Especialmente entre as décadas de 1980 e 2000, o mercado nacional de eletrônicos foi povoado por uma série de fabricantes brasileiras que disputavam os mais diferentes segmentos, em especial focadas em dispositivos de menor custo.
Um desses nomes foi a Itautec, uma marca bastante popular em computadores e no meio corporativo, com uma logo bastante reconhecida com o ícone de um olho. A marca, porém, começa com projetos de automação bancária antes de ser fabricante de eletrônicos.
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Além disso, esse nome parece cada vez menos lembrado na indústria, mesmo por quem estava envolvido com o setor no período. Você sabe o que aconteceu com a Itautec ou até se ela ainda está na ativa? Descubra a seguir.
O início da Itautec
A trajetória da Itautec nasce em 1979, quando o setor de servidores do Itaú desenvolve terminais simples, que ligavam sistemas bancários e mostravam a situação de contas aos clientes — algo básico hoje, mas que era praticamente inexistente naquele momento.
Em outubro de 1980, a agência Mercúrio, no centro de São Paulo, é inaugurada com o sistema de terminal de atendimento. Mas a vida dupla como fabricante de eletrônicos começa nesse ponto.
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Em 1982, sai o primeiro microcomputador da empresa, o Itautec I-7000, que foi seguido por outros modelos. Ela foi a primeira fabricante no Brasil a vender PCs com Windows 3.1 pré-instalado e já em português, aproveitando o período da reserva do mercado da informática.
Com tecnologia da Itautec em uma agência do banco Itaú, o primeiro caixa eletrônico do país é inaugurado em Campinas no dia 14 de abril de 1983. Pelo sucesso, a Itautec passa a automatizar o serviço de outros bancos.
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Ela ainda fecha acordos com a Intel pra produzir e distribuir servidores no Brasil, e com a IBM, em uma joint-venture chamada Itec. Em 94, acontece a fusão com a Philco, adicionando um portfólio bem vasto de eletrônicos ao seu catálogo. Boa parte desses projetos foi supervisionado por Carlos Eduardo Corrêa da Fonseca, o Karman, que foi presidente desde a fundação até 1999.
A vida como fabricante de computadores
A Itautec dá uma guinada mais radical para o lado dos eletrônicos em 1995, com o nascimento da linha InfoWay de computadores. Isso faz o faturamento da companhia aumentar — o setor era responsável por 41,1% do faturamento de toda a empresa e a Itautec chegou a ter 10% do mercado brasileiros de computadores, por mais que o número tenha caído por mais tempo.
Nessa segunda fase da vida da companhia, ela vende a Philco em 2005 para a também brasileira Gradiente — um bom negócio pra Itautec, distanciando-se do investimento em telas, TVs e eletrônicos no geral, e um péssimo para a Gradiente, que já estava em crise e revendeu a marca dois anos depois.
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Ela também encerra a produção de semicondutores e, no ano seguinte, compra uma marca de distribuição de produtos corporativos chamada Tallard. Destaques da Itautec nos anos 2000 incluem:
- o PocketWay, um assistente pessoal que é o primeiro PocketPC nacional;
- o tablet TabWay com Android e voltado ao meio corporativo;
o computador InfoWay 3D aproveitando a tecnologia imersiva no entretenimento; - modelos tudo em um que incluem monitor e processadores em uma única peça, como o AT0101;
- o notebook InfoWay W7535 com chip Intel Core, considerdo um sucesso comercial;
- supercomputadores como o InfoCluster, o PAD e o Grifo04;
Para além dos eletrônicos, ela ainda lançou a Librix, uma distribuição do Linux desenvolvida pela própria Itautec e distribuída a partir de 2006, e um corretor ortográfico e gramatical para o português, depois licenciado para a Microsoft e integrado ao Word.
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A partir de 2001, a empresa também inicia a exportação de máquinas de autoatendimento bancário para Estados Unidos e Europa.
O que aconteceu com a Itautec?
A Itautec perdeu espaço ao longo da década de 2000, com a chegada de mais concorrentes estrangeiras no setor de informática e o enfraquecimento de marcas nacionais. O posicionamento no meio corporativo garantiu uma sobrevida, mas não foi o suficiente para garantir o futuro da marca.
Em 15 de maio de 2013, a Itautec deixa o mercado de computadores, incluindo desktops, laptops e servidores, mantendo apenas o suporte ao consumidor.
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Já a linha de automação e serviços de tecnologia da informação (TI) vira uma nova empresa em conjunto com a japonesa OKI, com a parceria formalizada um ano depois.
Na aquisição a Itautec mantém 30% do controle da nova companhia. E, como resultado, ela retorna para os bastidores e atuações na área técnica e de soluções, fora em definitivo do setor de eletrônicos para o consumidor.
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