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M8 — Quando a Morte Socorre a Vida: o que os críticos estão dizendo

Filme foi exibido no Festival Internacional do Rio de Janeiro em 2019, mas somente agora chega ao catálogo da Netflix

schedule26/02/2021, às 12:30

M8 — Quando a Morte Socorre a Vida: o que os críticos estão dizendoFonte:  IMDb/Reprodução 

Imagem de M8 - Quando a Morte Socorre a Vida: o que os críticos estão dizendo no tecmundo

Depois de muita espera, o filme M8 — Quando a Morte Socorre a Vida enfim chegou ao catálogo da Netflix na última quarta-feira (24). O novo longa de Jeferson De (Bróder), protagonizado por Juan Paiva, discute racismo e o conflito social na cidade do Rio de Janeiro (RJ).

Na trama, Maurício (Paiva) acaba de ingressar na renomada Universidade Federal de Medicina e na primeira aula de Anatomia conhece M8, o cadáver que servirá de estudo para ele e os amigos. Durante o semestre, o mistério da identidade do corpo só poderá ser solucionado depois que ele enfrentar as próprias angústias.

Confira o que os críticos acharam do filme.

Novo filme de Jeferson De já está disponível na Netflix.Novo filme de Jeferson De já está disponível na Netflix.

Luiz Carlos Merten (Estadão)

Juan Paiva tem tudo para fazer uma bela carreira. Mas o filme é dominado pela presença trágica de Mariana Nunes, como sua mãe. Quando ela está em cena, não tem para ninguém. M8 é relevante por seu foco nas questões racial e social do Brasil. A cena da abordagem policial, quando Juan é derrubado, é uma síntese da brutalidade da repressão no país. O policial ainda repreende o garoto, diz que ele "está dando mole em zona de branco rico". Aquilo é um espelho no qual se reflete o Brasil.

Andreza Delgado (UOL)

Esse filme tem muito para apontar sobre violência racial, medo e superação, mas também sobre conquistas pessoais e coletivas. Maurício, o protagonista do filme, consegue transportar ao mesmo tempo uma sensibilidade gigante, junto com o medo e as suas próprias descobertas sobre aquele corpo negro que ele tanto desejar saber quem é, mas também o seu próprio corpo negro no mundo. O filme deixa um recado que extrapola o final, a tela e o enredo todo, que nos chama para realidade da violência racial vivida nesse país.

Thaís Matos (G1)

O diretor escolheu tratar a morte de uma maneira positiva, uma forma de inserir temas como fé, religião e ancestralidade. Para ele, a religiosidade e a fé em dias melhores e melhores condições de vida são duas questões muito representativas do Brasil. Por isso, define seu filme como uma história de afeto, cura e união. "Fala sobre a nossa ancestralidade. Sempre temos um passado que nos conta e ilumina o nosso caminho. Que essa ancestralidade nos una com pessoas e seja uma coisa positiva, mesmo quando há morte", diz.

José Geraldo Couto (Outras Palavras)

O que o filme nos mostra de mais doloroso é: o racismo introjetado até mesmo em muitos negros, em especial nos encarregados de garantir a segurança da redoma dos brancos. Mas, como se verá, a atitude que prevalece entre os personagens negros (e alguns brancos) é a da solidariedade ativa. E o diretor parece disposto a marcar essa posição muito concretamente: no elenco de apoio estão atores negros importantes de várias gerações, de Léa Garcia a Lázaro Ramos, passando por Zezé Motta, Ailton Graça e João Acaiabe.

Ruy Gardnier (O Globo)

A narrativa se constitui em dois eixos, um de aclimatação na escola, cheio de episódios de racismo, e outro de investigação da proveniência de M8. Os dois eixos não se integram lá muito bem, mas o ponto mais fraco do filme é a artificialidade com que a maioria das cenas transcorre. Só as cenas entre os três amigos têm timing real, o resto parece apenas pretexto para dar recado. M8 tem o mérito de trazer a pauta do genocídio negro, mas o modo como a narrativa lida com isso deixa tudo tão vago que a gente indaga se a coisa toda tem alguma eficácia, política ou dramática.

Laysa Zanetti (AdoroCinema)

M8 é um filme essencialmente carioca, com o Rio de Janeiro impresso em todos os cantos. Nas cenas em que Maurício, convidado para a festa de aniversário de um dos colegas de turma, frequenta a Zona Sul e observa a orla de Botafogo, é gritante a diferença estética e visual em todos os sentidos. Nesses momentos, quando a direção e a fotografia optam por destacar o vazio, estão dizendo ao mesmo tempo sobre a solidão de Maurício nesse lugar do qual não se sente parte e sobre a gentrificação do Rio de Janeiro. O resultado é um belíssimo filme que reforça a necessária efervescência política que retoma o seu espaço no cinema, com Jeferson De orgulhoso ao mostrar de onde veio e a que veio e, acima de tudo, que se permite pensar no momento em que vivemos com esperança e fé.

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