difícil de acompanhar.

Como funcionam os óculos 3D?

Por isso, os famosos óculos 3D entram em ação, para permitir que o ser humano consiga enxergar esse processo melhor. Atualmente, grande parte dos cinemas usa a técnica de polarização e, por isso, precisam distribuir óculos com lentes polarizadoras ao público.

Esses óculos tem lentes mais escuras, e cada uma delas possui um filtro polarizador. De um lado, uma lente filtra as imagens de ondas na vertical, e do outro, filtra as ondas horizontais. Os olhos vão entender essa informação e mandar esses dados para o cérebro, que será capaz de unir as duas imagens sobrepostas, formando uma única imagem em três dimensões, e finalmente dando a sensação de profundidade ao espectador.

O problema da técnica de polarização é que, por conta das lentes dos óculos serem mais escuras, os filmes em 3D geralmente são mais escurecidos, e é necessário que o cinema faça algum tipo de correção para não tornar a experiência desagradável.

Esquema de polarização e imagens anáglifas são similaresEsquema de polarização e imagens anáglifas são similaresFonte:  Digital Photography Review/reprodução 

Pessoas com algum problema na visão, como má acomodação visual ou perda de vista, podem se sentir desconfortáveis durante a sessão, com fortes dores de cabeça ou outros sintomas. Isso acontece, pois, caso os olhos não funcionem como deveriam, somente um deles levará as informações das ondas polarizadas, gerando um incômodo.

Além disso, estudos apontam que óculos com qualidade de material inferior pode fazer com que hajam problemas durante as sessões, como as dores de cabeça e até enjoo.

E os óculos vermelho e azul?

z  Shutterstock/reprodução 

Durante a popularização do 3D, a marca registrada dessa tecnologia eram os famosos óculos com lente vermelha e azul. Hoje em dia, poucos cinemas adotam essa técnica, e resolveram pular direto para a polarização.

Chamado de efeito anáglifo, essa técnica consistia que as tiras de filmes só tivessem as cores vermelha e azul, ou verde. Ao usar um óculos com lentes de cada uma dessas cores, o cérebro interpretaria aquela união de imagens como um efeito de tridimensionalidade. Porém, esse recurso fazia com que houvessem muitas imperfeições na cor das imagens. Por mais que pareça algo recente, imagens anáglifas existem desde 1950.

Cinema 3D sem óculos existe?

Desde 2016, especialistas estão avançando com uma tecnologia que permite assistir a conteúdos 3D sem precisar de óculos. Um estudo publicado no MIT, por exemplo, aponta que isso é tecnicamente possível, mas ainda não se tornou viável.

Televisões 3D existem há alguns anos e, para o seu funcionamento, além das camadas de LED e iluminação, há uma parte chamada paralaxe. A solução faz com que haja um reordenamento dos pixels para cada olho humano enxergar de uma forma diferente, dando a sensação de três dimensões sem utilizar um óculos.

No entanto, os pesquisadores não conseguiram replicar isso em telas de cinema, justamente pelo tamanho gigantesco desses displays, e de como o público fica sentado nas cadeiras. Como há inúmeras fileiras de assentos no cinema, cada usuário tem uma perspectiva diferente.

Então, um novo estudo foi iniciado para inserir diversas camadas paralaxe na tela, de modo que qualquer espectador, sentado em qualquer lugar, poderia enxergar esse efeito tridimensional de maneira desejada. O problema é que muitas camadas foram usadas, e a pesquisa conseguiu criar uma tela de poucos centímetros, e não do tamanho suficiente para um cinema.

Por enquanto, não há uma forma viável de criar cinema 3D sem óculos, embora o diretor de Avatar, James Cameron, tenha insistido em 2018 que isso seria possível já no lançamento de Avatar: O Caminho da Água. Infelizmente, o filme foi exibido com óculos: o produtor da franquia, Jon Landau, defendeu que a utilização do acessório no cinema é como usar óculos na praia, e isso "transforma a experiência".

Amada por uns e odiado por outros, o cinema 3D tem seus adeptos, mas são poucos filmes que realmente tiram proveito dessa tecnologia. A duologia Avatar, e Avatar: O Caminho Água são exemplos de um bom uso desse recurso. Resta agora aguardar pelos próximos passos da solução, que ainda tem muito espaço para melhorias.

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