Becky: filme de suspense é uma versão brutal de Esqueceram de Mim

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Imagem: BoulderLight Pictures

"Havia uma pequena garota, que tinha uma pequeno cachinho, bem no meio de sua testa. Quando ela era boazinha, ela era muito boazinha. Mas quando ela era má, ela era terrível". Este pequeno poema, que surge por algumas vezes durante a narrativa, resume muito bem o que é Becky, filme norte-americano de suspense e ação lançado em junho de 2020.

Dirigido por Jonathan Milott e Cary Murnion, e roteirizado por Ruckus Skye, Lane Skye e Nick Morris, Becky não estreou com o mesmo status que, geralmente, se atribui a grandiosas produções hollywoodianas. Muito pelo contrário. O longa-metragem está muito mais para aquele tipo de projeto "lado B", que fica escondidinho sob outras obras do gênero e que, para ser encontrado, exige certo esforço e curiosidade por parte dos espectadores.

Todavia, quando Becky é, finalmente, "descoberto", entrega bastante e proporciona uma experiência e tanto para quem se aventura por sua história sangrenta, violenta e direta. O filme é estrelado por Lulu Wilson, Kevin James (sim, o mesmo ator que fez diversos filmes de comédia), Joel McHale, Robert Maillet, Amanda Brugel, Isaiah Rockcliffe, Ryan McDonald e James McDougall.

Abaixo, confira uma análise narrativa e crítica de Becky, obra que, certamente, te deixará com os nervos à flore da pele!

Lulu Wilson interpreta Becky, protagonista do filme de suspense que leva os espectadores para uma jornada sangrenta.Lulu Wilson interpreta Becky, protagonista do filme de suspense que leva os espectadores para uma jornada sangrenta.Fonte:  BoulderLight Pictures 

O que é Becky? (sem spoilers)

Becky tem uma história relativamente simples e direta: Becky (Wilson) é uma garota adolescente que, após a morte de sua mãe, passa a viver apenas com seu pai Jeff (McHale) e seus dois cachorros. A garota, devido à tragédia familiar que assolou sua família, desenvolve um comportamento mais fechado e ríspido, se abrindo muito pouco sobre seus sentimentos e, principalmente, sobre o trauma que viveu com o falecimento de sua mãe.

As coisas ficam ainda piores depois que Jeff decide levar Becky para uma casa do lago para um final de semana em família. É lá que, de surpresa, o homem conta à filha que seu novo relacionamento, com Kayla (Brugel), que tem um filhinho chamado Ty (Rockcliffe), está prestes a evoluir para um casamento. A garota, ainda marcada pela morte da mãe, recebe a notícia da pior maneira possível, se revoltando contra tudo e conta todos.

"Mas, Jean, dá para ficar pior?" Claro! Além de tudo isso, a casa em que estão todos é invadida por um grupo de presidiários nazistas, que escapou do encarceramento e busca um item que eles mesmos esconderam dentro do local há tempos. Eles fazem Jeff, Kayla e Ty de reféns e, nesse cenário caótico, cabe à Becky dar um jeito de salvar todos, mesmo apesar da crise familiar pela qual ela está passando.

Becky: análise narrativa e crítica (com spoilers)

Você se lembra do filme Esqueceram de Mim (1990), com Macaulay Culkin, no qual o protagonista mirim precisa se livrar dos ladrões que estão tentando roubar sua casa? Pois bem, Becky, em muitos aspectos, parece uma versão anabolizada e extremamente violenta da obra dirigida por John Hughes. Afinal, com sua família feita refém, sem recursos para revidar, cabe somente à Becky mostrar que, com seus semelhantes e ela, ninguém brinca. Nem mesmo bandidos nazistas.

Nesse sentido, a construção narrativa do filme é bem direta e fácil de entender. O primeiro ato é composto pela apresentação dos personagens, das relações entre eles e dos conflitos que eles terão que enfrentar ao longo da projeção. Na sequência, o segundo ato traz toda a ação e tensão prometidas no início da trama, com o embate feroz entre Becky e os criminosos, que tem seu desfecho sanguinário durante a terceira parte da produção. Um estrutura bem clara e descomplicada. E, de fato, Becky não precisava de mais do que isso fazer o que se propunha.

Ao não tentar inventar muito e focar em realizar um trabalho competente através de uma narrativa direta, Becky acerta bastante a mão ao nos direcionar para aquilo que deseja e, que no fim das contas, são os pontos altos do longa: seus elementos de suspense e de ação. Não à toa, o filme capricha bastante em seus momentos violentos, conferindo à protagonista um ar impiedoso e implacável, que nos faz questionar, constantemente, quem é pior: Becky ou os criminosos?

É interessante, dessa maneira, notar como Becky não força sua protagonista a parecer uma agente secreta altamente treinada capaz de deter quaisquer bandidos ou coisa do tipo. Isso estragaria qualquer possibilidade de verossimilhança dentro do filme. Em vez disso, a narrativa destaca como Becky é extremamente inteligente e capaz de se virar com aquilo que tem, mesmo não tendo o tamanho ou a força de seus opositores. Por isso, assim como em Esqueceram de Mim, ela não bate de frente com os vilões, mas cria planos e estratégias que a coloquem um passo à frente e que lhe deem vantagem.

Kevin James deixou as comédias de lado para dar vida a um vilão frio e sádico em Becky.Kevin James deixou as comédias de lado para dar vida a um vilão frio e sádico em Becky.Fonte:  BoulderLight Pictures 

Ela, inclusive, é poupada da morte por Apex (Maillet), que poderia facilmente ter acabado com a vida da jovem durante a única vez em que Becky se arrisca em um confronto um contra um sem qualquer tipo de planejamento. Nesse cenário, vale ressaltar também o acerto da produção ao tratar Apex como um homem arrependido e com um pingo de consciência, quebrando o estereótipo de que vilões em filmes do gênero precisam sempre ser criaturas frias, sem coração e incapazes de mudar. É ele, aliás, quem salva Becky durante o terceiro ato ao se revoltar contra seu líder, Dominick (James).

Show de atuação

Por falar no personagem Dominick, preciso citar também a ótima atuação de Kevin James, que é conhecido por seus papéis em obras cômicas, como Eu Os Declaro Marido... e Larry (2007) e Gente Grande (2010), ambos em parceria com Adam Sandler. Em Becky, ele dá vida a um homem terrível e sádico, mostrando que não é um ator de um gênero só e que, se quiser, pode transitar por outras produções também e se sair muito bem. Algo que espero, sinceramente, que ele o faça, especialmente se conseguir repetir o bom trabalho que fez em Becky.

Além de James, quem também brilhou na narrativa foi Wilson, que consegue criar uma Becky multifacetada. Horas surge contente, horas surge triste. Às vezes, aparece de forma mais leve, às vezes, de maneira fria. Ao transitar por diferentes estados, Wilson nunca nos deixa entender completamente quem Becky realmente é. Seria ela uma garota tão cruel quanto seus oponentes ou apenas alguém que está tentando se defender e salvar sua família? Ela realmente gosta da matança que promove ou tudo não passa de um ato de sobrevivência? Essas dúvidas são importantes e nos mantém entretidos durante a projeção.

Em suma, Becky não reinventa a roda ou surge como um filme singular, com ideias nunca vistas antes. Mas, novamente, defendo que a produção não precisava disso para realizar com eficácia aquilo que desejava: trazer uma história de suspense e ação violenta, com uma protagonista forte e improvável. Portanto, se você é daqueles que curtem tensão, imprevisibilidade e cenas fortes, Becky pode ser uma ótima pedida. E lembre-se: nunca subestime "pequenas garotas".

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Fontes

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