Tatá Werneck, Cauã Reymond e a gestão da reputação na nova economia

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Uma celebridade de verdade carrega consigo valores como credibilidade, ousadia, irreverência, inovação, entre outros, que ela obviamente construiu por meio do seu trabalho e de sua imagem pública. As empresas sabem disso e quando precisam legitimar um determinado produto, marca ou serviço, contratam essas pessoas. Isso acontece desde que o mundo é mundo e está tudo certo, é do jogo. É um ativo dessas celebridades e elas têm o direito de ganhar dinheiro com isso.

No entanto, não é incomum que algumas dessas empresas acabem se envolvendo em alguma crise ou falcatrua e aí a celebridade que emprestou sua credibilidade para aquela marca acaba sendo cobrada e sofrendo danos, ainda mais agora na era das redes sociais. Isso também já aconteceu várias vezes, mas merece especial atenção especificamente quando falamos sobre os serviços da chamada nova economia.

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Resumidamente, é isso que está acontecendo com Tatá Werneck, Cauã Reymond e Marcelo Tas, que foram os rostos do marketing da Atlas Quantum – companhia acusada de promover golpes que causaram um prejuízo de R$ 7 bilhões para 200 mil investidores. Agora, os atores e o jornalista estão sendo investigados, com suspeitas de envolvimento em um suposto esquema.

E por que esse caso é diferente?

O mundo está passando por uma transformação tecnológica muito grande, muito profunda e em uma velocidade jamais vista. Tudo está acontecendo muito rápido. Então, as pessoas precisam confiar que comprar pela internet é seguro, precisam confiar que pagar as contas pelo aplicativo é seguro, precisam se acostumar a interagir com robôs ou tótens de pagamento ao invés de lidarem com pessoas. Nessa esteira, elas também precisam acreditar que o futuro do dinheiro é digital, e aqui entram as criptomoedas.

A nova economia é toda pautada na disrupção, isto é, um novo jeito de fazer as coisas. Disrupção é uma quebra ou descontinuação de um processo já estabelecido, é algo que interrompe, suspende ou se afasta do funcionamento normal das coisas. A criptomoeda, portanto, é disruptiva. E o mercado cripto em si é uma realidade concreta, tem muita gente séria ganhando dinheiro honestamente.

No entanto, ele é de difícil entendimento ou, no mínimo, ele não é um investimento popular. São poucas as pessoas que sabem ao certo como comprar, como vender, porque o preço sobe ou cai. Qual a alternativa? Contratar rostos populares que transferem a credibilidade e a popularidade para essa marca. Foi essa transação que envolveu Tatá, Cauã e o Taz. E se eles não conhecem o mercado cripto, é claro que assumiram um risco gigantesco.

Assumindo a posição que eles também são vítimas, isto é, que não estão envolvidos e não participavam da gestão do negócio, é possível intuir também que eles desconhecem o funcionamento do mercado cripto. Se desconhecem o mercado cripto, como emprestaram sua credibilidade para uma empresa?

Caso semelhante aconteceu com a empresa de apostas Blaze, que patrocinou gente do calibre de Felipe Neto, Neymar Jr., e está envolvida em uma série de escândalos. Esses casos trazem à tona uma discussão que precisa existir com profundidade: a relação entre imagem e reputação e os players da nova economia.

Golpes com criptomoedas.É necessário conhecer o mercado de criptomoedas antes de investir.

Em todo ramo, existem charlatões, bandidos. No entanto, quando falamos sobre algo que não entendemos, corremos o risco de facilitar a ação de pessoas e empresas mal intencionadas. Em outras palavras, se eu empresto minha imagem para uma empresa de laranjas, eu conheço o produto.

Se eu empresto minha imagem para uma empresa de cigarros, sei que isso pode causar danos à minha imagem. Mas o que acontece se eu empresto minha imagem para uma empresa de criptomoedas? Ou para algum negócio novo, que eu desconheço? Fico totalmente à mercê do contratante, é lógico.

Assim como vivemos na era da disrupção, também vivemos na era da influência pessoal. A marca de uma pessoa com milhões de likes no Instagram, Youtube ou no Tik Tok vale muito. Mas há um ônus igualmente poderoso: se esse influenciador representa alguma marca envolvida em alguma falcatrua e isso se tornar público, ele vai pagar caro. O que não faltam são cancelamentos e linchamentos públicos para comprovar o que digo. Reforço que sou absolutamente contra esses procedimentos, internet não é tribunal. Mas, que a reputação das pessoas envolvidas vai por água abaixo, isso vai.

Muita coisa pode ter acontecido nesse caso. Contratos mal elaborados e lidos com pouca atenção, equipes que deveriam cuidar desses assuntos e tomaram decisões erradas, etc. Não estou aqui para apontar o que deveria ou não ter sido feito, até porque não sei. O que é inquestionável é que a reputação desses três profissionais foi colocada em xeque por uma questão que talvez eles nem tenham envolvimento.

Vale ressaltar que tudo isso não é sobre as criptomoedas, mas sobre a inovação pode ser usada para o mal; como o pouco conhecimento público sobre ela abriu brechas para que golpes sejam aplicados.

Portanto, não acredito que Tatá, Cauã e Marcelo erraram em se associar ao ramo de cripto. Mas, talvez tenham pecado em identificar quem é sério e quem não é. E conhecer o mercado pode tornar essa tarefa mais fácil. Enfim, temos que estar abertos ao novo, mas é preciso cautela para saber em que terreno estamos pisando. Principalmente, quando toda nossa reputação está em jogo.

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